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The Travellight World

Inspiração, informação e Dicas de Viagem

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Qui | 30.09.21

Ribollita | A sopa tradicional da Toscana

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Ribollita é uma sopa tradicional toscana feita com legumes e feijão e engrossada com pão. A palavra “ribollita” na verdade significa “reiniciado”, já que a sopa é tradicionalmente feita com restos de sopa de legumes e reforçada com pão da véspera. O processo de “refazer” a sopa torna-a mais espessa e mais forte. Também concentra os sabores, por isso costuma-se dizer que a ribollita fica ainda melhor no dia seguinte.

INGREDIENTES

2 colheres de sopa de azeite de oliveira extra-virgem
1 cebola grande, picada
2 cenouras, descascadas e picadas
2 talos de aipo picados
3 dentes de alho cortados em fatias finas
1/8 colher (de chá) de flocos de pimenta vermelha (até 1/4 colher de chá, se gostarem do prato mais picante)
Sal e pimenta moída na hora
1 colher (de sopa) de polpa de tomate
1 couve toscana, caules e partes centrais duras removidas e folhas picadas (se não encontrar couve toscana, use couve portuguesa)
1 lata de tomate picado
4 chávenas de caldo de vegetais com baixo teor de sódio (ou caldo de galinha ou água)
4 raminhos de tomilho
1 folha de louro
1 lata de 425 g de feijão branco, enxaguado e escorrido
2 chávenas de pão (da véspera) cortado em cubos
2 colheres (de sopa) de parmesão ralado

PREPARAÇÃO

Numa panela grande, aqueça o azeite em fogo médio. Adicione a cebola, a cenoura, o aipo, o alho e a pimenta vermelha e cozinhe, mexendo ocasionalmente, por 7 a 8 minutos, até os ingredientes amolecerem parcialmente.

Tempere com sal e pimenta a gosto. Adicione a polpa de tomate e cozinhe, mexendo, por 1 a 2 minutos.
Junte a couve e cozinhe, mexendo ocasionalmente, por 3 a 4 minutos, até que comece a cozer.

Adicione o tomate picado, o caldo, o tomilho e a folha de louro e leve para ferver.

Despeje cerca de um quarto dos feijões brancos numa tigela pequena com algumas colheres de sopa do líquido do cozimento e amasse-os com um garfo para formar uma pasta. Despeje essa pasta e o feijão inteiro restante na sopa e misture bem. O feijão amassado ajudará a engrossar a sopa enquanto cozinha.

Cozinhe a sopa com a tampa entreaberta por cerca de 25 minutos, até que os vegetais estejam macios, mas ainda al dente. Adicione o pão e cozinhe em fogo baixo, parcialmente coberto, por mais 5 a 7 minutos, até que o pão comece a se dissolver na sopa e a engrosse ainda mais.

Antes de servir, retire o tomilho e a folha de louro. Se necessário retifique o sal e a pimenta. Coloque a ribollita em tigelas e polvilhe com o parmesão ralado e um fiozinho de azeite antes de servir.

 

Receita retirada com pequenas adaptações do site food52.com

Qua | 29.09.21

Toscana | Como chegar e o que visitar

Arte renascentista, catedrais góticas, gastronomia divinal, vinhos e azeites maravilhosos, o David de Michelangelo, cidades charmosas no topo das colinas… A lista é infinita. A popular região italiana da Toscana tem muito para oferecer aos seus visitantes e não importa quanto tempo lá passamos, provavelmente vamos desejar ter sempre mais alguns dias.

Almoços al fresco, menos multidões em Florença e uma variedade de festivais que celebram a região fazem do inicio do outono uma época excelente para visitar a Toscana. A época da colheita está a todo vapor, o ar está repleto do doce aroma de castanhas torradas e o clima, embora um pouco mais imprevisível, permanece agradável e ensolarado.

montepulciano_toscana_italy_city_landscape_architecture_building_mediterranean-505808.jpg!dFoto: PxHere

COMO CHEGAR E COMO EXPLORAR A REGIÃO

Há voos diretos de Portugal para Florença e para Pisa, por isso voar para estas cidades é a melhor opção para quem quer visitar a região.

Chegando lá, podem alugar um automóvel, que permite maior liberdade e dá a possibilidade de conhecer as cidades mais distantes e menos turísticas. Mas se têm pouco tempo disponível e preferem usar o comboio também não ficam mal. Para terem uma ideia, espreitem aqui o tempo aproximado de viagem entre a estação de Florença e algumas das principais cidades e vilas da Toscana:

Florença a Arezzo - de 30 minutos a 50 minutos
Florença a Borgo San Lorenzo - de 40 minutos a 1h15
Florença a Lucca - de 1h20 a 1h50
Florença a Pisa - de 50 minutos a 1h25
Florença a Siena - de 1h30 a 1h50
Florença Viareggio - de 1h15 a 1h40
Florença a Pistoia - de 33 minutos a 50 minutos
Florença a Volterra - de 2h30 a 3h30

Os tempos variam consoante o tipo de comboio que apanhamos (InterCity ou Regionale)
Um inconveniente de várias cidades toscanas é que muitas estão localizadas no topo de uma colina. Este é o caso de Siena, Cortona e Volterra, por exemplo, e mesmo quando são acessíveis por comboio, a estação fica na parte inferior da cidade e depois é preciso apanhar um autocarro local para nos levar até ao centro (curta distância) ou então estar preparado para andar ladeira acima para chegar ao destino 😅

Podem combinar o comboio com os autocarros ou tours de um dia a partir das cidades principais se tiverem tempo e quiserem conhecer mais locais na região.

Vejam mais sobre Florença aqui

O QUE VISITAR

FLORENÇA é a maior e a principal cidade da Toscana. É um símbolo de beleza e excelência artística e atrai visitantes de todo o mundo com a sua bela Catedral Santa Maria del Fiori e a famosa cúpula projetada por Brunelleschi.
Abriga ainda a famosa escultura David de Michelangelo e a Galeria Uffizi — um dos maiores museus do mundo e o melhor lugar para apreciar a arte renascentista. Esta é uma cidade belíssima, cercada por colinas e adornada por algumas das melhores obras arquitectónicas da Itália.
É a melhor base para explorar a região se forem usar o comboio como meio preferencial de deslocação e é também o melhor ponto de partida para uma viagem pela região se forem alugar um carro.

SIENA é a arquitetura gótica no seu melhor e possui um dos centros medievais mais bem preservados da Toscana. É pequeno e compacto, com uma esplêndida praça medieval, a Piazza del Campo (que recebe a histórica corrida de cavalos anual "Il Palio”) e alguns edifícios emblemáticos como a Catedral — considerada uma das igrejas góticas mais importantes de toda a Itália.

A paisagem circundante é igualmente encantadora e merece visita. Inclui algumas das áreas mais extraordinárias da Toscana — a região de Chianti e o Val d'Orcia.

PISA é a casa da mundialmente famosa Torre Inclinada. Essa visão é por si só um motivo para visitar esta pequena cidade, localizada numa planície a menos de 10 km da costa do Tirreno.

O complexo da Catedral na Piazza dei Miracoli, do qual a torre faz parte, fica nos arredores do centro da cidade e podemos passar meio dia a explorá-lo. É uma cidade universitária animada e vibrante, com bons restaurantes e cafés e um centro histórico com uma arquitetura medieval interessante.

Mais sobre Pisa aqui

LUCCA é uma linda cidade cercada por muralhas renascentistas, o único exemplo deste tipo de fortificação ainda intacta na Itália.
Lucca seduz o viajante com as suas belas igrejas medievais e agradáveis ​​praças. Está situada no norte da Toscana, entre a costa tirreniana e a área montanhosa de Garfagnana.

SAN GIMIGNANO é uma das principais cidades medievais da Itália e património mundial da UNESCO. A sua famosa silhueta é um símbolo da Toscana.
Fica situado a meio caminho entre Florença e Siena e faz-nos recuar no tempo assim que passamos pela sua Porta San Giovanni, com a sua mistura perfeita entre o romântico e o histórico.

A belíssima Piazza Cisterna com o seu um pitoresco poço de pedra no centro é uma das atrações, assim como a adjacente Piazza Duomo que está cheia de detalhes arquitetónicos interessantes.
Os frescos da Catedral Collegiata de Santa Maria Assunta, justificam a sua visita e o Museo Civico que fica dentro do Palazzo del Popolo, situado ao lado da catedral também merece uma paragem assim como o Museu de Arte Moderna e Contemporânea Raffaele Grada que possui uma boa coleção de pinturas do século XX.

Escalar a Torre Grossa (grande torre) no Palazzo del Popolo pode ser uma tarefa árdua com os seus 214 degraus íngremes, mas a vista do topo é de tirar o fôlego e é definitivamente uma das melhores coisas para se fazer em San Gimignano.

AREZZO E PISTOIA merecem uma visita pelos seus belos centros históricos. Arezzo fica no leste da Toscana, perto da Cordilheira dos Apeninos. É um centro rural, com forte tradição artesanal e importantes obras de arte. O coração da cidade é a magnifica Piazza Grande, mas todo o centro histórico é lindo e é possível que o reconheçam pois serviu de cenário a algumas cenas do filme de Roberto Benigni “A Vida é Bela”.

Pistoia, a meio caminho entre Florença e Lucca, é uma cidade mais tranquila, fora da rota turística principal. Aqui destaca-se a adorável Piazza Duomo e a animada Piazza della Sala.

GROSSETO é uma cidade agradável e tranquila na região de Maremma, no sul da Toscana. É esquecida pela maioria dos turistas por não ter nenhuma atração importante. Mas é um lugar agradável onde podemos sentir a verdadeira vida toscana, com uma bela praça central e um museu arqueológico interessante cheio de artefatos etruscos.
Podem chegar a Grosseto apanhando um comboio em Siena (demora entre 1h30 a 1h50)

VOLTERRA hoje em dia é famosa por duas coisas: Etruscos e vampiros (esta última graças à série Twilight de Stephenie Meyer).
Fica no cimo das colinas de Val di Cecina e é uma das mais belas cidades muradas da Toscana. Era um lugar mágico e surreal muito antes da saga Crepúsculo o colocar no mapa. Para alguns, isso vem do seu passado etrusco, visível na antiga Porta all'Arco e no Museu Etrusco Guarnacci, com a sua impressionante coleção de urnas funerárias etruscas e a famosa estatueta “Ombra della Sera“. Para outros, é a sensação medieval dos seus becos e casas de pedra, algo que o torna o cenário perfeito para um conto de vampiros. A Piazza dei Priori é um magnífico exemplo do que eram os espaços públicos medievais. E para adicionar à sua atmosfera misteriosa, existe a Rocca Nuova, uma prisão renascentista que se mantém em uso até hoje.

BORGO SAN LORENZO, um dos centros mais importantes do Vale do Sieve. Fica entre colinas, ciprestes e vilas Medici.
Entre as antigas ruas do centro histórico, destaca-se a igreja paroquial de San Lorenzo, do século X (onde podemos ver uma pintura da Madonna atribuída a Giotto) e o Palazzo del Podestà, um palácio do século XIV que exibe os brasões de todas as famílias nobres florentinas que governaram a cidade.
Borgo San Lorenzo possui uma forte tradição de olaria, desde que Galileu e Chino Chini fundaram a fábrica de cerâmica Fornaci San Lorenzo.

VIAREGGIO, outrora uma das estâncias balneares mais glamorosas da Itália, esta vila continua muito popular e mantém uma boa parte da arquitetura Art Nouveau pela qual é conhecida. Situa-se ao norte de Pisa e a oeste de Lucca, no norte da Toscana, na Costa de Versilia.

MONTEPULCIANO é uma cidade murada com vistas tão inebriantes quanto o seu "nobre" vinho tinto.

Fica situado a cerca de 60 km ao sul de Siena, e tem vista para dois dos mais belos vales da Toscana: o Val di Chiana e o Val d'Orcia. Lugares onde podemos degustar o seu famoso néctar “Vino nobile di Montepulciano”.

O Palazzo Comunale (Câmara Municipal) na Piazza Grande, vale uma visita assim como a Catedral de Santa Maria Assunta e várias igrejas renascentistas.

Montepulciano tem uma pequena estação ferroviária de nome Chiusi a poucos quilómetros da cidade. Autocarros fazem a conexão entre essa estação (que tem ligação direta a Florença) e a cidade de Montepulciano. Da estação rodoviária, podemos caminhar até ao centro histórico ou apanhar outro pequeno autocarro laranja.
O centro está fechado ao trânsito, exceto para moradores portanto, se estiverem de carro, parem num dos estacionamentos que ficam nos arredores da cidade.

SUGESTÃO DE ITINERÁRIO SE A VIAGEM FOR FEITA DE AUTOMÓVEL

Com este itinerário circular da Toscana, podem visitar alguns dos lugares mais icónicos da região, e fazer paragens ao vosso ritmo e de acordo com o tempo que tem disponível.

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1- Florença
2- Lucca
3- Pisa
4- Siena
5- Região do Val d´Orcia
6- Montepulciano
7- Arezzo
8- Regresso a Florença

 

Sex | 24.09.21

Longroiva Hotel Rural e Termal SPA

O Hotel Rural de Longroiva, situado no concelho da Mêda, localiza-se no terreno das antigas Termas de Longroiva, um lugar que desde o tempo da ocupação romana é reconhecido pelo seu valor simbólico e terapêutico.

As termas estão atualmente encerradas, mas ainda assim este hotel pode ser perfeito para uma escapadinha relaxante de outono… afinal a sua piscina exterior é aquecida a 30º C durante todo o ano e entre o Planalto Beirão e o Alto Douro não há falta de coisas para fazer.

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A primeira vez que vemos o hotel não podemos deixar de reparar na belíssima recuperação que foi feita do antigo edifício termal de cariz neoclássico datado do final do século XIX e a forma inteligente como este foi conectado com outro, de arquitetura moderna, onde estão agora a maioria dos quartos.

O check-in foi rápido e competente. O quarto reservado ficava na parte moderna do hotel e para lá chegar tive de apanhar o elevador e depois percorrer um enorme corredor. À vontade foram uns 10 minutos a andar, mas não me aborreci porque me fui entretendo com as muitas fotografias a preto e branco que decoravam as paredes e retratavam pessoas do inicio do século passado.

Passei também por algumas áreas que tinham equipamentos para usufruto dos hóspedes, como uma mesa de bilhar ou máquinas para a prática de exercício.

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O quarto era simples, de decoração moderna e tinha uma pequena varanda.
Era confortável o suficiente para passar umas noites descansadas e relaxadas. Ficava longe da receção, mas bem perto da piscina exterior aquecida. Bastava colocar o meu fato de banho e o roupão disponibilizado pelo hotel e logo estava na piscina 😊

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A piscina, sem dúvida era agradável e bem quentinha, mas também me pareceu um pouco descuidada na sua manutenção e muito pequena para o tamanho do hotel. Alguns dos jatos de água não funcionavam e os vidros em volta podiam estar mais limpos… Se estivessem mais hóspedes certamente a piscina e o espaço em volta, onde estão as espreguiçadeiras, iria ficar logo cheio, mas tive a sorte de não estar quase ninguém no dia em que lá fui.

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A sala onde é servido o pequeno almoço também ficava bem perto do quarto, o que era perfeito de manhã quando precisava de me dirigir ao buffet.  

A variedade e qualidade de produtos oferecidos no pequeno almoço era boa e incluia vários tipos de pão, croissants, panquecas, ovos mexidos, bacon, doces, cereais, fruta, etc

O hotel tem restaurante, mas não cheguei a ter oportunidade de experimentar por isso não posso dar uma opinião sobre o serviço.

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As experiências de saúde e bem-estar associadas às águas termais estão agora em pausa, mas perto do hotel temos o Vale do Côa, com a sua arte rupestre e, a menos de uma hora de distância, temos quatro aldeias históricas para visitar – Marialva, Trancoso, Castelo Rodrigo e Almeida.
Há ainda a possibilidade de fazer percursos pedestres nas redondezas, conhecer a pequena aldeia de Longroiva e seu castelo e realizar experiências vínicas.

O circuito pedestre das Termas de Longroiva tem 6,8 quilómetros, é acessível e faz-se em duas horas e meia.

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Se procuram um lugar para passar um fim de semana de paz e sossego neste inicio de outono, considerem esta região e uma estadia no Hotel Rural Longroiva.

Para mais inspiração sigam-me no Instagram e no Facebook

Tchau!
Travellight

Qui | 23.09.21

Conhecer o Vale do Côa, de dia… e de noite

O mês passado tive oportunidade de conhecer um dos lugares mais extraordinários de Portugal — O Vale do Côa.
Foi uma experiência muito interessante, mas o que a tornou realmente inesquecível, foi a oportunidade de ver a beleza do Vale durante o dia e depois visitar as suas famosas gravuras rupestres durante a noite.

fullsizeoutput_5e44Fotos: Travellight e H. Borges

Observando de cima, a paisagem é tão linda que nos tira o fôlego...
Imagino que há 25.000 anos atrás, já provocasse essa mesma reação aos homens do Paleolítico... Talvez por isso tenham escolhido este vale para se instalarem e para o embelezarem com a sua arte.

É verdade que nunca saberemos exatamente porque os nossos antepassados “grafitavam” a pedra. E teorias não faltam: Marcação de território, motivos religiosos, superstições, expressão artística… Possivelmente seria uma combinação de todos estes motivos, mas eu gosto de pensar que o principal era mesmo a arte e o desejo inerente ao ser humano de partilhar com os outros, aquilo que vê e aquilo que vive. Afinal ainda hoje fazemos isso.

O Museu de Foz Côa

O edifício modernista, de linhas retas, desenhado pelos arquitetos Camilo Rebelo e Tiago Pimentel, foi texturizado para parecer que existe em harmonia com a paisagem circundante de granito e xisto e o efeito foi muito bem conseguido. A sua inserção é notável e em nada diminui a beleza do local. Pelo contrário, acrescenta.

A entrada encontra-se no final de uma estreita passagem que a principio não te deixa ver a verdadeira extensão do museu.

Enquanto desces a rampa inclinada, ficas com a impressão que estás a entrar para dentro da terra e que nesse processo estás também a voltar atrás no tempo… Como se de repente descobrisses uma caverna que guarda segredos de um passado longínquo. Passas de uma luz imensa à penumbra e os teus olhos tem de se adaptar ao novo ambiente.

Lá dentro, encontramos réplicas em tamanho real dos exemplares de arte rupestre, coleções de vestígios arqueológicos, dioramas e alguns elementos interativos, que tornam toda a visita mais interessante e divertida.

Uma exposição temporária de obras de João Cutileiro — “Gravuras recentes e Outros Riscos” foi uma boa surpresa. E pareceu-me fazer todo sentido estar ali um “herdeiro moderno” da ancestral arte rupestre.

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O Restaurante

Terminada a visita ao museu, que bom foi poder encontrar, no próprio local, um restaurante que serve a boa gastronomia regional acompanhada por excelentes vinhos do Douro Superior e usufruir da vista extraordinária da Foz do Côa e do amplo terraço sobre o Douro Vinhateiro.

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Vila Nova de Foz Côa

A tarde foi reservada para conhecer Vila Nova de Foz Côa, conhecida como a “Capital da Amendoeira”. Uma vila pequena, mas bonita, com uma igreja matriz extraordinária.

A Igreja situa-se no centro da vila e foi incluída na primeira lista de imóveis classificados como monumentos nacionais em 1910.

Foi mandada construir pelo rei D. Manuel I, em invocação a Nossa Senhora do Pranto e na sua construção colaboraram mestres biscainhos, franceses e italianos. Destaca-se pela sua fachada decorada com motivos manuelinos, pelo seu teto de madeira pintada cujo elemento central é o escudo real, e pelas suas colunas inclinadas. As colunas estão tão inclinadas, que é surpreendente como ainda conseguem suportar o edifício 😮

Do outro lado da praça, frente à igreja, fica um bonito Pelourinho de pedra e a Câmara Municipal.
Para além destes monumentos e algumas capelas, Vila Nova de Foz Côa não tem grandes atrações, mas é agradável passear pela sua rua principal, ver a calçada decorada com os desenhos rupestres do Côa, espreitar as lojinhas e parar para beber um café numa das esplanadas.

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Castelo Melhor

De Vila Nova de Foz Côa segui para Castelo Melhor, uma pacata aldeia rural, com casario típico de pedra e monumentos interessantes como o Castelo, a Igreja Matriz e a Capela de Santa Bárbara.

A subida até ao Castelo é bastante inclinada, mas a vista lá de cima vale a pena o esforço.
Este é um dos melhores exemplos de fortaleza medieval secundária, erguida numa das zonas mais periféricas dos reinos peninsulares.
A obra original é leonesa e remonta aos inícios do século XIII, altura a que corresponde uma intensa fortificação da linha de Riba-Côa, zona constantemente disputada pelos monarcas português e castelhano. Foi neste contexto que Afonso VII, em 1209 ou 1210, mandou construir a fortaleza, dando-lhe simultaneamente foral, numa tentativa de consolidação populacional e militar, que se veio a revelar de relativa importância nos dois séculos seguintes.
Menos de um século depois, com o Tratado de Alcanices (1297), Castelo Melhor passou para a coroa portuguesa.

Hoje o edifício está praticamente em ruínas, mas pelo cartaz colocado na entrada, parece que há planos para começar a sua recuperação.

A aldeia de Castelo Melhor é uma das portas de entrada para o Parque Arqueológico do Vale do Côa e era do seu Centro de Receção que partia a minha visita guiada noturna para o vale.

Tinha pensado jantar por lá, antes da visita, mas não tive sorte. Não encontrei nada aberto, a não ser uma loja de souvenirs (de onde saí com um quilo de amêndoas deliciosas). Havia mais um café (taberna?) aberta, mas a senhora que se aproximou para me atender disse que nem uma sandes de queijo podia arranjar. Fiquei sem perceber se foi má vontade ou se não tinha mesmo nada…

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O Vale ao cair da noite

Passava pouco da oito da noite quando saímos da pequena e silenciosa aldeia de Castelo Melhor e o jipe desceu por um caminho acidentado e sinuoso de terra batida, passando por campos plantados com amendoeiras e oliveiras, em direção ao rio Côa.

Senti aquela excitação de quem ia finalmente ver parte de um património que é considerado o maior museu ao ar livre do Paleolítico de todo o Mundo — classificado em 1998 como Património Cultural da Humanidade pela UNESCO.

O sol lançava os seus últimos raios sobre o vale, quando o jipe parou nas margens duma grande praia fluvial na margem direita do rio Côa. A partir dali seguimos a pé até ao sítio de arte rupestre da Penascosa.

A noite foi caindo e as primeiras estrelas começaram a aparecer. Em breve enchiam o céu e aumentavam o meu sentimento de assombro. Estava quente — 23º C e os insetos atacavam-me impiedosamente, mas o incómodo era pouco e passou completamente quando paramos na primeira pedra e o guia apontou o forte feixe de luz da sua lanterna para os desenhos.
Diante dos meus olhos as imagens começaram a ganhar forma. Uns sobre os outros, foram aparecendo nos traços marcados há milhares de anos, cavalos, auroques (bois selvagens, atualmente extintos) e outros animais.
Sem o sol, "sob a luz artificial é mais fácil ver as gravuras" tinha me dito o guia, e realmente tinha razão. Conseguia ver tudo perfeitamente!

Por vezes era difícil entender exatamente "o que estava a ver", mas bastava o guia apontar para o desenho e tudo ficava claro.

A noite, já se sabe, aumenta a fantasia e esbate a realidade. O caminho escuro, o céu estrelado, o barulho do rio a correr ao longe, os morcegos a sobrevoar… Logo dei por mim a imaginar o mundo paleolítico. Vi uma manada de auroques a descansar na margem e um homem que à luz de uma fogueira contemplava com orgulho a sua obra: um belo cavalo. A nós pode parecer que o animal tem duas cabeças, mas na verdade o artista quis transmitir o movimento que viu o equídeo fazer. Disse o guia que esta foi a primeira cena de cinema da história, e se calhar tem razão…

Pedra a pedra, fomos descobrindo outras cenas de vidas passadas — “palavras” dos nossos antepassados que mostravam como deve ter sido fértil este vale.
Havia comida em abundância e água. Parece que eles não se limitavam a caçar, também pescavam. A gravura de um peixe grande prova isso.

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Foram duas horas e meia que passaram a correr.... Ficou a experiência e a lembrança de uma noite inesquecível!

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Tchau!
Travellight

Qua | 22.09.21

Tarte de castanha e chocolate com sabor a outono

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Hoje partilho convosco a receita perfeita para celebrar o inicio do Outono .-)

INGREDIENTES

4 ovos
400 ml de natas
100 g de chocolate de culinária
100 g de manteiga.
75 g de açúcar (cerca de 4 colheres de sopa)
30 bolachas Maria
1 colher (de chá) de essência de baunilha
Cacau em pó 70%
100 g de puré de castanha
200 g de doce de castanha
1 toque de licor de café

PREPARAÇÃO DA BASE DE BOLACHA

Derreta a manteiga (use o micro-ondas, é mais rápido, em temperatura baixa por cerca de 2 minutos).
Coloque as bolachas Maria numa picadora e transforme-as em pó.

Coloque a manteiga derretida por cima. A massa ficará quente e fácil de trabalhar. Acrescente a colher de sopa de essência de baunilha. Pode também, se o desejar, adicionar um pouco de farinha de castanha ou pedaços de castanha bem picados para dar mais sabor (este ponto é opcional).

Espalhe a mistura de bolachas com manteiga sobre a base de uma grande forma com fundo removível, de 22 cm de diâmetro. Pressione o fundo e as laterais com a ajuda de uma colher ou com os dedos e leve ao forno por cerca de 10 minutos a 180º C para que endureça e o excesso de líquido evapore um pouco.

Retire a base da forma e deixe esfriar antes de rechear com o creme de chocolate e castanhas.

PREPARAÇÃO DA TARTE DE CASTANHA E MONTAGEM FINAL

Coloque as natas numa panela sobre fogo médio. Quando estiver bem quente (sem ferver, apenas quente) junte o chocolate aos pedaços e um fio de licor de café. Deixe tudo derreter em fogo baixo, mexendo com uma colher de pau.

Numa tigela coloque os ovos e o açúcar. Bata até obter uma mistura homogénea, cremosa e não muito espumosa.
Junte o doce e o puré de castanhas (se não encontrar doce de castanhas pode usar apenas o puré de castanhas).
Mexa a mistura sem bater.

Quando o chocolate derreter com as natas, desligue o fogo e coloque a mistura de lado. Adicione a mistura de ovo, açúcar e puré de castanhas, misture bem sem bater e deixe descansar fora do fogo.

Quando arrefecer, despeje toda a mistura sobre a base de bolacha e coloque no forno pré-aquecido a 190º C entre 30 e 40 minutos.

Retire do forno e deixe esfriar no frigorífico por algumas horas.

Finalmente tire do frigorífico, desenforme e polvilhe o bolo com cacau em pó antes de o servir.

 

Receita retirada com adaptações do site www.recetasderechupete.com

 

Qua | 22.09.21

10 lugares para visitar em Espanha neste outono

Há muitas razões para visitar a Espanha no outono, há menos turistas, as temperaturas são amenas. Os dias continuam longos e as atrações e acomodações são mais baratas. O país celebra o seu feriado nacional mais importante — o Día de la Hispanidad a 12 de Outubro e há celebrações por todo o país.

O outono é uma ótima época para visitar Espanha, principalmente se decidirem viajar para um destes lugares:

Val d'Aran

OTOÑO_2_@val_d'aran_photosFoto: Visit Valdaran

A explosão cromática que ocorre nas florestas aranesas com a chegada do outono oferece-nos algumas das paisagens mais magníficas e idílicas que podemos desfrutar em Espanha. O cenário torna-se avermelhado, ocre e dourado por causa das abundantes espécies caducas, como faias e carvalhos, enquanto os picos das montanhas começam a tingir-se de branco com as primeiras neves.

Os dias claros e ensolarados são especialmente agradáveis para desfrutar da natureza à luz do outono e das pitorescas aldeias Aran, assim como as igrejas da Rota Românica de l'Aran.

É também um bom momento para passeios a pé ou de bicicleta (que podem ser longos demais para um dia quente de verão) e para conhecer a gastronomia e o artesanato popular nas feiras que se realizam em Bossòst, Les, Salardú e Vielha.

Penedés

DO_CAVA_Vinedo_Otono.width-1400Foto: Cava.wine

A região vinícola de Penedès, onde o Cava — a resposta da Espanha ao champanhe — é produzido, fica a menos de uma hora de carro de Barcelona.

Com edifícios históricos e longos trechos de vinha, esta região pitoresca é uma visita obrigatória. Nesta época do ano as uvas estão prontas para a vindima, pelo que as visitas às regiões vitivinícolas e as degustações de vinho devem fazer parte do roteiro de outono.


Parque Nacional de Ordesa y Monte Perdido

14.-Valle-de-Ordesa-3.-Fernando-GalindoFoto: Sobrarbe Digital

A norte de Huesca, nos Pirineus de Aragón, os amantes da montanha encontrarão um Parque Nacional único na Espanha: o de Ordesa y Monte Perdido.  Quatro vales (Añisclo, Escueta, Ordesa e Picuaín) e um pico, o Monte Perdido, compõem um cenário magnifico onde convivem diferentes ecossistemas. É um paraíso natural com pradarias, enormes bosques, incríveis glaciares, neves eternas e uma singular paisagem forjada durante milhares de anos. É a seção mais espetacular dos Pirenéus espanhóis e as cores outonais profundas das florestas antigas de Ordesa, além das suas incríveis formações rochosas, fazem certamente deste Património Mundial da UNESCO um forte candidato a melhor destino de outono.

Castañar de el Tiemblo

castañar-de-el-tiemblo-con-niebla-28Foto: Explora Tu Ruta

Uma visita a esta encantadora floresta de castanheiros perto de Ávila é um passeio perfeito de um dia, saindo de Madrid. Se o vosso objetivo é ver as cores do outono em toda a sua glória, este é um lugar fabuloso para assistir ao espectáculo de castanhos, vermelhos e dourados da estação.
O espaço está inserido na Reserva Natural Valle de Iruelas, e é um dos mais espetaculares, antigos e mais bem preservados bosques de castanheiros da Europa.

Sierra de Aracena

JGB7103Foto: Casa Rural Aracena

Esta é a Andaluzia que poucos conhecem bem, uma paisagem antiga com florestas e caminhos que proporcionam alguns dos passeios mais agradáveis ​​de Espanha. O melhor de tudo é que Aracena fica a pouco mais de uma hora do centro de Sevilha, o que a torna o refúgio de outono perfeito para quem mora ou está de visita à cidade. Ah, e o jamón ibérico local está entre os melhores da Espanha!

Numa ondulação de colinas arborizadas que partem da vila de Aracena em direcção à fronteira com Portugal, a reserva natural Sierra de Aracena e Picos de Aroche não só protege a paisagem como também o espaço onde são produzidos famosos presuntos, queijos de cabra e de ovelha, mel de flor silvestre e cogumelos silvestres.

Cartagena

es-region-of-murciaFoto: Itinari.com

A região de Múrcia, na Espanha, é tristemente esquecida por muitos turistas, mas as pessoas estão a começar a descobrir os prazeres da adorável Cartagena. Com temperaturas máximas médias de 21 graus em novembro, mais de 2.000 anos de história e um teatro romano como prova, este é um sucesso garantido para os viajantes do outono. Um festival de jazz durante a maior parte de novembro só aumenta o seu apelo.

Sierra de Francia

otono-en-sequeros-sierra-de-francia-salamanca-89813-xlFoto: Turismo de Observacion

Apesar do nome, esta região não tem nada a ver com a França e, na verdade, fica mais perto da fronteira portuguesa em Castela e Leão. Este belo canto da Espanha está cheio de florestas, riachos e aldeias históricas escondidas como La Alberca.

Raramente visitada por turistas, esta é uma parte única do país e é particularmente bonita no outono.

Parque Natural Gorbea

16026850354742Foto: El Mundo

Se procuram as cores do outono, sigam para o norte, em direção à floresta Otzarreta, localizada no Parque Natural ao redor do Monte Gorbea, no País Basco. É um dos melhores lugares da Espanha para ver a mudança de cores quando a paisagem se transforma numa paleta de vermelhos vibrantes, amarelos e castanhos profundos.

Las Medulas

leon-bierzo-las-medulas-orellan-003Foto: Guias Viajar

Esta incrível paisagem na fronteira entre a Galiza e Castela e Leão vale muito a pena conhecer. Outrora a mina de ouro mais importante do Império Romano, os arqueólogos também descobriram vários assentamentos romanos nas proximidades. Com a sua terra vermelha e colinas arborizadas, é um ótimo lugar para desfrutar de passeios outonais.

La Rioja

marquesFoto: Revista El Conocedor

Em La Rioja, uma pequena região no norte da Espanha, é fácil sentirmo-nos um pouco atordoados - e não é apenas pela quantidade interminável de grandes vinhos (há cerca de 1.200 viticulturas em La Rioja). É também pelo cenário, principalmente no outono. É pelas belas fileiras de oliveiras e vinhas que marcam cada colina, pelas aldeias medievais muradas cujos castelos coroam as falésias mais altas; Pelos céus azul claros que num dia de sol contrastam com a rica tapeçaria formada pelas folhas douradas e vermelhas que caem no chão.

Para os que preferem a arquitetura moderna às sinuosas ruas do centro histórico de Logroño — a capital de Rioja, a região também não decepciona. Trabalhos de Santiago Calatrava, Frank Gehry e Zaha Hadid, surgem da paisagem rural como naves espaciais futuristas transplantadas de outra dimensão. Para os foodies, também há chefs com estrelas Michelin como Ignacio Echapestre em Venta Moncalvillo e Francis Paniego em El Portal del Echaurren que oferecem versões inovadoras da cozinha tradicional basca.

Sex | 17.09.21

Alva Valley Hotel

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O Alva Valley Hotel fica na confluência dos Rios Alvôco e Alva, na pitoresca Ponte das Três Entradas, a cerca de 10 km de Oliveira do Hospital.
É um hotel 3 estrelas, simples, mas que surpreende pelo cuidado e atenção que dedica ao hóspede. É um lugar onde nos sentimos mesmo bem recebidos!

O quarto onde fiquei hospedada era espaçoso, tinha uma decoração contemporânea, uma máquina de café e uma grande varanda com quatro cadeiras, uma mesa e uma bela vista para a Serra. A cama era confortável e a roupa de cama era de qualidade.
Na casa de banho estavam disponibilizados produtos de higiene pessoal e um kit que incluía um pente, escova de dentes, gilette, etc.

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O restaurante do hotel, infelizmente estava encerrado e foi-me indicado outro que ficava próximo, mas a canseira do dia, que já ia longo e a falta de vontade de enfrentar uma estrada estreita e sinuosa à noite, fez-me optar por ficar no agradável bar do Alva Valley. E não posso dizer que fiquei mal servida com a bela tosta que me puseram à frente :-)

O pequeno almoço foi igualmente bom. Apresentava uma variedade de produtos que iam desde os habituais ovos mexidos e bacon, passando pelos queijos, fiambre, iogurtes, cereais, fruta… até às deliciosas mini bolas de berlim e pasteis de nata.

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Os funcionários são a estrela deste hotel. São poucos, mas nota-se que tem prazer e brio no seu trabalho. São polivalentes, muito simpáticos e solícitos. Estão sempre prontos a ajudar no que for preciso e oferecem boas sugestões e informações sobre o que podemos ver e fazer nas redondezas… Hoje em dia é tão raro ver este tipo de dedicação que eles merecem mesmo uma palavra especial.

Recomendo muito este hotel para quem vai visitar a região de Oliveira do Hospital, Tábua ou até Piódão.

 

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Qui | 16.09.21

Tiborna de bacalhau

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O termo tiborna vem das provas de azeite novo, com o qual é comum untar-se, ainda hoje, o pão. A conjugação deste azeite novo com o bacalhau é muito comum na gastronomia tradicional portuguesa, principalmente nas Beiras.

Se estão sem ideias para o jantar de hoje, experimentem fazer esta receita. É de comer e chorar por mais!

INGREDIENTES

600 g lombos de bacalhau congelados

8 dentes de alho
4 colheres (de sopa) de azeite
150 g cebolinhas
500 g couve-lombarda
1 kg couve portuguesa
sal (a gosto)
500 g broa de milho
100 g azeitonas pretas
½ molho de salsa

PREPARAÇÃO

Pré-aqueça o forno a 180˚C.

Num tabuleiro de forno, disponha os lombos de bacalhau previamente descongelados. Acrescente os alhos esmagados e regue tudo com uma colher de sopa de azeite.
Junte as cebolinhas descascadas e leve ao forno durante 15 minutos.

Retire do forno, deixe arrefecer um pouco e lasque o bacalhau grosseiramente. Reserve.

Numa panela, coza as couves (cortadas grosseiramente) em água temperada com sal. Com uma escumadeira, retire quando estiverem tenras mas ainda crocantes.

Num prato fundo de servir, disponha a broa partida em pedaços. Junte as couves alternadamente.
Em seguida, distribua o bacalhau lascado e regue com o azeite do assado. Acrescente os alhos esmagados, regue com azeite e decore com azeitonas e a salsa em rama.

Está pronto a servir!

 

Receita retirada do site www.pingodoce.pt

Qua | 15.09.21

O Mágico Trilho dos Gaios

Há lugares que pela sua beleza e encanto ficam para sempre connosco — O Trilho dos Gaios é um desses lugares.

Localizado na pequena aldeia rural de Vale de Gaios, entre Tábua e Midões, em plena Beira Alta, o Trilho dos Gaios é um percurso construído com passadiços de madeira colorida que nos conduz até a um mundo encantado de vegetação frondosa e bonitos cursos de água.

fullsizeoutput_5e17Fotos: Travellight e H. Borges

A manhã começou triste e nublada… a ameaçar chuva. Quase desisti de fazer o trilho, mas a temperatura agradável convenceu-me a continuar. Ainda bem que o fiz porque as nuvens dispersaram-se assim que pisei a primeira tábua de madeira e em pouco tempo descobri como é especial este lugar.

Os originais passadiços e pontes de cor azul, vermelha e verde tornam-o único, mas ainda que lá não estivessem, a magia seria igual.

Senti-me a andar numa mata encantada, num daqueles cenários que só vês nos filmes de princesas da Disney.
Os raios de sol espreitavam pelas copas das árvores iluminando as águas límpidas do Rio Cavalos que em certos trechos murmurava baixinho e noutros cantava alto quando se precipitava em pequenas cascatas pelos ribeiros que outrora alimentaram moinhos de água e azenhas.

Interessantes formações rochosas, cobertas de musgo acrescentavam beleza ao trilho e o orvalho matinal que àquela hora ainda cobria as folhas, transmitia frescura.

Os passarinhos chilreavam alegres por todo o lado. A paz era completa… Um santuário natural de beleza ímpar.

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O Trilho dos Gaios, conta ainda com uma pequena zona balnear e zona de piqueniques que no pico do verão deve fazer muito sucesso.
Eu visitei em finais de Agosto, mas este lugar também deve ser maravilhoso “pintado” com as cores do Outono.
Fica aqui a sugestão!

Vivo a natureza integrado nela. De tal modo, que chego a sentir-me, em certas ocasiões, pedra, orvalho, flor ou nevoeiro. Nenhum outro espectáculo me dá semelhante plenitude e cria no meu espírito um sentido tão acabado do perfeito e do eterno.

                 — Miguel Torga, in "Diário (1942)"

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Sex | 10.09.21

Pousada de Viseu

A Pousada de Viseu é um unidade hoteleira edificada no antigo Hospital de São Teotónio, um dos hospitais mais antigos desta cidade da Beira Alta. Com vistas para o centro histórico da cidade, este edifício foi totalmente reconstruido e adaptado pelo arquiteto Gonçalo Byrne em 2009, transformando-se num marco da paisagem do centro urbano mais tranquilo de Portugal.

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Assim que entramos na Pousada de Viseu ficamos impressionados com o enorme e luminoso átrio rodeado pelos claustros que antes abrigavam o jardim interior do hospital e hoje rodeiam o salão do restaurante e o bar do hotel.

O check in foi rápido e eficiente, com todos os cuidados que a situação atual exige.
Os quartos são confortáveis e têm uma decoração simples e contemporânea, alguns tem varandas.  Na casa de banho os produtos de higiene pessoal são da marca Castelbel, que eu adoro.

A decoração dos espaços comuns também é minimalista, mas tira bem partido das características arquitetónicas do antigo edifício e utiliza interessantes fotografias da remodelação como quadros para decorar as paredes de pedra.

A área da piscina exterior, com um deck de madeira e uma zona com relva, é atraente, apesar da vista da piscina para um parque de estacionamento ser dececionante e todo o local ficar na sombra a partir do meio da tarde...

Não há falta de espreguiçadeiras e há um bar de apoio à  piscina.

Os funcionários são simpáticos e prestáveis, mas parecem ser poucos para o número de hóspedes do hotel. O restaurante, bar da piscina e SPA estavam um pouco desfalcados. No Magic Spa, por exemplo, a funcionária que estava na receção era a mesma que fazia as massagens e tratamentos. Passei por lá 3 vezes e nunca consegui ser atendida…

A piscina interior aquecida é pequena, mas agradável. Como medida covid é necessário reservar um horário para usufruir deste serviço.

O hotel também tem um pequeno ginásio, com equipamento de cardio-fitness e máquinas de treino de resistência e pesos. O banho turco e a sauna não estão atualmente a funcionar.

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O buffet de pequeno almoço é amplo e variado. Oferece desde os produtos habituais como várias qualidades de pão, queijos, ovos, fruta, iogurtes, cereais, etc, até mimos como favos de mel e miniaturas de bolos, inclusive os famosos viríatos de Viseu.
O horário para tomar o pequeno almoço tem de ser reservado com antecedência.

O jantar no restaurante do hotel, vale pelo ambiente proporcionado pelo grandioso salão e pela cozinha regional de alta qualidade.

 

O Wi-fi é gratuito e funciona bem. O estacionamento, para quem precisa, também é gratuito.

A Pousada fica próxima do centro histórico e das atrações principais da cidade, por isso é uma boa opção de estadia para quem visita Viseu.

 

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Qui | 09.09.21

Viriatos

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Os Viriatos são bolos em forma de V que herdaram o seu nome do herói mítico de Viseu. A marca "Pastel de Viriato" foi registada pela Confeitaria Amaral em 1995, mas a receita original, diz-se, foi criada em 1955, quando uma brigada técnica da “Fábrica Portuguesa de Fermentos Holandeses, Lda” deslocou-se à cidade de Viseu para fazer demonstrações acerca da forma de produzir um pão melhor e mais saboroso e desenvolver novos produtos.
Foi aí que pela primeira vez foi fabricado e servido no Restaurante Royal um pão doce regional em forma de V denominado viriato. As Padarias da Beira, A Padaria Serra, a Padaria Madeira e tantas outras, adotaram a receita e passaram a confecionar o agora familiar bolo doce que rapidamente se popularizou junto dos habitantes da cidade de Viseu.

Espreitem em baixo a receita 😃

INGREDIENTES

1 kg farinha (tipo 65) 
5 ovos +  3 ou 4 (para pincelar)
300 g de coco ralado
100 g de açúcar
100 g de margarina
sal (a gosto)
30 g de fermento de padeiro

PREPARAÇÃO

Numa tigela grande coloque a farinha, o fermento dissolvido em água, a margarina, 2 ovos e o sal.

Amasse tudo com as mãos por cerca de 15 minutos até obter uma massa consistente que deve deixar levedar durante cerca de uma hora.

Noutra tigela amasse, com as mãos, o coco ralado, o açúcar e 3 ovos de modo a obter uma massa macia de tom amarelado.

Numa nova taça misture 3 ou 4 ovos com um pouco de açúcar e umas colheres de sopa de água, para formar a calda que irá ser usada para “pincelar” a superfície dos bolos.

Corte a massa levedada em pedaços e coloque-os sobre uma tábua. Estenda cada pedaço com o rolo da massa até atingir à espessura de 0,5 cm numa superfície com 30 a 40 cm de largura.

Pincele a superfície com a calda de ovo, açúcar e água. Coloque por cima uma camada da massa doce de coco. Dobre a massa sobre a parte que foi coberta com a calda e a camada doce. Alise com a mão a nova superfície exterior e volte a pincelar esse lado com a calda e com mais uma fina camada de coco, ovos e açúcar.

Com uma espátula, recorte os bolos em forma de “V”, dando-lhes um pequeno golpe no lado mais largo para definir as hastes do simbólico “V”.

Coloque os bolos num tabuleiro e leve-os a um forno aquecido a uma temperatura de 220º / 230º graus. Deixe assar durante 10 a 15 minutos.

Quando estiverem dourados retire os viriatos do forno e, com um peneira, polvilhe os bolos com açúcar em pó.

 

Receita retirada com pequenas adaptações do site visitviseu.pt

 

Qua | 08.09.21

Escapadinha de fim de semana a Viseu

A bonita cidade de Viseu tem vários títulos: “Cidade Jardim”, a “Melhor Cidade para Viver em Portugal” ou “Cidade das Rotundas”, mas ela é muito mais do que os seus títulos. É uma cidade que nos conquista com a sua história, monumentos, boa gente, boa comida e bom vinho. O que mais podemos desejar num destino de férias?

fullsizeoutput_5dc9Fotos: Travellight e H. Borges

Hospedei-me na Pousada de Viseu, antigo hospital da cidade que depois de recuperado foi convertido em hotel e assim que pousei a mala, parti logo à descoberta.

Bastou descer por umas escadas que atravessavam um parque de estacionamento e rapidamente me vi no centro histórico. Era muito cedo e as ruas estavam praticamente vazias. Pude observar por isso, com toda a calma e sossego, os detalhes arquitetónicos, as vielas sinuosas, os monumentos e os vários murais de arte urbana.

Passei pela Porta de Soar — uma, das sete portas originais das muralhas que o rei D. João I mandou construir para proteger a cidade dos vários ataques das tropas castelhanas.

Fica no topo da Rua Nunes de Carvalho e é uma majestosa estrutura do século XV, encimada por uma pedra de armas e por uma figura de São Francisco, santo tutelar da porta, que nos convida a entrar no antigo burgo medieval de Viseu. A ladear a porta podemos ainda observar o que resta da imponente muralha, cuja construção demorou cerca de 70 anos, tendo sido terminada apenas no reinado de Afonso V, adquirindo por isso o nome de muralha Afonsina.

Deambulando pelas ruas vi uma pequena capela do séc. XVIII, dedicada a Nossa Senhora dos Remédios, a Fonte das Três Bicas e uma lage de pedra trabalhada que adorna o pavimento da Antiga Judiaria.

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Ao chegar ao adro da imponente Sé Catedral fiquei surpreendida com a quantidade de carros estacionados que enchiam a Praça… confesso que estragaram um pouco o encanto daquele lugar onde também fica a a Igreja da Misericórdia e o Museu Nacional Grão Vasco.

A Catedral de Santa Maria de Viseu foi edificada no início do século XII, associada a um paço condal e a um castelo, e sofreu, entre os séculos XIII e XVII inúmeras transformações que explicam os diferentes estilos (romano, gótico, barroco) que hoje apresenta. No seu interior podemos observar o primeiro claustro renascentista de Portugal e uma magnifica “abóbada de nós” do século XVI, bem como o braço relicário de São Teotónio, primeiro santo português. No piso superior, na antiga Sala Capitular, encontra-se um Museu dedicado ao Tesouro da Sé.

Do lado esquerdo da catedral fica o Museu Nacional Grão Vasco, fundado em 1916 que abriga obras do admirável pintor renascentista português Vasco Fernandes (conhecido como Grão Vasco) e de outros pintores, como Columbano Bordalo Pinheiro, José Malhoa ou Alfredo Keil.
Atualmente está também patente uma exposição temporária muito interessante intitulada “Identidades Portuguesas - Pintura de Viagens”

De frente para a catedral, surge-nos a bonita igreja da Misericórdia. Edificada no século XVI, guarda no seu interior um magnifico órgão de tubos da segunda metade do século XVIII e uma tela pintada a óleo da autoria de José de Almeida Furtado — o “Pintor Gata”, artista viseense do século XIX. Este edifício alberga, ainda, um núcleo museológico com um acervo composto por mais de uma centena de objetos que dá a conhecer a história e as figuras que ao longo de séculos deram corpo a uma das instituições mais antigas do país.

Contornei a Catedral e cheguei até ao Largo São Teotónio. Continuei a andar e alcancei a Praça D. Duarte onde se encontra a estátua deste Rei, nascido em Viseu em 1391.

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Por esta altura já era hora de almoço e resolvi parar no Restaurante Porta 64 para comer. O serviço foi muito bom e a comida excelente, principalmente o arroz de costeletinhas em vinha de alhos.

De barriga cheia e alma feliz, voltei ao passeio e caminhei até à Rua Formosa, a mais nobre via da cidade de Viseu. Existe aqui um estátua dedicada ao escritor Aquilino Ribeiro, um filho da terra, e do outro lado, quase no final da rua, protegida por um piso de vidro, encontramos uma pequena parte de uma antiga muralha romana.

Um pouco mais à frente, numa rotunda, encontram-se vestígios de outra parte da muralha.

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Viseu é uma cidade que remonta à Idade do Ferro e foi conquistada pelos romanos que a ocuparam,  apesar da forte oposição dos lusitanos liderados por Viriato que por cinco anos desafiaram as legiões romanas, antes de Decimus Junius Brutus estabelecer ali um acampamento.

A cidade honra este herói lusitano até hoje, com uma estátua que recorda a sua proeza, na chamada Cava de Viriato.

…E por falar em Cava de Viriato, este é um dos maiores mistérios da história da cidade de Viseu e da arqueologia portuguesa. É uma das mais emblemáticas obras de engenharia da Península Ibérica e corresponde a um monumento de planta octogonal, composto por oito taludes em terra, associados a fossos de água.

Até hoje subsistem muitas dúvidas sobre o porquê e quem foi o autor de tão possante monumento, mas parece que a sua associação a Viriato não passa de uma lenda…

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Um pouco distante do centro histórico fica o Parque do Fontelo, um jardim renascentista, de influência italiana, que pertenceu ao Antigo Paço Episcopal. É um espaço verde muito agradável, com lugar para fazer piqueniques e praticar desporto.

Adorei a escultura do lobo que está empoleirado numa rocha alta. Pensei que havia alguma lenda por trás desta figura, mas ao pesquisar descobri que afinal não há lenda nenhuma.
Aparentemente este lobo fazia parte da estátua original do Viriato, mas os responsáveis da altura não gostaram e mandaram retirar o animal do monumento. Foi aí que alguém se lembrou de pôr o lobo no Fontelo. E ainda bem, porque ele fica muito bem lá!

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De regresso ao centro da cidade, a hora do lanche foi a desculpa perfeita para provar uma das especialidades locais — os doces viriatos 😋

Aproveitei também para dar uma volta pela Praça da República, conhecida como Rossio. O painel de azulejos que embeleza um dos lados da praça é absolutamente maravilhoso.

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Fiquei com pena de este ano, por causa da pandemia, ter sido cancelada a Feira de São Mateus, uma das feiras mais antigas de Portugal, mas paciência fica para o ano…

Viseu está localizada no coração da região do Dão, por isso uma visita ao Solar do Vinho do Dão ou antigo Paço Episcopal é praticamente obrigatória.
O Solar remonta ao século XII e foi a residência permanente dos bispos de Viseu até ao início do século XX. É uma Casa cheia de histórias, que alberga hoje a Comissão Vitivinícola Regional do Dão e é o local de partida de uma das rotas mais sensoriais de Viseu — a Rota do Vinho do Dão

Quem gosta de andar de bicicleta e visita Viseu, tem também a possibilidade de percorrer a maior ciclovia de Portugal.
A Ecopista do Dão, como é chamada, fica localizado na antiga linha férrea do Dão (desativada em 1988) e é o local perfeito para descobrir paisagens deslumbrantes, antigas estações de comboios, pontes, o rio Dão e o rio Paiva e até uma locomotiva a vapor.
A ciclovia começa na Rua Adelino Azevedo Pinto em Viseu e termina na estação ferroviária de Santa Comba Dão, tem uma extensão de 49 km (98 km de ida e volta).

Como podem ver, motivos bons não faltam para visitar esta bonita cidade do Centro de Portugal!

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