ERA UMA VEZ EM FLORENÇA...
Olá amigos viajantes,
Hoje trago-vos algo um pouco diferente 😉
Há uns tempos o João Freitas Farinha publicou um post com 3 fotos que tirou em Florença e desafiou os seus leitores a escreverem um conto inspirado nos animais que apareciam nas suas fotografias.
Eu respondi ao desafio e agora resolvi partilhar convosco o resultado, mas desta vez ilustrado por desenhos.
Se quiserem (re)ver as fotos maravilhosas do João e conhecer os animais reais que inspiraram esta pequena história vejam aqui
Era uma vez em Florença...
Zitto, o gato, olhava pachorrento para a bela Florença enquanto o sol se punha e mergulhava a cidade na penumbra. O dia tinha sido longo, como eram todos os seus dias.
Não era fácil a vida de um gato de rua, mas ele não se queixava...
A comida nem sempre era certa mas os turistas que enchiam Florença ajudavam muito. Era só aproximar-se de uma das esplanadas à hora das refeições, fazer aquele olhar doce - que ele tinha bem treinado - dar uma pequena turrinha na perna de uma turista desavisada e pronto! Começavam os ahhhh e os ohhhh, e a a comida a cair à sua volta 😺.
Zitto gostava de viver na cidade. Tinha aqui os seus amigos, o mais improvável dos quais era o cavalo Victorio.
Tinham-se conhecido era Zitto ainda um gatinho.
Na verdade Victorio salvara a sua vida…
Ele e os seus irmãos tinham sido retirados à sua mãe, por uma alma cruel, e deixados fechados dentro de um saco para morrer.
Victorio, o cavalo que, todos os dias orgulhosamente percorria a cidade com uma bonita carruagem, ouviu numa das paragens que fazia para descansar, o fraco miado dos pequenos.
Curioso aproximou-se e tentou perceber de onde vinha o som. Logo descobriu o saco escondido a um canto escuro de um beco sujo.
Agarrou nele e entregou-o a Benito, o condutor da carruagem, relinchando e batendo com as patas no chão para explicar a urgência da situação.
Benito era um bom homem e um grande amigo dos animais a quem tratava com respeito. Rapidamente abriu o saco e deparou-se com o horror de 4 gatinhos mortos...
Da ninhada só um tinha sobrevivido - Zitto.
A filha de Benito cuidou bem do gatinho e ele recuperou. Passado um tempo já corria e brincava com tudo o que mexia, principalmente com Victorio, que o apadrinhou e o deixava trepar pelas suas pernas para ele poder dormir em cima do seu dorso.
Tinha Zitto um ano quando Benito morreu e a sua filha teve de vender Victorio e imigrar. O gato foi parar à rua mas a amizade com o cavalo manteve-se forte e todos os dias encontravam-se para trocar histórias.
Enquanto Victorio comia e posava para as fotos dos turistas, como aquele Português simpático, chamado João, que tentava apanhar o seu melhor ângulo, Zitto contava-lhe como tinha arreliado Rocco, um cão desconfiado e psicótico que pertencia a uma Inglesa recém chegada a Florença.
O pobre cão ainda não se tinha adaptado à vida em Itália e achava os locais demasiado intrusivos, sempre a tentar fazer-lhe festas e a falar muito alto. Era um inferno, não havia respeito! E depois, como se tudo isso não bastasse, ainda tinha Zitto a atazanar-lhe a vida.
Todos os dias, depois da sesta da manhã, o gato ficava à espera da hora em que a Inglesa ia tomar o pequeno almoço no café em frente a sua casa para irritar Rocco que tinha de ficar à porta do estabelecimento. Era a sua diversão preferida! Era hilário ver como o cachorro perdia a cabeça e chamava pela dona 😸.
Victorio repreendia-o mas no fundo sabia que ele não fazia por mal, apenas queria brincar um pouco com aquele cão mimado. Algo no fundo do seu coração dizia-lhe que com o tempo, Rocco e Zitto se tornariam bons amigos 🐶💕😺
… E era assim que passavam os seus dias em Florença, um gato pachorrento, um cão desconfiado e um cavalo que gostava de posar para fotos.