Pompeia | A Cidade que ressurgiu das cinzas
Fotos: Travellight e H.Borges
Imaginem uma cidade enorme, vazia, com ruas despidas ladeadas por ruínas. Um céu nublado ameaçador e um ar tão quente que quase nos sufoca. Ao fundo, como uma lembrança da enorme tragédia que ali aconteceu, está o Vesúvio, o monte que ninguém sabia ser um vulcão e que no ano de 79 D.C enterrou, debaixo de 25 metros de cinza, a cidade de Pompeia.
Um arrepio atravessa-me a espinha. Afinal, é difícil esquecer que centenas e centenas de pessoas perderam ali a vida...
Estas são as minhas primeiras impressões do Parque Arqueológico de Pompeia, património mundial da UNESCO.
Antes da re-descoberta de Pompeia, o estudo do mundo Romano baseava-se maioritariamente nos textos de historiadores da antiguidade e na arquitectura bem preservada da própria Roma e algumas outras cidades.
No seu auge, Pompeia não era considerada uma cidade relevante mas é precisamente por isso que hoje é tida como algo importante. A sua súbita destruição preservou com ela, uma abundância de informações que conseguem captar a nossa imaginação e transportar-nos directamente até ao quotidiano de uma “cidade comum”, igual a centenas de outras cidades Romanas.
O seu tamanho impressiona. Quando foi destruída pelo Vesúvio, Pompeia já existia há quase 700 anos e tinha cerca de 20.000 habitantes. O seu solo vulcânico fértil, era ideal para o cultivo de vinhas e oliveiras e isso incentivou o estabelecimento de numerosas famílias que aumentaram a prosperidade da cidade.
Acredito que quem leu o livro “Pompeia” de Robert Harris, ache a visita ainda mais emocionante. Apesar de ser uma obra de ficção, o livro descreve de uma forma bastante realista a cidade e os dias que antecederam a erupção do Vesúvio apontando os pequenos indícios que poderiam ter alertado os habitantes de Pompeia (pequenos tremores de terra, enxofre na água...). A descrição da explosão e o pavor dos personagens perante o magma, as cinzas e os gases letais, também é algo que nos fica na memória e nos atormenta enquanto percorremos as ruínas e descobrimos todos os elementos que compunham a cidade: casas comuns, moradias de luxo com mosaicos e outros detalhes decorativos, praças e edifícios públicos como templos, um fórum, um anfiteatro, um bordel…
Estruturas importantes como um complexo sistema de água e um porto também estão preservados na periferia da cidade.
Bem mais sinistra é a visão dos moldes em gesso que recriam as formas corporais das pessoas que não conseguiram deixar Pompeia a tempo. Giuseppe Fiorelli, arqueólogo encarregue das escavações em 1863 descobriu que os vazios que constantemente encontrava nas cinzas, na verdade, eram os espaços deixados pelos corpos decompostos das vítimas. Foi ele quem primeiro injectou gesso nestes espaços vazios para criar os moldes e desta forma cristalizar o último momento de vida daquelas pobres almas.
Chegar a Pompeia é fácil. A partir de Sorrento no sul ou de Nápoles, no norte, basta apanhar o comboio local da linha Circumvesuviana e descer na estação Pompei Scavi - Villa Dei Misteri. As ruínas ficam bem na frente da estação.
O parque arqueológico está aberto todos os dias das 9h às 19h30 durante o Verão e até às 17h durante o Inverno. Como há tanta coisa para ver, o ideal é chegar bem cedo, principalmente no Verão porque as temperaturas sobem imenso e quase não há sombras que nos protejam do sol. Calçado confortável também é essencial.
Sem um guia é fácil perder o rumo em Pompeia, mas o mapa que é entregue juntamente com o bilhete de admissão, ajuda bastante. Quem preferir pode contratar um guia à chegada.
Para mais informações consultem o site oficial do Parco Archeologico Di Pompei.
... Mother Nature is punishing us, ..., for our greed and selfishness. We torture her at all hours by iron and wood, fire and stone. We dig her up and dump her in the sea. We sink mine shafts into her and drag out her entrails - and all for a jewel to wear on a pretty finer. Who can blame her if she occasionally quivers with anger?
― Robert Harris, Pompeii
Tchau!
Travellight