ESCHER | EXPOSIÇÃO NO MUSEU DE ARTE POPULAR
Domingo passado aproveitei para visitar a exposição “Escher” que está patente no Museu de Arte Popular em Lisboa.
Eu sou fã incondicional de M.C. Escher desde a primeira vez que vi a reprodução de uma obra sua ,“Laço de União”, na capa de um livro. Visitar esta exposição estava por isso no meu topo de prioridades de coisas a fazer neste inicio de ano.
A mostra reúne cerca de 200 trabalhos deste incrível artista Holandês e está organizada por sete salas principais que parecem seguir uma ordem cronológica e os temas mais retratados pelo autor.
É uma exposição “viva” que se torna (ainda mais) interessante porque apela à interacção constante do visitante com o trabalho do artista.
Ao lado das obras surgem jogos interactivos que podemos experimentar para compreender melhor o trabalho de Escher e há pequenas salas e espaços que convidam o visitante a tirar “selfies” que o colocam dentro de cenários inspirados por desenhos do artista. Se forem ao meu Instagram e clicarem no destaque do InstaStories com o nome “Escher Lisboa” vão perceber do que estou a falar.
Ao longo da exposição compreendemos os princípios pelos quais se regia a sua arte: O principio da Boa Forma, o Principio do Cheio e do Vazio, o Principio da Continuidade…
A obra de Escher foi reproduzida tantas vezes na cultura popular que é natural que muitas das suas litografias e xilografias nos pareçam familiares.
A “Relatividade” - um espaço que nunca poderia existir na realidade, dominado por escadas que brotam de forma surreal em todas as direcções e são percorridas por figuras inexpressivas - apareceu inúmeras vezes em cartazes, canecas, t-shirts, cadernos, etc, etc.
Apesar de ter nascido no século XIX, a influência deste artista encontra-se bem presente até aos dias de hoje. Filmes como Labyrinth (1986) ou Inception (2010) retratam as suas famosas escadas. Nos livros (e filmes) do Harry Potter encontramos a mesma coisa;
Capas de álbuns de bandas como os Pink Floyd, os Moody Blues, os Bauhaus ou mesmo os The Strokes com Angles, foram inspirados ou reproduziam integralmente o seu trabalho.
Conta-se que só Mick Jagger não teve sorte quando pediu autorização para usar um desenho do Holandês num dos discos dos Rolling Stones. Aparentemente Escher, que não conhecia Jagger de lado nenhum e não apreciava a música da sua banda, não terá gostado da maneira informal e intima com que o cantor se dirigiu a ele e secamente terá recusado o pedido.
A exposição mostra-nos que até anúncios do IKEA foram inspirados na obra do Holandês.
Mas Escher é mais, muito mais do que isto.
Nascido na pequena cidade de Leeuwarden, no norte dos Países Baixos, Maurits Cornelis Escher, inscreveu-se em 1919 na Escola de Arquitectura e Artes Decorativas de Haarlem. O seu pai esperava que ele se transformasse num arquitecto, mas, influenciado pelo seu professor de artes gráficas - um judeu de origem Portuguesa, que descobriu o seu talento como desenhador - Escher decidiu prosseguir a carreira de artista.
As viagens foram muito importantes no seu desenvolvimento artístico. Em 1922, Escher deixou a escola e começou a viajar extensivamente por toda a Europa, fazendo esboços dos seus vários ambientes para posteriormente usar como material para gravuras.
Visitas ao palácio mourisco da Alhambra em Granada, por exemplo, ensinaram-lhe a trabalhar com padrões. Usando esse ponto de partida como inspiração ele criou depois redes geométricas com os seus próprios personagens, como pássaros, leões e peixes.
A paixão de Escher pelas paisagens Italianas, onde viveu durante 11 anos, também é muito clara na sua obra.
Ele gostava de brincar com a arquitectura nos seus desenhos, trabalhando com perspectivas difíceis, infinitos visuais e "espaços impossíveis”.
Escher transformava o mundo em algo complexo, cheio de pequenos pormenores, padrões, linhas e percursos mas ao mesmo tempo era capaz de criar imagens fortes, belas, com um apelo quase universal explorando ideias tão abstractas quanto a eternidade ou o infinito em impressões aparentemente realistas e incrivelmente bem feitas.
As paisagens em plano geral, as flores, os ambientes naturais, a fauna a flora de um local, foram as primeiras coisas que influenciaram Escher que mais tarde transformou-as em algo geométrico, abstracto e preciso.
Uma imagem nunca é só uma imagem e é isso que adoro em Escher. Tal como na vida há sempre algo novo para descobrir. Podemos ver o dia ou ver a noite, ver morcegos ou ver anjos tudo depende do nosso ponto de vista, da nossa perspectiva...
Definitivamente esta é uma exposição a não perder!
“Escher” está patente até dia 27 de Maio, todos os dias das 10h00 às 20h00 horas. O preço normal do bilhete é de 11,00 euros, crianças pagam 9,00 euros e estudantes universitários 8,00 euros (apenas à Segunda-feira).
Para mais informações consultem escherlisboa.com
Tchau!
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