MEMÓRIAS DE HAVANA
Olá amigos viajantes,
Por causa da morte de Fidel Castro passamos a última semana e meia a ler, ver e a ouvir falar de Cuba.
Tudo isso deu-me uma saudade de Havana e dos passeios que dei por lá…Das cores, das pessoas, dos carros antigos, da música…
Cuba evoca sempre em mim um sentimento de nostalgia. Em certa medida é um país nostálgico, parado no tempo.
Andar pelas vielas da Velha Havana, ver edifícios a cair aos bocados alguns quase em ruínas, outros cuja decadência é disfarçada por cores garridas e sorrisos abertos nas janelas, dá-nos uma sensação de caminhar dentro de um filme.
Eu tenho a capacidade de, quando estou sozinha, abstrair-me do resto do mundo e observar as coisas como quem observa de fora, como se fosse invisível. Como se não conseguisse interagir com os outros.
Andar e fotografar as ruas de Havana, fez-me sentir assim… surda aos apelos de vendedores e improvisados guias turísticos. Observando a vida a passar como quem assiste à sessão da tarde no sofá de casa...
Poucas vezes eu baixo a guarda ou deixo de estar alerta num país estrangeiro, principalmente se estiver sozinha, mas aqui não sei porquê, deixei-me perder e “desaparecer”
Enquanto vagueava pelas ruas estreitas e fotografava os murais pintados pelas ruas eu era constantemente recordada do passado/presente revolucionário da Ilha.
Um sentimento desconcertante de alegria e tristeza, de peso e leveza, de felicidade e amargura começou a surgir dentro de mim.
Penso que essa é a leitura que faço de Cuba.
A de um país entre o idealismo e o desalento. Cheio de contradições. Com muitas coisas boas e ao mesmo tempo muitas coisas más.
Uma utopia que falhou porque todas as utopias falham. Um sonho que se tornou imperfeito porque o ser humano é imperfeito.
Imperfeito como Ernest Hemingway, esse génio literário, que tantos anos viveu em Cuba e que ainda hoje é homenageado nos bares que frequentava: O Floridita e o Bodega del Medio.
Hemingway criou tantas obras clássicas e memoráveis e ao mesmo tempo ficou conhecido por ser um alcoólico agressivo e depressivo com tendências para o suicídio, que acabou por consumar.
Penso que a sua personalidade assentava perfeitamente na natureza Dr. Jekyll and Mr. Hyde de Cuba.
Não sei o que o futuro reserva a esta Nação. Melhor ou pior, por certo será algo diferente.
Até lá eu fico com as minhas memórias...
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Travellight