COREIA | UM VISLUMBRE DO PASSADO
Quando visitamos a Coreia do Sul deparamos-nos com um país moderno, vibrante que nos surpreende com os seus edifícios altos, lojas tecnológicas e movimentados mercados nocturnos.
Mas a nação que nos deu as televisões LG e os telefones Samsung tem também um lugar chamado Gyeongbokgung, onde podemos recuar no tempo e imaginar outra época. Uma época de imperadores e suas cortes e onde a Coreia não era do Norte nem do Sul mas antes um único e grande país.
Fotos: Travellight e H. Borges
Construído originalmente em 1395, Gyeongbokgung, é um palácio real localizado em Jongno-gu, a norte de Seul.
Era o principal e maior palácio de entre os "Cinco Grandes Palácios" construídos pela Dinastia Joseon e o seu nome significa "Palácio" [Gung] "Grandemente Abençoado pelo Céu" [Gyeongbok].
No início do século XX, durante a ocupação Japonesa, grande parte do complexo real foi destruído. Afortunadamente um belíssimo trabalho de restauração - que dura até hoje - conseguiu devolver a forma e a gloria original deste símbolo da soberania Coreana.
Dentro das muralhas do palácio encontramos, entre outras coisas, belos jardins, um templo, a biblioteca privada do rei, a recriação de uma antiga aldeia Coreana e o museu nacional do folclore.
Chegar aqui é fácil, basta apanhar o metro e sair na paragem Gyeongbokgung, saída 5.
O bilhete é bastante barato (custa cerca de 3,00€ )
Uma curiosidade sobre este local é que grande parte dos Coreanos quando visitam o palácio optam por vestir o Hanbok - traje tradicional do país- porque se o usarem a entrada é gratuita.
Os turistas também podem alugar estes trajes e entrar de graça. Existem muitas lojas nas imediações do Palácio que alugam hanboks à hora.
A sua presença ajuda a criar a ilusão de que viajamos até outro tempo e proporciona fotografias ainda mais interessantes do local.
Enquanto eu vagueava por lá e fotografava os jovens a divertirem-se “brincando de príncipes e princesas”, sem qualquer sombra de preocupação no rosto, tirando selfies e fazendo poses imperiais, não pude deixar de pensar na conversa que tinha tido ao jantar na noite anterior com dois jovens Sul-Coreanos.
Eles pertencem a uma geração que cresceu numa Coreia diferente. Os seus pais cresceram num país empobrecido, destruído pela guerra, que dependia dos EUA para tudo. Já a geração mais nova cresceu num país que atingiu o status de nação desenvolvida, que tem uma economia forte e uma democracia jovem. Eles pouco ou nada sabem (ou querem saber) sobre a Coreia do Norte. Até certo ponto eles cresceram inconscientes, mesmo que a ameaça esteja sempre lá…
A lei de segurança nacional imposta pelas autoridades Sul-Coreanas impede o acesso a informações sobre a Coreia do Norte, e isso, como não podia deixar de ser, limita a consciência e a compreensão dos factos.
De qualquer modo percebi que há um sentimento de que nada do que se passa é novidade. A península está em estado de guerra há anos. O Norte ameaça, ameaça e depois (graças a Deus) não acontece nada.
Eles até se riram e disseram-me que as ameaças acontecem todas as Primaveras. O Norte para eles é algo previsível.
A mim no entanto esta história faz-me lembrar a de Pedro e o Lobo… tanto ele grita e grita que um dia quando for verdade ninguém acredita.
Mas desta vez, disseram-me, há um elemento novo que está a fazer aumentar o receio - Donald Trump. O Presidente Americano é, neste momento, o factor imprevisível dentro da equação que eles consideram “previsível” .
Os Sul-Coreanos no geral não me pareceram muito preocupados com o programa nuclear da Coreia do Norte. Segundo eles o programa destina-se a atingir os EUA e não necessariamente a ameaçar a Coreia do Sul - embora obviamente saibam, que se algo correr mal, a Coreia do Sul pela sua relação com os Americanos sofreria os efeitos colaterais.
Mas por enquanto eles continuam felizes e despreocupados a tirar selfies no Palácio Gyeongbokgung e eu espero, de coração, que assim continuem 😊
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Tchau!
Travellight