Sentir a alma de Penafiel
Já se chamou Arrifana, mas diz a lenda que por ser fiel mudou de nome e hoje é Penafiel. Fica entre as colinas, vales e rios da Região Norte de Portugal e é uma cidade antiga, de encantos mil, que nos convida a caminhar por ruas pré-romanas e a descobrir as paisagens inebriantes das margens do rio Sousa.
Fotos: Travellight
Com a cidade e o Vale do Sousa a seus pés, o Santuário da Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos (Igreja do Sameiro), chama a atenção assim que entramos em Penafiel.
Foi construído no alto do Monte de São Bartolomeu nos finais do séc. XIX e domina a paisagem, oferecendo uma vista panorâmica única a quem o visita.
A sua bela cúpula é imponente e a igreja bonita, mas o Parque Zeferino de Oliveira, popularmente conhecido por Jardim do Sameiro, é igualmente maravilhoso e bastante romântico.
Desenvolve-se ao longo de vários patamares que conduzem o visitante por um jardim cheio de bonitos cenários e coloridas paisagens, num local de grande paz e tranquilidade.
O centro histórico pode não ser enorme, mas guarda no seu interior encantadoras praças e igrejas. É um prazer percorrer as suas pitorescas travessas e ruas e sentir a alma de Penafiel: Admirar a arquitetura, as bonitas portas e janelas, observar as tão típicas varandas de ferro, ver as modernas manifestações de arte urbana e descobrir as marcas que em outubro, o fantástico festival literário “Escritaria de Penafiel”, deixa na cidade.
Das igrejas destaca-se a Igreja Matriz de São Martinho, localizada na Rua Direita e classificada como monumento nacional, mas também a Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo; a Igreja de Nossa Senhora da Conceição (mais conhecida por Igreja das Freiras); a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco (Igreja do Calvário), a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda e a Igreja da Misericórdia.
O Museu Municipal, instalado no palacete dos Pereira do Lago, na Rua do Paço, é uma paragem obrigatória para quem quer conhecer melhor Penafiel e o seu interessante passado.
O espaço museológico apresenta cinco salas temáticas dedicadas à Identidade, ao Território, à Arqueologia, aos Ofícios e à Terra e Água, e integra quatro núcleos arqueológicos: Castro do Monte Mozinho; Moinho da Ponte de Novelas; Engenho de Sebolido e a Aldeia de Quintandona.
Muitos dos artefactos descobertos no Castro de Monte Mozinho foram trazidos para o museu, incluindo um par de estátuas de guerreiros galegos.
Para quem não sabe, os “castros” são aldeias fortificadas das épocas pré-romana e romana, habitualmente localizadas no topo de colinas. Alguns foram escavados no século XX e descobriu-se lugares como a Citânia do Monte Mozinho, um dos castros mais extensos da Península Ibérica.
Com 22 hectares, este castro destaca-se pela variedade de estilos de construção que vão desde as primitivas configurações circulares, até às mais sofisticadas casas retangulares utilizadas pelos romanos. Alguns historiadores acreditam que esta foi a “Cividade Gallaeci” — a capital dos galegos, mas não há certezas.
No Centro Interpretativo de Monte Mozinho (Lugar de Vilar, Galegos) pode ser observado um conjunto de maquetes e algumas peças que complementam a visita à área arqueológica. O Museu Municipal faz também visitas guiadas para grupos, mediante marcação prévia.
Lugares como Monte Mozinho, ajudam-nos a ter uma ideia de há quantos séculos é habitada a região que agora chamamos de Penafiel, mas é incerta a verdadeira origem da povoação. Uns dizem que foi fundada pelos gregos após a guerra de Troia, outros dizem que a sua fundação se deve a Faião Soares, senhor de origem Goda e parente da família dos Sousas que no turbulento século IX, durante a expansão muçulmana, reuniu os vencidos, e com a autorização dos ocupantes árabes, fundou Arrifana de Sousa.
O facto é que, até ao reinado de D. José I, esta terra foi realmente conhecida por Arrifana de Sousa, apenas mudando a sua designação para Penafiel quando foi elevada a cidade, por carta régia, em 1770.
Mas porquê Penafiel?
Bom, diz a lenda que quando se deu a fundação da cidade, erguiam-se aqui dois castelos: um deles situava-se junto ao rio Sousa, a norte do seu leito, e chamava-se Castelo Aguiar de Sousa; O segundo, na margem sul, denominava-se Castelo da Pena. Atacado diversas vezes pelos mouros, esta última fortificação nunca se rendeu, o que lhe valeu o epíteto de “fiel” passando assim a ser conhecida por Castelo de Penafiel — daí o nome!
Fora do centro histórico, vale a pena conhecer o Mosteiro beneditino do Paço de Sousa — uma Igreja edificada no século XIII que abriga o túmulo de Egas Moniz de Ribadouro (mestre do rei D. Afonso Henriques), e a belíssima Quinta da Aveleda.
Penafiel também está no mapa turístico pelas suas adoráveis aldeias antigas que mais parecem cápsulas do tempo.
Quintandona e Cabroelo são dois excelentes exemplos, e ambas merecem uma visita.
Cabroelo situa-se na freguesia da Capela, inserindo-se no meio natural e paisagístico da Serra da Boneca e do vale do Rio Mau. É um pequeno povoado construído em granito, com belos espigueiros de madeira e moinhos.
No cimo, encontra-se a capela de S. Mateus, reconstruida em 1872, com um curioso altar de talha barroca.
A Aldeia de Quintandona, em Lagares, é igualmente charmosa com os seus edifícios de ardósia e xisto. Tem uma capela com mais de 200 anos e todos os anos, no terceiro fim-de-semana de setembro, costuma realizar-se aqui a Festa do Caldo — festa típica onde se servem caldos tradicionais da aldeia.
O Museu Municipal, com a parceria da Casaxiné — Associação para a Promoção e Desenvolvimento Cultural de Quintandona, faz visitas guiadas para grupos, mediante marcação prévia.
Foto: Câmara Municipal de Penafiel
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Travellight