Pequena reflexão sobre a importância da arte urbana num passeio pela Covilhã
Quem segue o meu blog ou página de Instagram, já deve ter reparado que gosto imenso de arte urbana. São obras que podemos apreciar fora dos lugares habitualmente destinados a exposições e apresentações artísticas, como galerias ou museus. Estão um pouco por todo o lado, completamente disponíveis para quem as quiser olhar.
Eu valorizo muito essa "democratização" da arte e uma visita recente à Covilhã, conduziu-me a uma reflexão um pouco mais demorada, sobre a importância que este tipo de trabalho pode ter na dinamização de áreas esquecidas, abandonadas e degradadas de uma cidade.
Fotos: Travellight e H.Borges
A Covilhã possui um conjunto admirável de intervenções espalhadas, maioritariamente, pela zona histórica da cidade.
A Rota de Arte Urbana é um verdadeiro “museu” ao ar livre onde se presta uma homenagem ao passado glorioso da Covilhã enquanto um dos mais importantes centros de produção de lanifícios do País.
Muitos não sabem, mas a arte urbana existe desde a antiguidade clássica. Os povos gregos e romanos já transmitiam mensagens pelas ruas da cidade através de desenhos. Aliás graffiti é uma palavra que deriva do italiano “graffito” ou “graffiato” que significa "rabisco", e já naquela época possuía uma caráter transgressor. Podia representar um protesto, uma declaração, uma denúncia ou uma piada.
O graffiti moderno, tido como arte urbana, feito com tinta spray, como o conhecemos hoje, é um movimento de arte moderna que surgiu, em grandes cidades como Nova Iorque, durante a década de 60 e ganhou força no inicio dos anos 70. Funcionava como expressão do indivíduo e como uma forma deste se revoltar contra uma existência que ele sentia ser marcada pela opressão.
Os temas usados atualmente pelos artistas de rua são bastante diversos, mas tal como no passado, muitos trabalhos pautam-se pelas críticas sociais, políticas e económicas.
Em algumas cidades, murais são projetados e implementados por artistas com uma conexão pessoal ao bairro em que estão instalados. E são, na maioria dos casos, realizados com a permissão dos proprietários dos edifícios.
É uma maneira fácil e económica de manter as paredes livres de vandalismo e criar uma atração visual — de repente lugares que antes se encontravam sujos e degradados, ganham nova vida e transformam-se em polos de atração turística.
A arte urbana torna as ruas mais interessantes e acrescenta personalidade àquilo que, de outro modo, seria apenas aborrecido.
Embeleza o espaço. Acorda as pessoas, alerta-as para problemas da sociedade atual e pode até motiva-las a mudar comportamentos.
Exemplo disso são as obras de Bordalo II que se intitula de “artivista”, e nos últimos anos tem atraído a atenção nacional e internacional com a sua arte feita a partir de lixo.
Bordalo II reutiliza o lixo para dar forma a belas criações e deste modo transmitir ao mundo a mensagem da necessidade de mudança de hábitos e da importância da sustentabilidade.
Se estiverem interessados em saber mais sobre a rota de arte urbana da Covilhã, podem consultar aqui o seu itinerário.
Tchau!
Travellight