Sabia que uma das mais belas aldeias da França… não fica em França?
A pequena aldeia de Hell-Bourg, eleita desde 1998, uma das “mais belas aldeias da França”, não fica em território continental, mas sim no Oceano Índico, na bonita ilha da Reunião.
Imersa na vegetação tropical e a uma altitude de 930 metros, Hell-Bourg é um tesouro precioso, escondido no Oceano Índico. É uma aldeia longe de tudo onde não há engarrafamentos, barulho ou confusão.
É Impossível não sucumbir à sua beleza intemporal assim como ao espetáculo avassalador da natureza do Cirque de Salazie —uma das grandes depressões erosivas da Ilha da Reunião — onde Hell-Bourg se aninha.
O verde exuberante destaca-se por entre cascatas, fontes cristalinas, casas de arquitetura colonial, quilómetros de trilhos pedestres, orquídeas selvagens e cinco imponentes picos a espreitar pela neblina, incluindo o famoso Piton des Neiges com 3.071 m.
Os habitantes "dos Altos", como são chamadas as micro-comunidades instaladas nos vales e nos planaltos do interior da Reunião, cultivam uma relação direta com a terra e na verdade são eles que guardam a essência da ilha, a sua alma e espírito.
Apesar de “Hell”, lembrar o inglês “inferno”, o seu nome nada tem a ver com este lugar, que na realidade parece um paraíso. Na sua origem está uma homenagem à antiga governadora da ilha — Anne Chrétien Louis de Hell.
A História
A história de Hell-Bourg tem quase duzentos anos. Começou em 1832 quando dois caçadores que perseguiam uma cabra selvagem pelos trilhos da montanha, se depararam com uma fonte termal e resolveram investir na hidroterapia.
Nasceu um balneário, depois um hotel, um casino, outras casas que compõe a bela vila crioula e rapidamente o lugar ganhou fama. Cientistas atestaram as virtudes das águas de Hell-Bourg, comparando-as até às de Vichy e ajudaram a atrair quem procurava ajuda no tratamento de dores articulares, eczemas, sistema arterial, e outros achaques.
Infelizmente, ao fim de pouco mais de um século, o caudal da água começou a secar, a estação balnear rival de Cilaos ganha relevância e as infra-estruturas termais de Hell-Bourg deterioram-se. Finalmente um ciclone em 1948 cimenta o destino da aldeia. Destrói tudo no seu caminho e quando o vento acalma, o acesso às nascentes fica totalmente bloqueado. Uma tentativa de limpar o acesso com explosivos falha e torna a situação pior, impossibilitando a remoção dos destroços.
Terminados os dias de glória com o encerramento das Termas, restou a bonita aldeia com casarios de traça colonial — “as casas da mudança de ares" como lhes chamavam os colonos do século XIX, que ainda hoje encantam os visitantes.
As Atrações
As mais belas destas moradias crioulas podem ser encontradas ao longo de um percurso bem sinalizado de Hell-Bourg: a Maison Folio, ainda habitada pela família, a dos Moranges que abriga um interessante museu de instrumentos musicais, a casa Fonlupt, a villa Lucilly e várias outras com fachadas de madeira pintadas, ora com cores vivas, ora com cores suaves. Tem janelas trabalhadas e algumas, um jardim.
No centro da aldeia, frente à Igreja e ao antigo Hotel Ville Salazie (onde hoje funciona a câmara municipal) existe uma belíssima fonte e muito perto fica um jardim com uma magnifica estátua que segura na mão direita um ramo de oliveira e no braço esquerdo um escudo. É a perfeita representação do ditado: “quem quer a paz tem de se preparar para a guerra. Feita em bronze, tem 3,20 m de altura, é obra do escultor Carlos Sarrabezolles e data de 1930. O seu nome? “A Alma da França”.
Este monumento que celebra o heroísmo dos soldados da ilha da Reunião que combateram durante a Primeira Guerra Mundial tem, também ela uma história heróica: Primeiro foi vítima do padre de Hell-Bourg que a derrubou no chão por considerar imoral os seus seios desnudados. Depois foi o ciclone de 1948 que a atirou para o fundo de um jardim. Esquecida por muitos anos, foi por fim encontrada, restaurada e agora serve como símbolo da aldeia.
Um antigo coreto, funciona como miradouro e dá uma bela perspectiva de Hell-Bourg. Já a pequena zona comercial está repleta de lojinhas com apetitosa fruta fresca e coloridas lembranças da Ilha da Reunião.
Explorando mais a aldeia entre a neblina e as antigas casas, descobrimos ainda fantásticos túneis formados por enormes bambus, que aumentam a sensação de estarmos a percorrer um lugar mágico!
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