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The Travellight World

Inspiração, informação e Dicas de Viagem

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Seg | 31.01.22

A Pateira de Fermentelos

A Pateira de Fermentelos, também conhecida pelo bonito nome de a “Lagoa Adormecida”, tem cerca de 529 hectares de superfície e é por isso considerada a maior lagoa natural da Península Ibérica. Fica no concelho de Águeda e é alimentada pelo pequeno caudal do rio Cértima. Em tempos idos, foi reserva natural privativa do Rei D. Manuel I, e tinha a designação “Pateira” devido à grande quantidade de patos nela existente.

fullsizeoutput_6359Fotos: Travellight e H.Borges

É um bom lugar para passear, relaxar e pensar um pouco sobre a vida. O silêncio, principalmente no início da manhã, ajuda a sossegar o coração, mais habituado aos sobressaltos do dia a dia, e a encher de ar puro os pulmões, que estão sempre à procura do necessário oxigénio.

Choupos e salgueiros-chorão preenchem as margens, derramando as suas folhas sobre a lagoa. Certos locais estão ocupados por milhares de jacintos-de-água.

Tenho vontade de pintar aquela paisagem e guardar o momento para sempre, mas os óleos e os pincéis ficaram em casa, e também já faz tanto tempo que não pinto que se calhar já nem o sei fazer…

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A Lagoa da Pateira ter-se-à começado a formar em finais do século XV, provavelmente ainda na Idade Média, devido às sucessivas inundações dos rios Certoma e Águeda, e alagamento dos campos ribeirinhos porque historicamente, a Pateira era um antigo braço marinho onde desaguavam, independentemente uns dos outros, os rios Cértima, Águeda e Vouga, antes da constituição da Ria de Aveiro. O seu contorno atual nem sempre é claro, variando ao longo do ano e com o nível das águas.

A área da Pateira é rica em fauna e flora e a sua Zona Húmida está classificada como de interesse internacional e foi incluída na Rede Natura 2000, que protege os mais importantes ecossistemas europeus.

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Alberga várias espécies de aves como os maçaricos, o milhafre-preto e outros protegidos a nível nacional e internacional, o que é maravilhoso para quem gosta de observação de aves e de fotografar a natureza. Existem também várias espécies de fauna associada a este sistema ecológico de habitats. Entre eles estão a lontra, a toupeira de água e a rã ibérica e peixes como o sável e savelha, que trazem a estas margens muitos praticantes de pesca desportiva.

Em Fermentelos, localiza-se também uma das estalagens mais icónicas do país, que perdura naquele local desde a década de 1970, e um monumento dedicado ao emigrante — Fermentelos há muito é terra de quem procura uma vida melhor além-fronteiras.

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Se contornarmos a lagoa, percebemos que em Fermentelos, Espinhel, Óis da Ribeira, Requeixo e até no Carregal  a "pateira" é sempre a mesma, mas as histórias e os acessos não. Em Espinhel, por exemplo, onde no passado chamavam a Pateira de “Ribeiro”,  dois grandes passadiços permitem aos visitantes caminhar até, literalmente, o meio da água, criando o cenário perfeito para um fim de tarde romântico.

Nos últimos anos a Lagoa foi objeto de diversas ações de conservação e proteção da natureza, incluindo remoção de plantas invasoras, para a Requalificação Ambiental e Paisagística e foram criados percursos para passeios a pé, a cavalo ou de bicicleta. Instalou-se um parque de merendas e vários locais para observação de aves e de plantas, e ainda para a prática de pesca e de canoagem. 

Se procuram um lugar sossegado, no meio da natureza, para passear, pescar, pensar, meditar ou ler, considerem vir até à Pateira. Vale a pena 😃.

 

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Tchau!

Travellight

 

Sex | 28.01.22

Lisotel Hotel & Spa

O Lisotel - Hotel & Spa, é o primeiro hotel temático do concelho de Leiria. Fica localizado a 7 km do centro e bem pertinho de uma localidade chamada Amor, onde reza a lenda, o rei D. Dinis se enamorou de uma linda camponesa.

É justo dizer que neste hotel “o amor está no ar” já que a unidade hoteleira pretende ser uma homenagem às principais histórias de amor da região, proporcionando aos seus hóspedes o equilíbrio, o conforto e a tranquilidade que os campos do Lis têm para oferecer.

quarto-crime-do-padre-amaro-lisotel-1-1200x800Foto: Lisotel

Chegar ao hotel foi muito fácil. O Lisotel está apenas a 100 metros do acesso à Autoestrada A17.

O check-in foi rápido, respeitou todas as regras que atualmente se impõe, e a funcionária que me atendeu foi muito prestável e extraordinariamente simpática.

O quarto onde me hospedei era espaçoso e confortável, mas simples e sem grandes elementos de design. No entanto, segundo descobri mais tarde, os quartos com banheira de hidromassagem tem uma decoração bem mais romântica 😍.

A janela tinha vista para a piscina exterior e para o campo, e a casa de banho tinha um bom duche. As áreas públicas do Lisotel eram agradáveis e convidavam ao descanso e ao convívio. 

Fotos: Travellightfullsizeoutput_6335fullsizeoutput_633afullsizeoutput_6339fullsizeoutput_633dfullsizeoutput_6338

Não tive oportunidade de experimentar o Restaurante D. Dinis, porque estava encerrado quando lá estive, mas gostei do pequeno almoço. Era servido em buffet e tinha todos os básicos de um bom buffet de hotel: Fruta fresca, várias qualidades de pão, croissants, queijos, doces, ovos, sumos, etc, etc..

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A piscina exterior deve fazer as delicias dos hóspedes no verão, mas quando o tempo está mais frio todos os caminhos vão dar ao SPA Real que tem um maravilhoso circuito de águas quentes, jacuzzi, banho turco, duche sensorial e sauna e oferece um extenso menu de tratamentos e massagens. Usar o circuito de águas e os outros equipamentos disponiveis no SPA implica o pagamento de uma taxa de 10 €/ p pessoa e a utilização de touca dentro da piscina e chinelos é obrigatória, por isso se não quiserem ter de comprar no hotel, não se esqueçam de levar estes itens de casa. 

A água do circuito é tratada apenas com sal, uma forma mais ecológica e benéfica para a saúde humana, evitando as desvantagens associadas à utilização do cloro. O seu aquecimento é feito através da geotermia (utilização do calor da terra), com captação de águas altamente mineralizadas a 150 metros. A maioria das salas do SPA também são aquecidas por geotermia, através de piso radiante, ideal para pessoas que sofrem de alergias e problemas respiratórios.

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Com uma boa relação preço/qualidade (quartos desde 61 euros por noite) o Lisotel é o um bom local de hospedagem para quem pretender visitar Leiria (espreitem aqui o roteiro de 2 dias), e pode ser uma boa ideia para  o Dia dos Namorados, já que o hotel criou pacotes especiais para comemorar esta data. 

 

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Travellight

Qui | 27.01.22

Brisas do Lis | Os docinhos de Leiria

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A origem da receita das Brisas do Lis não é completamente clara. Uns dizem que a iguaria nasceu das mãos das monjas do Convento de Santana, outros que se deve a Georgina Santos, uma senhora que pertencia a uma conhecida família da cidade de Leiria e que em Angola, país onde viveu, conheceu e tornou-se amiga de Maria do Céu Lopes, com quem começou a trocar receitas.

Mais tarde, nas primeiras décadas do século XX, de regresso a Portugal, mais concretamente a Leiria, a amizade das duas senhoras converteu-se em sociedade e deu origem ao carismático Café Colonial, que ainda hoje é recordado como um dos mais emblemáticos da cidade do Lis. 

Foi nesse café que se iniciou o fabrico do doce, então chamado de Beijinhos do Lis. Rapidamente este nome deu origem a trocadilhos malandros, por parte de clientes mais brincalhões, o que levou à sua alteração para o atual Brisas do Lis. 

As Brisas do Lis ganharam tal fama, que não tardou para que outras pastelarias da cidade começassem a reproduzi-las, e as receitas multiplicaram-se, tendo como base as gemas, o açúcar e a amêndoa. 

No entanto a receita original, do início do séc. XX, continua bem guardada no segredo dos deuses. Esta receita que aqui partilho é apenas uma das possibilidades de as confecionar. 

 

INGREDIENTES

10 gemas de ovo

250 gr de açúcar

100 gr de amêndoa

Água

Margarina (para untar as formas)

Açúcar (para polvilhar)

 

PREPARAÇÃO

Levar o açúcar ao lume com água até ficar em ponto de calda. À parte, triturar as amêndoas q.b., sem que fiquem em pó. 

Juntar as gemas com a amêndoa e misturar a calda, aos poucos, mexendo sempre.

Untar 10 formas individuais com margarina e polvilhá-las com açúcar. 

Encher as formas com o preparado e colocá-las num tabuleiro com água. Levar ao forno, em banho maria.

Quando estiverem prontas, retirar do forno, desenformar as Brisas do Lis e colocar em formas de papel frisado branco.

 

Receita retirada do site www.brisasdoliz

 

Qua | 26.01.22

Roteiro de 2 dias em Leiria

Assente nas margens do rio Lis e rodeada pela sombra daquilo que um dia foi o grande Pinhal Real, a cidade de Leiria estende-se como um poema pelas colinas que envolvem o seu grande castelo e o bonito centro histórico.

Já foi a cidade romana de Collipo e terra de mouros, mas acabou conquistada no século XII por  D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal. Anos depois D. Dinis e a sua esposa, uma princesa aragonesa que viria a ser Santa, usaram  o seu castelo como fortaleza e palácio de verão, contribuindo para as lendas e estórias que ainda hoje perduram no imaginário popular.

Venham descobrir a cidade neste roteiro de 2 dias

fullsizeoutput_6305Fotos: Travellight

DIA 1

Centro Histórico e Castelo

Dediquem o primeiro dia a descobrir o centro histórico de Leiria e o seu Castelo.

Comecem no Jardim Luís de Camões, atravessem o Largo 5 de Outubro e entrem na Praça Rodrigues Lobo — a sala de visitas da cidade.

Sentem-se numa das esplanadas da Praça e provem uma Brisa de Lis, doce típico de Leiria. Apreciem a vista para o Castelo e reparem nos edifícios antigos que embelezam a praça. Funcionaram aqui, até 1910,  os Paços do Concelho: a Câmara Municipal, o Pelourinho, a Cadeia e o Tribunal. A antiga sede do Ateneu Desportivo de Leiria também se encontra nesta praça e é uma referência porque abrigou, no século XIX, a Assembleia Leiriense a que Eça de Queirós pertenceu, e onde ia ler os jornais. No seu romance “O Crime do Padre Amaro”, este local, que servia de ponto de encontro para os notáveis da cidade, é mencionado várias vezes.

Ao deixarem a praça que hoje tem o nome do grande poeta leiriense do século XVI, Francisco Rodrigues Lobo, prestem-lhe homenagem, reparando na sua imponente estátua que olha na direcção da Igreja da Misericórdia e da Rua Miguel Bombarda por onde devem seguir. Espreitem também a Casa do Arco, um projeto do arquiteto Ernesto Korrodi que fica ali perto, na Rua Afonso de Albuquerque.

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A Igreja da Misericórdia foi construída sobre uma antiga sinagoga, o que nos recorda que neste local, até ao século XV, viveu uma próspera comunidade judaica. A Rua Barão de Viamonte (antiga Rua Direita) que fica ali muito próxima, marca o eixo deste antigo bairro e na Travessa da Tipografia descobrimos que os judeus Samuel da Orta e os seus três filhos instalaram em Leiria uma das primeiras oficinas tipográficas de Portugal e imprimiram aqui muitos livros. Talvez seja por isso que Eça de Queiroz escolheu esta morada para ficar, quando viveu em Leiria. Uma lápide no nº 19 da Travessa, assinala esse facto.

Um enorme gato preto, em cima da Casa Criativa da Música também não passa despercebido a quem anda por estes lados. Intitulado “Olhar e não ver”, o trabalho de Ricardo Romero é já um ícone da cidade! 

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Continuem pela Rua Barão de Viamonte, mas vão espreitando as ruas transversais, onde podem encontrar lojinhas simpáticas e interessantes exemplos de arte urbana, até chegarem ao Largo da Sé, onde vale a pena parar para apreciar o estilo barroco e maneirista da Sé Catedral de Leiria.

Ainda no Largo, não deixem de reparar na fachada da antiga Farmácia Paiva, e nos seus bonitos azulejos.

A partir daqui podem optar por subir à esquerda até à Torre Sineira da Sé e daí até à Igreja de São Pedro e depois ir por uma rua íngreme até ao Castelo, ou poupar as pernas e tomar um atalho, subindo de elevador até ao castelo.

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Ainda hoje o Castelo de Leiria permanece como um símbolo emblemático da história da Cidade.

Guarda no interior das imponentes muralhas vestígios das diversas fases de ocupação e sinais de que funcionou como fortaleza militar e palácio real.

D. Dinis terá sido o monarca que mais tempo passou em Leiria, juntamente com a sua esposa, a Rainha Santa Isabel, a quem é atribuído o Milagre das Rosas. Ao longo dos séculos o castelo foi perdendo progressivamente o valor militar e durante as invasões francesas foi bastante danificado, ficando quase ao abandono.

Só em finais do século XIX, por iniciativa dos Amigos do Castelo e pelas mãos do famoso arquiteto suíço, Ernesto Korrodi, foram iniciadas obras de restauro que transformaram este edifício em Monumento Nacional.

Em 2021, foram concluídas as obras de requalificação de grande parte do espaço, que permitiram não só valorizar ainda mais a sua riqueza patrimonial como aumentar o seu potencial turístico.

Atualmente, o recinto amuralhado que se transformou no ex-libris de Leiria, é um agradável espaço de passeio e o melhor miradouro da cidade.

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A descida de volta até ao centro histórico pode ser feita pelo lado Norte do Castelo, passando junto às suas muralhas, percorrendo depois uma zona de vegetação até uma zona conhecida como "O Terreiro" onde se encontra a Casa dos Ataídes (Largo Cândido Reis), um solar, datado do século XVIII, com traça seiscentista, que integra também a Capela de Nossa Senhora da Conceição. Daqui, seguindo para Este, passamos junto do Mercado de Santana, da Igreja do Espírito Santo e da Fonte das Três Bicas.

Outra opção é descer pelo Largo de São Pedro e visitar o Museu da Imagem em Movimento, um espaço de homenagem à fotografia e ao cinema, que junta arte, ciência e técnica. As suas coleções de objetos dão a conhecer a evolução da cinematografia, numa magnífica viagem pelos limites da imaginação.

Chegada a hora do almoço, recomendo parar no Chico Lobo, um gastropub na Praça Rodrigues Lobo nº 5, com uma bela esplanada e boa comida.

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Na parte da tarde sigam para o Parque dos Caniços e façam o percurso pedonal junto ao Rio Lis passando o Jardim da Vala Real e atravessando a ponte para chegar de novo até ao Jardim Luís de Camões e ao largo 5 de Outubro.

Opções para a estadia não faltam, desde alojamentos locais até hotéis 5 estrelas. Destaco 3: o “Heritage House Leiria”, o Hotel Eurosol Leiria Jardim e o Lishotel (um pouco afastado do centro).

DIA 2

Moinho do Papel e Rota das Termas d’El Rei

Comecem o segundo dia com uma visita de manhã ao Moinho do Papel de Leiria, um dos primeiros a surgir na Península Ibérica e um dos marcos da indústria leiriense.

A sua história começa em 1411, numa época em que a indústria da moagem era determinante para o desenvolvimento económico. O espaço era dedicado especialmente à moagem de cereais (milho, trigo e centeio), ao fabrico do azeite e à produção do papel, estando associado à chegada da tipografia a Leiria e ao início das influências judaicas.

Fica situado nas margens do rio Lis, na Rua Roberto Ivens, nº 13 (antiga Rua Fábrica do Papel) e foi reabilitado com o contributo do arquiteto Siza Vieira. No edifício do antigo moinho está patente ao público uma exposição dedicada ao fabrico do cereal e do papel.

Na sala multimédia, encontram-se instaladas várias máquinas de impressão desde a mais antiga, manual, até à mais moderna, atual, e ainda pontos de multimédia e equipamentos audiovisuais. No final da visita podemos ainda passar na loja e comprar as farinhas produzidas com a energia do rio.

fullsizeoutput_6325Foto: Vist Leiria

Almocem na Tasca da Gracinda (Rua Roberto Ivens nº 11A), muito perto do Moinho. Restaurante típico, com boa comida portuguesa.

Na parte da tarde façam a Rota das Termas d’ El Rei. Este percurso dá a conhecer o Monte Real, uma vila de charme, que combina natureza e património.

Monte Real é conhecido pelas suas águas termais e o roteiro de visita inclui passagem obrigatória pelas ruínas dos Paços Reais, atribuídos à Rainha Santa Isabel, de onde se pode desfrutar uma vista magnífica do vale do Lis.

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Na parte antiga da vila, encontra-se um Pelourinho datado de 1573. Fica junto à Casa da Câmara que durante as invasões francesas foi incendiada e chegou também a servir de cadeia.

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Foto: Vist Leiria

Outro ponto de interesse da vila é a pequena nascente conhecida por “Fonte da Rainha Santa”, que a tradição diz ser milagrosa por ter sido usada muitas vezes pela Rainha Santa Isabel. Dizem que as mães que não tinham leite para amamentar os seus filhos bebiam desta fonte e ficavam com o seu problema resolvido.

As águas termais são com efeito a principal atração da vila, assumindo grande importância para a economia local.

A Rota das Termas d’ El Rei, passa por zonas campestres e estradas nas margens do rio Lis. Durante o percurso é possível observar vários tipos de aves e usufruir de uma fantástica vista sobre os Campos do Lis.

Passem a noite no Palace Hotel Monte Real, relaxem no SPA e jantem no seu restaurante Paços da Rainha, uma ode aos sabores mediterrâneos onde a trindade pão, azeite e vinho impera, juntamente com as carnes, os enchidos, o peixe e os frutos frescos.

 

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Travellight

 

Qui | 20.01.22

Mas Riha | O delicioso caril de peixe das Maldivas

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Este caril de peixe é um dos pratos mais representativos da cozinha das Maldivas e baseia-se em dois alimentos básicos das ilhas: peixe e coco.

INGREDIENTES

2 colheres (de sopa) de óleo de coco

4 dentes de alho, picados

2 sementes de cardamomo inteiras

1 raiz de gengibre (com cerca de 2,5 cm), descascada e cortada em forma de palitos

10 folhas de caril (podem encontrar à venda no El Corte Inglês)

1 pimento jalapenho fatiado

1 cebola inteira, fatiada

1/2 colher (de chá) de funcho

1/2 colher (de chá) de cominhos

1/2 colher (de chá) de cúrcuma

1/2 colher (de chá) de pimenta preta

400 ml de leite de coco

1 pau de canela inteiro

Sal a gosto

455 g de atum ou peixe-espada, cortado em cubos e levemente salgado

PREPARAÇÃO

Salgue levemente o peixe e reserve. Numa frigideira grande, aqueça o óleo de coco em fogo médio por cerca de 2 minutos.

Junte os dentes de alho, o cardamomo, o gengibre, as folhas de caril e o pimento e refogue até ficar aromático.

Adicione a cebola e continue a refogar até a cebola amolecer, cerca de cinco minutos.

Quando a cebola estiver amolecida, coloque o funcho, os cominhos, a cúrcuma e a pimenta preta e refogue por cerca de 30 segundos. Retire a frigideira do fogo e transfira tudo para um pequeno liquidificador ou processador de alimentos e misture até obter uma pasta lisa, adicionando água, se necessário. Descarte as vagens de cardamomo se elas não se misturarem totalmente.

Coloque a frigideira novamente no fogo médio, junte o leite de coco (menos uma colher de sopa, que deve reservar para mais tarde) e adicione a mistura que preparou no liquidificador. Misture tudo e depois junte o pau de canela. Deixe ferver, reduza para médio/baixo e cozinhe até escurecer ligeiramente, cerca de 5 minutos.

Prove o caril e tempere com sal, se achar necessário.

Junte delicadamente os pedaços de peixe ao caril e cozinhe sem mexer até que o peixe esteja totalmente cozido, por cerca de 5-6 minutos.

Coloque o caril em tigelas e adicione por cima a colher de sopa extra de leite de coco. Se quiser decore com coentros e pimenta rosa em grão.

Sirva com arroz branco.

 

Receita retirada, com pequenas adaptações, do site www.primalpalate.com

 

Qua | 19.01.22

Maldivas | Aqui está tudo o que precisam de saber para planear uma viagem em 2022 de acordo com o vosso orçamento

Praias deslumbrantes, recifes de coral, águas quentes e paisagens de sonho. As Maldivas, com as suas 1.196 ilhas, fazem parte da “bucket list” de muita gente. É por definição um destino caro… mas não tem de ser tanto assim.

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COMO CHEGAR

Portugal não tem voos diretos para as Maldivas, por isso qualquer viagem para estas ilhas implicam uma ou mais escalas.

A Iberia tem voos ida e volta para Malé (capital das Maldivas), com partida de Lisboa e escala em Madrid, a partir dos 549,00 Euros por pessoa. Se marcarem a ida a 7 de Fevereiro e o regresso a 15 de Fevereiro, como podem ver no exemplo do print screen em baixo, fica sensivelmente por este preço e ainda passam o dia dos namorados nas Maldivas :-).

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ENTRAR NO PAÍS

(devem sempre confirmar, próximo da data da viagem, se não houve nenhuma alteração a estas indicações)

  • VISTO

Todos os turistas, de todas as nacionalidades, podem receber gratuitamente um visto de 30 dias na chegada às Maldivas. No entanto, a pessoa deve ter consigo:

- Um passaporte ou documento de viagem com Machine Readable Zone (MRZ) com pelo menos 1 mês de validade;

- Uma reserva em hotel ou outro tipo de acomodação pré-pago; 

- Fundos financeiros suficientes para durar o período pretendido de estadia nas Maldivas;

- Bilhete de ida/volta confirmado para o país de origem ou para o país de residência.

  • MEDIDAS COVID-19

- Todos os viajantes devem apresentar teste PCR realizado até 96 horas antes da partida, independentemente de terem concluído ou não o processo de vacinação. As crianças com menos de um ano estão isentas deste requisito.

- Todos os passageiros que chegam e partem por aeroportos e portos marítimos devem preencher o formulário de Declaração de Saúde do Viajante até 48 horas, antes da partida. Esta declaração de saúde deve ser preenchida e enviada eletronicamente através do portal online da Imigração das Maldivas

- Se alguém testar positivo ao entrar nas Maldivas, deve seguir as medidas da Agência de Proteção à Saúde (HPA).

- Recomenda-se a todos os turistas instalar a app TraceEkee.

  • FAZER ESCALA EM ESPANHA

Para poder entrar em Espanha ou estar em trânsito no país todos os passageiros, inclusive os menores de 6 anos de idade devem possuir o código QR (em formato digital ou impresso), que pode ser obtido depois de preenchido o formulário online de controle de saúde digital no site do ministério da saúde espanhol. Não é permitido o embarque de passageiros que não apresentarem o código QR. 

É necessário também um teste diagnóstico (PCR, TMA, LAMP ou antígenos) ou um certificado de vacinação ou recuperação para entrar em trânsito na Espanha.

QUANDO IR

Graças à sua proximidade com o equador, as Maldivas têm um clima tropical e quente durante todo o ano. As temperaturas variam em regra entre os 26°C e os 29°C e apesar de poderem ocorrer chuvas fortes durante o período de monção (maio a outubro), estas nunca duram muito tempo, por isso qualquer mês é bom para visitar as ilhas.

ONDE FICAR

A opção é tão grande que pode baralhar o visitante e deixá-lo confuso na hora de escolher onde ficar, mas há hotéis e alojamentos para todos os orçamentos. Dos mais simples e em conta, aos estupidamente caros e luxuosos.

De entre as opções mais baratas encontramos (no booking.com), por exemplo:

Sands Exotic Hotel, a 25 km do Aeroporto Internacional de Malé, que tem quartos de casal, com pequeno almoço incluido, a 42,00 Euros por noite e individuais por 32,00 Euros por noite;

Pearlshine Retreat Maldives, situado em Gulhi, a 22 km de Malé, que por 47,00 Euros por noite inclui o pequeno almoço, serviço de transporte de/para o aeroporto e uma área de praia privada;

Ci-Ritorno View, localizado em Maafushi, na região do Atol Kaafu, a 26 km da cidade de Malé, numa área popular para snorkelling e wind-surf, que tem quartos de casal a 42,00 € por noite (47,00€ com pequeno almoço) e disponibiliza o uso gratuito de bicicletas; 

La Isla Tropica - Maldives, situado em Guraidhoo, a 300 metros da praia, que cobra por noite 39 € com pequeno almoço incluído.

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No segmento de preço médio (entre os 100 / 110 € por noite, com pequeno almoço incluído), há imensas escolhas. Destaco 3:

- Surf Yoga Maldives, localizado em Thulusdhoo, a 300 metros de Bikini Beach;

- Grand Beach Dhigurah, que tem uma piscina exterior e uma área de praia privada;

- Maalhos Thila Inn, localizado na ilha de Maalhos (Atol Alif Alif).

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No segmento luxo (mais de 200€ por noite), também as escolhas são imensas. Destaco novamente 3:

Reethi Faru Resort, um recém-inaugurado resort, que está localizado no Atol Raa, a noroeste de Malé, na pequena ilha de Filaidhoo, com um belo recife privado apenas a 80 metros da costa, villas tradicionais e luxuosas ao estilo das Maldivas, completas com banheira de hidromassagem, aninhadas nos jardins tropicais, à beira-mar ou em palafitas sobre a água azul-turquesa. A partir do aeroporto internacional, o Reethi Faru Resort pode ser alcançado através de um pitoresco voo de 45 minutos por hidroavião ou um voo doméstico de 20 minutos para Dharavandhoo, seguido de uma viagem de 40 minutos de lancha até ao resort;

- Royal Island Resort & Spa, localizado no Atol de Baa, numa ilha tropical com vistas para o Oceano Índico, um Spa e belas praias de areia branca.

- Angsana Ihuru, um hotel tudo incluído, localizado numa ilha rodeada por um dos mais bem preservados e bonitos recifes de coral das Maldivas. Podem ler mais sobre este resort aqui.

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O QUE VER E FAZER

  • A beleza das Maldivas não está apenas acima da água, mas também em baixo dela, por isso uma das maiores atrações das ilhas é a sua vida marinha. Mergulhar ou praticar snorkl é das melhores coisas que podemos fazer aqui. A variedade de peixes e corais coloridos que se consegue ver é incrível.

 

  • As Maldivas têm algumas das melhores ondas do mundo e muitas pessoas vão lá especificamente em busca delas, mas se surfar não é a vossa praia, tentem fazer stand up paddle (SUP) é super divertido!

 

  • Assistam ao pôr do sol e ao nascer do sol, são momentos inesquecíveis.

 

  • Deem um passeio de barco e parem num banco de areia. Os bancos de areia estão espalhados por toda a parte nas Maldivas. São lugares verdadeiramente únicos – literalmente são pequenas ilhas inteiramente feitas da areia mais branca que podem imaginar, cercada por águas cristalinas e recifes de coral. Os barcos geralmente carregam guarda-sóis que podem ser colocados na praia.

 

  • Visitem uma ilha local. Poucas pessoas se aventuram para lá dos hotéis e resorts e é pena porque ilhas como Keyhodoo, por exemplo, onde os habitantes locais vivem são lugares encantadores para explorar, com pequenos cafés locais e mesquitas. É uma oportunidade de conhecer o lado mais verdadeiro das Maldivas.

 

  • Pela mesma razão vale a pena conhecer Malé. A capital das Maldivas dificilmente é um destino turístico popular, mas quem estiver à procura de uma experiência verdadeiramente local, não pode deixar de ir. Os entusiastas da arquitetura e história, podem visitar locais como o Palácio do Presidente e o Museu Nacional, mas os lugares mais animados para conhecer são o mercado local de frutas e legumes, e o mercado de peixe. São lugares que nos dão uma ideia do dia a dia da população e nos permitem descobrir os principais produtos da culinária local.

 

  • Se há coisa que não falta nas Maldivas, é boa comida, por isso não deixem de provar a culinária local. A culinária nas Maldivas tende a ser bastante semelhante à do Sri Lanka, com muitos caris deliciosos, mas nos resorts é fácil encontrar também uma incrível variedade de cozinhas internacionais. De frutas tropicais frescas a deliciosos peixes; da carne grelhada à culinária japonesa ou italiana; uma das melhores coisas para fazer nas Maldivas é comer!

 

  • Se escolherem ficar hospedados perto de Malé, façam um passeio de barco ao entardecer até a Ilha Vaadhoo (localizada a 8 km do Aeroporto Internacional). A ilha é conhecida por ser um dos melhores lugares para assistir a um fenómeno natural de bioluminescência que nas Maldivas é designado por ”mar de estrelas”. Conseguir ver este fenómeno é uma questão de sorte, mas para aumentar as chances de vê-lo é preciso caminhar na parte mais escura da praia à noite.

 

CRUZEIROS

Quem quiser conhecer todo o arquipélago em vez de ficar apenas num local, o melhor é marcar um tour pelas ilhas. Há vários disponíveis. Deixo aqui uma sugestão:

- Maldivas Island Hopping – uma excursão de 8 dias, com acomodação em pousadas locais e muitas atividades.

CUIDADOS A TER

  • As Maldivas são um país islâmico e é fundamental ter respeito pela sua cultura e valores, nomeadamente no que diz respeito ao vestuário utilizado fora dos resorts. A violação destas regras pode originar uma intervenção das autoridades, por isso certifiquem-se de vestir de forma mais discreta se planearem visitar a capital ou as ilhas onde vive a população local.

 

  • O álcool é  proibido pela lei islâmica e, nas Maldivas, só é permitido consumir em resorts.

 

  • Não comprem artigos de artesanato feitos com coral ou casca de tartaruga. Nem tentem levar um pedaço de coral como lembrança. É totalmente proibido, para além de ser uma prática terrível, ignorante e destruidora do ambiente.

 

  • Nunca se esqueçam de usar protetor solar. Por estar mais perto do equador, as Maldivas recebem muito sol e as queimaduras na pele não são nenhuma brincadeira.
Sab | 15.01.22

Viagem numa chávena de café: Descubra os segredos da Tanzânia

Famosa pela sua estonteante beleza natural, a Tanzânia é uma terra de contrastes, onde os grupos culturais e as práticas tradicionais diferem muito. No norte vivem os Maasai; em Zanzibar existe uma população predominantemente muçulmana; na região de Kagera vivem os Haya, que trouxeram o café para este país; ao sul do Equador e entre as águas salinas do lago Eyasi e o Grande Vale do Rift, vivem os Hadza, uma pequena tribo de caçadores-coletores. São muitos povos, muitas histórias. Diferentes religiões e costumes.

Esse é o verdadeiro charme da Tanzânia, esse é o segredo do seu encanto e da sua cor.

fullsizeoutput_5770Foto: PxHere

A Tanzânia é um dos destinos mais belos do mundo. Áreas como o Parque Nacional de Serengueti, o Parque Nacional de Gombe e a Cratera de Ngorongoro oferecem oportunidades únicas para observar de perto a vida selvagem; locais como Kendwa, Paje, Nungwi e Jambiani, na ilha de Zanzibar convidam a relaxar e a aproveitar praias paradisíacas de areia branca e água cristalina.
Os visitantes podem conhecer os magníficos lagos Victoria, Manyara e Eyasi, subir o monte Kilimanjaro ou explorar as ruínas históricas de Kilwa e os becos estreitos de Stone Town —Património Mundial da UNESCO.

Tudo isto são experiências incríveis, mas aquilo que torna esta nação africana absolutamente inesquecível são as suas gentes. São os mais de 120 grupos étnicos que se juntaram no mesmo país, quando em 1964 a República Unida da Tanzânia nasceu da fusão de Zanzibar e Tanganica. O suaíli, a língua dos comerciantes costeiros, tornou-se a língua nacional, mas os costumes e tradições de cada grupo mantiveram, em grande medida, a sua individualidade.

Assim, é possível visitar atualmente aldeias Maasai e descobrir a sua cultura. Assistir às danças, ver as roupas coloridas e aprender as suas técnicas de caça e sobrevivência, ou então viajar até ao Lago Eyasi e observar o modo de vida de tribos rurais como os Datooga e Hadzabe.

Na região de Kagera, no noroeste da Tanzânia, encontra-se outra tribo fascinante — a tribo Haya, responsável, segundo a tradição oral, pela introdução, durante o século XVI, do café neste país.
Este “café Haya”, ou amwani, era uma variedade Robusta e supostamente foi importado da Abissínia (atual Etiópia). O amwani era preparado fervendo as cerejas verdes de café com ervas e depois deixando a mistura em fumeiro por vários dias. O produto resultante era depois mastigado.

O café na cultura Haya tinha uma função ritualistica. Era usado em cerimónias religiosas e homenagens à realeza e quem quisesse plantar café, necessitava da autorização do rei. Este controlo apertado, aumentou o valor e o status do café e tornou-o mais raro.

Quando os alemães assumiram o controle da África Oriental no final do século XIX, rapidamente instituíram leis que permitiram a plantação de café por toda a região. Estas leis tinham como objetivo tornar os Haya menos independentes e mais facilmente governáveis. Quando o café se tornou comum, os Haya perderam o seu monopólio e este produto transformou-se numa das mais importantes exportações da Tanzânia, representando atualmente um papel crucial na economia e na subsistências de muitas famílias.

Antes da independência do país em 1959, Julius Nyerere, o futuro presidente da nação, disse: “Nós, o povo de Tanganica, gostaríamos de acender uma vela e colocá-la no topo do Monte Kilimanjaro, para brilhar além das nossas fronteiras dar esperança onde antes havia desespero , amor onde havia ódio e dignidade onde antes só havia humilhação”. É por isso que o cume do Kilimanjaro é chamado de Pico de "Uhuru", a palavra em suaíli para “liberdade”.

E é precisamente nas encostas do majestoso Monte Kilimanjaro — o mais alto de África—, que hoje encontramos a maioria das plantações de café do país.

O clima quente e húmido, aliado a um solo vulcânico extremamente fértil e a uma altitude adequada, fazem do café tanzaniano — ou kahawa, como é conhecido localmente — um dos cafés mais apreciados no mundo.

Não admira…

O seu aroma e  o seu sabor rico encerram em si, todo o exotismo de África.

Experimente em sua casa uma chávena de café Delta Q Origens Tanzania — um blend único, que revela um expresso de corpo consistente, acidez penetrante e um aroma intenso e frutado — e com certeza vai perceber porquê.

 

Artigo patrocinado por Delta Q Origens e publicado originalmente no SAPO Viagens

 

Sex | 14.01.22

Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz

Numa recente passagem pelo Alentejo, tive oportunidade de visitar o Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz e descobrir mais sobre esta forma de arte popular, classificada como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO desde 2017.

Vim de lá absolutamente encantada!

fullsizeoutput_62aaFotos: Travellight e H. Borges

As centenas de figuras são maravilhosas, transmitem alegria, simplicidade, cor… Refletem com amor (e às vezes com humor) os ofícios e tradições que marcaram por centenas de anos o quotidiano das gentes alentejanas.

Consta que esta arte popular tem mais de dois séculos, já que as primeiras referências ao figurado de Estremoz surgem no séc. XVIII, mais concretamente num documento de 1770, que menciona as “boniqueiras” — mulheres que faziam curiosidades e figuras de barro e que tinham um trabalho não reconhecido enquanto ofício.

Supõe-se que uma mulher habituada a lidar com o barro, numa terra onde o barro era abundante, se terá atrevido a modelar pela primeira vez um santinho da sua devoção e daqui terá nascido a tradição, que rapidamente se espalhou pelo povo por facilitar a quem tinha poucos recursos e vivia com dificuldades, adquirir a imagem do seu santo preferido.

Dos santinhos passou-se às cenas de natividade. Os Presépios que o povo observava nos Conventos e casas abastadas, depressa foram adaptados pelas bonequeiras. Assim, na cena envolvente à da Sagrada Família nasceu todo um novo mundo: acrescentou-se os Reis Magos, e um vasto reportório de figuras populares, como o “pastor a comer”, o “pastor a dormir”, a “mulher das galinhas”, o “pastor com o cabrito às costas”, entre outros. Hoje estas figuras “sobrevivem” fora do Presépio.

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No princípio do séc. XX, os homens começam a “intrometer-se” na arte e a fazer também eles os bonecos, mas depois passou-se por um período de decadência em que a arte quase desapareceu. 

Felizmente, em 1935, José Maria Sá Lemos, Diretor da Escola Industrial de Estremoz, convenceu a artesã Ti Ana das Peles, que apenas sabia modelar “assobios”, a ensinar o que sabia da arte e a participar no processo de “ressuscitar” as figuras que já ninguém modelava desde a década passada.

Sorte nossa, porque foi este encontro de saberes que salvou esta arte tradicional que agora todos podemos apreciar.

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O Centro Interpretativo, além de nos contar a história dos Bonecos de Estremoz e explicar o seu processo de criação, coloca o foco não apenas no passado, mas no seu presente e no seu futuro, com uma exposição idealizada para ser dinâmica nos conteúdos e na apresentação do figurado, dando  destaque aos criadores desta arte, que no fundo são os grandes protagonistas desta tradição. 

Vale muito a pena visitar!

 

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Tchau!

Travellight

Qui | 13.01.22

Pudim de Água de Estremoz

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Hoje partilho aqui uma especialidade de Estremoz — O Pudim de Água!

INGREDIENTES

14 gemas

500 g de açúcar

50 g de manteiga em temperatura ambiente

1 copo de água ou 200 ml de água

PREPARAÇÃO

Pré-aqueça o forno a 170º. Divida em 2 partes o açúcar. Uma parte do açúcar misture com as gemas e a manteiga derretida, misture apenas e não bata.

A outra porção de açúcar, leve numa panela ao fogo para caramelizar em ponto fio. Assim que chegar a um tom caramelo claro, retire do fogo e misture com as gemas.  Não se preocupe se quando misturar tudo, formar uns pequenos grumos de açúcar.

Coloque a mistura numa forma de pudim untada com manteiga e leve ao forno em banho maria, por 45 minutos.

Retire do forno, espere esfriar ligeiramente e vire num prato de pudim.

Está pronto a servir!

 

Receita retirada do site cozinhaarigor

Qua | 12.01.22

Entardecer em Estremoz

Caminho por Estremoz ao entardecer... passo por ruas silenciosas, medievais, que guardam em si os ecos da História. A cidade branca brilha como prata debaixo do sol poente, o que só faz aumentar a minha paixão pelo Alentejo, que já é grande e vem de longe…

fullsizeoutput_6282Fotos: Travellight e H. Borges

Comecei a caminhada no Rossio, em direção ao Pelourinho quinhentista, classificado como Monumento Nacional. Passei pelo Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz, que já tinha visitado, e subi as escadarias até chegar a um arco – A Porta do Sol ou Porta da Frandina — uma das portas principais da cerca medieval mandada construir por D. Afonso III em 1261.

Um pouco mais à frente, do lado esquerdo, passei por uma loja de antiguidades e depois vi a antiga cadeia manuelina (hoje um restaurante). Em poucos passos cheguei à antiga Armaria Real de D. João V, agora transformada em Pousada (atualmente encerrada). Junto a ela, ergue-se a imponente Torre de Menagem que nos recorda a importância estratégica da cidade.

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“Estremoz” dizem, deriva  de "estrema" que significa fronteira ou linha divisória entre dois domínios militares. Desempenhou um papel importante nas lutas contra os mouros e era considerada uma das "vilas mais nobres do reino”. A sua localização estratégica foi também essencial ao longo da Restauração e um reduto da resistência contra os espanhóis. Foi desta terra que D. Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável, partiu para a famosa Batalha dos Atoleiros, onde Portugal, com um pequeno exército, conseguiu em poucas horas, derrotar os poderosos castelhanos e garantir a independência nos anos críticos de 1383-1385.

Em Estremoz ocorreram muitos momentos marcantes da História de Portugal, e um em particular envolveu a Rainha Santa Isabel, que tinha por hábito passar longos períodos nesta povoação e aqui faleceu.

Em 1336, já retirada da vida pública no mosteiro de Santa-Clara-a-Velha em Coimbra, D. Isabel, a viúva do rei D. Dinis e mãe do rei Afonso IV, deslocou-se a Estremoz para mediar a paz entre o seu filho e o rei de Castela, Afonso XI, que se preparava para entrar em conflito armado. D. Isabel tentou restabelecer a paz entre os dois reinos através da sua engenhosa e generosa diplomacia, mas o esforço, infelizmente, foi demais para ela que já se encontrava doente, e pouco depois morreu.

Hoje, uma estátua na praça do Castelo homenageia a Rainha Santa e no castelo, os quartos outrora ocupados por Isabel de Aragão no século XIV foram transformados em capela forrada a mármore, onde pinturas a óleo e azulejos, contam momentos da vida da rainha e os milagres a esta atribuídos.

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Perto da Capela está ainda o Museu Municipal Prof. Joaquim Vermelho, que possui um notável espólio arqueológico e etnográfico e à esquerda da Torre da Menagem podemos ver a Igreja de Santa Maria, uma das obras religiosas mais importantes do fim da Renascença no Alentejo e o Paço de Audiências de D. Dinis que apresenta o brasão de armas de Estremoz, do reinado de D. Afonso IV, em cima da entrada (atual Galeria de Desenho).

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Descendo o Arco de Santarém, a meio da Rua Direita, pude ver os Quartéis, mandados construir por D. João IV e a Igreja de Santiago, que estava fechada. Continuando a descer cheguei à Fonte do Espírito Santo e à Torre das Couraças, obra medieval que protegia o principal poço abastecedor do Castelo.

Mais uns passos e vi o Lago do Gadanha, um dos ex-libris da cidade.

O imponente lago, com cerca de 40 metros de comprimento foi mandado construir pelo Senado de Estremoz e aproveita uma das mais importantes nascentes da zona baixa da cidade — a nascente da Fonte Nova.

A conhecida estátua do “Gadanha”, que simboliza o efémero e a fugacidade da vida, é originária do Convento dos Congregados, e foi transposta para o centro do lago apenas em meados do século XIX.

Parte do Convento dos Congregados de S. Filipe de Nery, onde hoje funciona a Câmara Municipal, pode ainda ser visitado, nomeadamente a entrada e as escadarias que estão decoradas com azulejos do séc. XVIII.

Do seu lado oriental, vale também a pena ver a Ermida do Santo Cristo e o Convento de S. João da Penitência ou das Maltesas — único convento feminino da Ordem de Malta, fundado no séc. XVI, que mais tarde abrigou o Hospital da Misericórdia e hoje abriga o Polo da Universidade de Évora e o Centro de Ciência Viva.

O Mercadinho de Estremoz “obrigou-me” a um desvio antes de seguir para a minha última paragem: A Igreja e Convento de S. Francisco, fundado no séc. XIII, onde se destacam três grandes obras: A Capela de D. Fradique de Portugal; o Túmulo de Vasco Esteves de Gata e a Árvore de Jessé do séc. XVII.

Quando saí da igreja, já a noite tinha caído... Era hora de me despedir de Estremoz.

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Tchau!

Travellight

 

 

 

 

Qua | 05.01.22

Bolo de Sementes de Papoila | Uma receita tradicional lituana

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O bolo de sementes de papoila é uma iguaria tradicional da Lituânia que foi trazida para o país no século XV pelos Tártaros, para quem as sementes de papoila representavam um símbolo de riqueza.

É um bolo saciante, feito com uma massa fermentada que depois é recheada com as sementes.

Espreitem aqui a receita:

INGREDIENTES

500 g farinha

177 ml leite morno

3 gemas de ovo

100 g açúcar

50 g manteiga derretida

25 g fermento

Sal a gosto

150 g sementes de papoila

1 ovo

PREPARAÇÃO

Numa tigela, junte o fermento com metade do açúcar, despeje o leite morno, acrescente metade da farinha e misture tudo bem. Cubra a mistura com um pano e deixe descansar num local seco, que não seja frio.

Após 2 ou 4 horas, acrescente o resto da farinha, mais um pouco do açúcar, 1 gema batida e a manteiga derretida, mexa tudo bem, depois amasse um pouco e deixe novamente a massa a levedar.

Entretanto regue as sementes de papoila com água a ferver e espere até ficarem inchadas. Coe e triture tudo num moedor.

Noutra tigela, junte as sementes de papoila moídas com duas gemas e com um pouco de açúcar. Bata as claras até criarem espuma e acrescente o açúcar restante. Mexa tudo.

Estenda a massa até ficar mais ou menos com 2 cm de espessura. Coloque uma camada da mistura das sementes de papoila na folha de massa, evitando as pontas - não coloque nada sobre elas - e enrole com cuidado.

Pincele o rolo com um ovo batido, polvilhe com algumas sementes e leve ao forno médio por até 50 minutos.

Retire do forno, corte em fatias e sirva.

 

Receita retirada com adaptações, do site localtaste.lt

Ter | 04.01.22

Vilnius | A fascinante e peculiar capital da Lituânia

O inverno pode não ser a época mais popular do ano para viajar e é verdade que as baixas temperaturas, a chuva e a neve podem desencorajar completamente os passeios, mas garanto-vos que o pequeno desconforto é rapidamente esquecido quando tens oportunidade de conhecer cidades como Vilnius, a capital da Lituânia, que debaixo de um manto branco da neve parece ainda mais encantadora.

Vilnius é o destino perfeito para uma escapadinha de inverno na Europa. As temperaturas podem descer abaixo de zero, é certo, mas os lituanos são calorosos e acolhedores, e parecem ficar realmente felizes por ajudar os turistas a abraçar a sua cultura, tão fascinante, quanto peculiar.

fullsizeoutput_6250Fotos: Travellight e H. Borges

Não há melhor momento para visitar o centro histórico de Vilnius — Património Mundial da UNESCO, do que pela manhã, quando o sol nascente rompe com os seus raios a neblina densa e faz brilhar os telhados cobertos de neve, dando a todo o cenário uma atmosfera indistinta, quase mágica. Podemos caminhar a pé, por ruas praticamente desertas, e descobrir com calma a beleza arquitetónica de Vilnius e as suas influências polacas e russas. A principio é um pouco melancólico, até triste, principalmente quando passamos por Vilna Ghetto: o gueto judeu, estabelecido pela Alemanha nazi onde mais de 200.000 judeus lituanos sofreram os horrores da segunda guerra mundial.

É difícil de imaginar o horror e o nível de devastação que aconteceu naquele lugar, agora em silêncio e sob uma espessa manta de neve intocada…

Aos poucos, contudo, a cidade vai despertando e os cafés começam a abrir, chamando-te para uma chávena de café quente que promete aquecer a alma.

De repente Vilnius ganha vida! Toda a gente parece sair à rua e convergir pela Rua Pilies para a Praça da Catedral. Eu também me dirijo para lá.

A Catedral Basílica de Santo Estanislau e Santo Ladislau é um importante símbolo da cristianização desta região. Chegou a ser um templo pagão de adoração a Perkūnas (deus báltico), mas hoje alberga esculturas e frescos que evocam a vida e as histórias dos santos cristãos.

A Lituânia foi um dos últimos países pagãos da Europa a converter-se e, reza a lenda, que para isso acontecer a igreja teve de oferecer ao povo lituano camisas grossas de lã. Como as camisas eram muito valiosas na época, alguns “empreendedores” decidiram batizar-se várias vezes, em diferentes aldeias da região, para adquirir mais roupas. Os batismos em massa também fizeram com que vilas inteiras recebessem o mesmo nome cristão, criando grande confusão na comunidade.

A catedral é belíssima e merece mesmo uma visita. Na sua fachada encontram-se três esculturas de Kazimierz Jelski: São Casimiro a sul, São Estanislau a norte e Santa Helena ao centro. Estas esculturas foram removidas em 1950 e repostas em 1997. A escultura de São Casimiro simboliza a Lituânia, a de São Estanislau a Polónia e a de Santa Helena a Rússia.

À esquerda da Catedral fica a Torre do Sino, construída no século XIII. Já fez parte da muralha defensiva de Vilnius, mas agora serve como campanário. É enorme e parece mais um foguetão prestes a levantar voo, do que um campanário de igreja.

Ali próximo fica o Palácio dos Grão-Duques, a Torre do Castelo de Gediminas e o Parque Kalnai, três das atrações da cidade.

Dentro do Parque, localizado no alto de uma colina, ergue-se como um protetor de Vilnius, o Monumento das Três Cruzes, construído para homenagear 14 mártires franciscanos que ali foram massacrados. Foi demolido pelo regime soviético, mas durante o Movimento de Reforma da Lituânia, foi reconstruido e hoje mantém-se como um símbolo da identidade do país e da sua resistência à opressão.

Outros destaques de Vilnius incluem a Rua Literatù, que presta homenagem aos escritores lituanos; a impressionante Igreja de Santa Ana, com a sua grandiosa arquitetura gótica, que segundo a lenda, impressionou tanto Napoleão que este quis levá-la consigo para Paris; O antiquíssimo Mosteiro da Santissima Trindade e uma moderna e estranha atração chamada “A Barriga da Sorte”.

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A Barriga da Sorte foi criada pelo escultor Romas Kviints e está localizada no centro da cidade, na rua Vilnius.

A escultura é baseada numa velha história sobre um presidente da câmara de Vilnius, que no século XIX, se  interessou por saber como, de uma família muito muito pobre, tinham saído dois filhos talentosos e de grande sucesso: um deles tornou-se um comerciante rico e o outro um famoso joalheiro. Intrigado, o presidente perguntou à mãe dos jovens o que ela tinha feito para eles serem tão bem sucedidos na vida. Ela respondeu-lhe : “aquilo que você acaricia, prospera, por isso todas as noites eu esfregava a barriguinha dos meus filhos”.

Hoje a tradição manda que para ter sorte, devemos esfregar a barriga de Vilnius e eu não me fiz rogada, esfreguei bastante a barriguinha 😂

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A barriga foi um momento divertido, mas o lugar que achei mais fascinante e extraordinário nesta cidade foi a boémia República de Užupis!

Užupis é um bairro de Vilnius conhecido por ser o lar de poetas, pintores, músicos e todo o tipo de artistas. Arte urbana, galerias de arte, workshops e cafés estão um pouco por todo o lado.

Não é um bairro grande e está separado da Cidade Velha pelo rio Vilnia. Temos de atravessar uma ponte para lá chegar e no caminho podemos ver a Sereia de Užupis, uma escultura em bronze que está pendurada num nicho da margem.

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Quando chegamos a Užupis descobrimos que em 1998, os moradores estabeleceram a República de Užupis, com bandeira, unidade monetária, presidente e constituição próprios, além de um exército (com aproximadamente 12 homens). Eles celebram esta independência anualmente, no Dia 1 de Abril 😜

Como podem ver, esta declaração de independência não é para levar demasiado a sério e basta ler os artigos da constituição de Užupis,  que está pendurada numa das suas ruas para perceber isso. Pérolas como — “Todos têm o direito de ser amados, mas não necessariamente.”; "Os homens têm direito de viver ao lado do rio Vilnia, e o rio Vilnia tem o direito de correr ao lado dos homens"; "Todos tem o direito de comemorar ou não o seu aniversário" e "Um cão tem o direito de ser um cão”, —  já vos dão uma ideia 😂

Depois de caminhar por Vilnius durante horas eu estava a congelar de frio, mas sentia-me feliz e totalmente conquistada pelo charme excêntrico da cidade onde até o "Galo do Porto" encontrei!

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Tchau!

Travellight