Ensaïmada é o delicioso pão doce tradicional da ilha espanhola de Maiorca. A sua origem não é muito clara mas certamente os árabes que ocuparam a região do século VIII ao século XIII tiveram influência na receita.
Não são difíceis de fazer, mas exigem um pouco de paciência, pois a massa deve crescer várias vezes. Originalmente, as ensaïmadas eram apenas pães doces polvilhados com açúcar, mas no século passado os padeiros começaram a enchê-los com creme, "cabello de angel" (doce de abóbora) ou doce de amêndoa.
A receita que aqui partilho é com doce de amêndoa:
INGREDIENTES
500 g de farinha simples, mais o extra para enfarinhar 150 g de açúcar 2 colheres (de chá) de fermento 1 pitada de sal 200 ml de leite quente 2 ovos batidos óleo (para untar) açúcar de confeiteiro, para decorar
PARA O DOCE DE AMÊNDOA
100 g de açúcar refinado 100 g de manteiga amolecida 100 g de amêndoas moídas algumas gotas de extrato de amêndoa algumas gotas de água de flor de laranjeira (opcional)
PREPARAÇÃO
Primeiro faça a massa do pão. Coloque a farinha, o açúcar refinado e o fermento na tigela da batedeira, com uma pitada de sal. Misture.
Aqueça o leite numa panela até ficar morno e depois misture-o com os ovos. Com a batedeira ligada, vá adicionando à tigela com a farinha, o leite e os ovos, aos poucos, até obter uma massa pegajosa. Continue a bater a massa até esta ficar macia e lisa.
Transfira para uma tigela untada com óleo e cubra com um pano húmido até que cresça; isso leva algumas horas. Como alternativa, faça à mão, vire a massa sobre uma superfície levemente enfarinhada e amasse até a massa ficar lisa.
Para o recheio de amêndoa, bata o açúcar e a manteiga até ter uma mistura fofa e homogénea e, em seguida, adicione as amêndoas, o extrato de amêndoa e a água de flor de laranjeira (opcional).
Transfira a massa para uma superfície levemente enfarinhada e divida em 16 pedaços. Mantenha os pedaços cobertos com um pano húmido até ao momento de utilizá-los.
Enrole cada pedaço de massa numa bola e, em seguida, abra-a até ter um circulo de 15–20 cm de diâmetro.
Espalhe o recheio com uma colher de sobremesa sobre a massa estendida, deixando uma pequena margem a toda a volta.
Enrole com força e depois role até formar uma espécie de salsicha longa, com cerca de 25 cm de comprimento.
Enrole então a massa como uma concha de caracol, enfiando a extremidade externa por baixo. Certifique-se de fazer isso com bastante folga, caso contrário, as voltas do meio não terão espaço suficiente para crescer.
Repita o mesmo processo com os restantes pedaços de massa e depois coloque as ensaïmadas em duas assadeiras e cubra novamente com um pano húmido para fermentar por mais uma hora (ou mais) até dobrar de tamanho.
Pré-aqueça o forno a 180 ºC. Asse por cerca de 12 minutos ou até dourar levemente e estar cozido.
Deixe esfriar e polvilhe com açúcar de confeiteiro antes de servir.
Destino popular de férias de verão, Palma, a capital da ilha de Maiorca, é uma cidade à beira mar plantada com um centro histórico deslumbrante que encanta os visitantes com os seus monumentos imponentes, arquitetura maravilhosa e estilo de vida descontraído.
Dois dias pode ser pouco para descobrir os seus segredos, mas com certeza é o suficiente para nos deixar com vontade de regressar.
Fotos: Travellight
A escapadinha de fim de semana foi marcada em cima da hora. Estávamos numa altura em que para apanhar o avião não era preciso pensar muito…
Para mim Palma era um regresso, mas para quem me acompanhava era uma novidade. A sugestão foi acolhida com algumas reservas e desconfiança, por isso senti que era responsabilidade minha encantar, conquistar e provar que aquele era um destino extraordinário.
A chegada tardia e o cansaço de uma viagem após um dia longo de trabalho não permitiu começar a explorar a cidade logo na sexta feira, mas sábado, bem cedo pela manhã, estávamos na Calle, ou melhor, na Plaça.
Perto do nosso hotel, próximo da Plaça d'Espanya, a caminhada mal tinha começado quando paramos no Mercat l'Olivar atraídos primeiro pelo barulho, depois pelas cores e sabores das bancas de mercado.
Os mercados são óptimos lugares para sentir a vibração local. São um deleite para os olhos (e não só), funcionam com uma espécie de micro cosmos da cidade. Eu gosto de ver o que as pessoas põe no saco para levar para casa, imaginar o que vão cozinhar, ouvir as conversa que tem uns com os outros e com os feirantes, os comentários sobre as notícias, os programas de televisão, o último jogo de futebol... Gosto de ver o que provam, o que bebem, o que os anima… Como se diz em bom português: gosto de cuscar!
— Começamos bem, pensei assim que vi que quem me acompanhava já tinha um sorriso estampado no rosto.
Era cedo para experimentar umas tapas e uma taça de vinho, por isso concordamos em voltar mais tarde e continuamos o nosso caminho até a Calle Sant Miquel que abriga uma infinidade de capelas, igrejas, edifícios históricos, lojas originais, cafés e restaurantes.
A Calle Sant Miquel é uma das ruas mais movimentadas de Palma. Tem 650 metros de extensão e vai da Avenida Joan March até à Plaça Mayor. No seu extremo norte fica o Centro de Historia y Cultura Militar, um edifício do século XIII que alberga atualmente um importante e extenso legado documental e bibliográfico. A exposição ocupa parcialmente a primeira das três alas que rodeiam o outrora Convento de Santa Margalida e entre as suas curiosidades destaca-se uma farmácia de 1857, doada pela Rainha Isabel II de Espanha.
Um pouco mais longe do museu, a estrada asfaltada passa a ser apenas para pedestres.
Seguindo em frente passamos pela Plaça Porta Pintada que conecta a Calle Sant Miquel à Plaça d'Espanya — o principal centro de transporte público de Palma.
É na Plaça d'Espanya que podemos apanhar o Ferrocarril de Sóller, um comboio tradicional de madeira que desde 1912 percorre a distância entre Palma e Sóller com paragem em Bunyola.
Foi o sucesso do comércio de laranjas de Sóller no início do século XX que levou à necessidade de uma rota acessível para Palma. A viagem de comboio leva-nos por uma rota espetacularmente panorâmica pela Serra de Tramuntana e atravessa um túnel de 2.856 metros na Serra de Alfábia que levou quatro anos para ser construído.
A antiga estação do Ferrocarril, agora fechada e convertida num café com esplanada, está localizada a apenas 75 metros da estação ferroviária e rodoviária Intermodal da Plaça d'Espanya. Vale a pena conhecer a charmosa estação e tomar um café na esplanada antes de regressar para a Calle Sant Miguel e foi exatamente isso que fizemos antes de seguir até à Basílica de Sant Miquel.
Pensa-se que foi nesta basílica que a primeira missa após a conquista cristã de 1229 foi celebrada…
Continuando ao longo da Calle Sant Miquel encontramos o Museo Fundación Joan March. A entrada é gratuita e exibe obras de arte de alguns dos mais proeminentes artistas espanhóis do século XX. Picasso, Dalí e Joan Miró, estão entre os artistas apresentados.
A Calle Sant Miquel termina na Plaça Mayor, que já foi a sede da inquisição e agora é um centro movimentado usado para feiras e apresentações de artistas de rua.É a praça central da cidade, onde se misturam locais e turistas… claramente é o lugar onde todos vem para ver e serem vistos.
Sinto sempre um arrepio ao imaginar um tribunal da Inquisição ali onde hoje se tiram fotografias, se namora ou se bebe sangria. Será que a alegria do presente consegue apagar o terror de outrora? Para quem tem uma imaginação ativa como eu às vezes é difícil, por isso desprezando a sugestão para almoçar numa das esplanadas, preferi contornar a Plaza Mayor e na Plaça del Marques del Palmer admirar a fachada de azulejos coloridos e a varanda peculiar do Edificio Can Forteza Rey.
A obra idealizada por José Forteza Rey Aguiló, joalheiro maiorquino, parece ter sido inspirada no estilo Modernista de Gaudí.
Seguimos em direção à Plaça Cort, onde está situado o Ajuntament (câmara municipal) um edifício de estilo barroco do século XVII, e um dos ícones mais populares de Palma — uma oliveira com mais de 600 anos!
Esta velha e enorme árvore, conhecida como Olivera de Cort, foi trazida de uma quinta de Pollensa, na Serra de Tramuntana, para ser plantada em 1989 na Plaça de Cort como um símbolo de paz e da ilha de Maiorca.
Existem alguns restaurantes e cafés em redor da praça e a sorveteria Giovanni's destaca-se porque é conhecida por fazer entregas na Casa Real Espanhola. Acabamos por almoçar na esplanada do restaurante do Hotel Mamá e ficamos virados para a Oliveira divertindo-nos a procurar rostos no seu tronco nodoso, incluindo uma orelha, a que chamam “Orella de Mallorca” (não vimos nada 😜).
Hora e meia depois (que gostamos de almoços demorados), voltamos à rua e na Calle Palau Reial, admiramos o impressionante edifício neogótico Consell Insular.
Entre aqui e a Catedral de La Seu estão vários museus e palácios fascinantes, como a Marcha Fundacio Bartomeu (que apresenta interessantes exposições e concertos de música clássica) e o Palau de la Almudaina, um palácio medieval deslumbrante que atualmente é a residência oficial da família Real Espanhola quando ela visita Mallorca.
Passamos ainda por um grande arco gótico chamado Arc de la Drassana Reial, que já foi a porta de entrada para as docas reais e por fim avistamos a Catedral La Seu.
Para quem gosta de arquitetura, história e arte, a magnífica catedral do século XIV é sem dúvida o destaque de qualquer visita a Palma.
É uma das estruturas góticas mais altas da Europa. Fica situada acima do Parc de la Mar e oferece uma vista soberba a quem chega por mar. Demorou quase quatro séculos a concluir e a sua fachada neo-gótica é realmente maravilhosa.
Por dentro, a luz quase etérea, o espaço imponente e toda a arte sacra são simplesmente de tirar o fôlego.
A história de La Seu começou com a chegada de Jaime I a Maiorca. Conta-se que lutando contra o mar agitado, com a sua frota de navios e homens a enfrentar grande perigo, o jovem rei jurou que se tivesse sucesso na sua missão de livrar a ilha dos mouros, ele construiria uma enorme catedral. Foi o que acabou por acontecer e a La Seu (que significa cátedra ou a cadeira do bispo), foi construída no local da mesquita que ficava em frente ao Palácio Real de La Almudaina durante a ocupação mourisca de Maiorca.
Entrando na Catedral conseguimos facilmente entender por que muitos a chamam de "Catedral da Luz". No total, são 61 vitrais em La Seu — o mais espetacular é a rosácea central, que aproveita o sol da manhã e inunda o edifício de feixes de luz colorida.
Muitos desconhecem este facto, mas no início do século XX, La Seu sofreu algumas mudanças pelas mãos do arquiteto modernista catalão Antoni Gaudí. Uma das adições mais dramáticas foi a enorme coroa de espinhos que paira sobre o altar, no entanto, embora o trabalho seja atribuído a Gaudí, ele foi efetivamente concluído por um dos seus alunos e por um colega.
No século XXI, aconteceu mais uma mudança: a reforma da Capela do Santíssimo Sacramento pelas mãos do artista maiorquino Miquel Barceló. O seu design moderno não agrada a todos, mas definitivamente provoca uma reação.
Os claustros e o museu adjacente também merecem uma visita.
Saindo de La Seu fomos até ao Parc de la Mar — um parque e lagoa (projetado para refletir a Catedral iluminada à noite) e que tem como destaque um mural gigante de Juan Miró.
Passamos o Museu de Maiorca, a Lonja de Maiorca (um edifício do século XVI com belos pilares e abóbadas) e acabamos na Plaça de la Reina, a praça que marca o início do Passeig des Born, uma das principais avenidas de Palma.
Voltamos para baixo em direção à marina, continuamos em zigue-zague pelas ruas antigas entre Carrer Mar e Carrer Sant Joan e como já estava na hora de jantar e este bairro é perfeito para uma deliciosa refeição maiorquina, escolhemos um restaurante típico — o La Boveda.
Jantamos muito bem e regressamos felizes para o hotel.
No dia seguinte retomamos o passeio, quase do ponto onde paramos no sábado, caminhando ao longo da Avenida Maritim, mas não sem antes pararmos numa das muitas padarias locais para comprar uma ensaïmada.
Passeamos ao lado das enormes paredes fortificadas do Museu D’es Baluard e fomos ver de perto os moinhos de vento de Maiorca.
Seguimos depois para o Castelo de Bellver que fica no topo de uma colina próxima. Este é considerado um dos poucos castelos circulares da Europa, data do século XIV e é um ótimo local para uma inesquecível vista panorâmica de Palma e do seu porto.
Originalmente foi residência real (e um refúgio da peste) e depois uma prisão. Agora está aberto aos turistas, com um museu completo dedicado à história de Maiorca. Concertos clássicos e outros eventos acontecem no pátio central durante o verão.
Existem parques de estacionamento à volta do castelo, mas também é uma caminhada agradável para lá chegar através do pinhal (embora possa ser um pouco cansativo no calor do verão).
Recompensamos o esforço com uma cerveja gelada e uma fatia de tortilla na esplanada com vista do café que fica no topo 😎
Descemos novamente para a orla marítima e depois de um agradável passeio de cerca de meia hora pelo calçadão chegamos a Portixol.
Portixol que foi outrora uma vila de pescadores pitoresca, mas decadente, agora tem uma bela marina, um punhado de restaurantes excelentes e uma pequena praia agradável para um banho de sol ou um mergulho rápido.
Almoçamos por lá, antes de voltar ao centro de Palma.
Tínhamos hora marcada no Hammam Al Ándalus Baños Árabes Palma — uma joia escondida, numa rua lateral do centro histórico. Os banhos árabes de estilo tradicional, mas luxuosos, são impressionantes. Podemos relaxar na piscina de aromaterapia à luz de velas e desfrutar da sauna a vapor e da sala fria antes de fazer um dos vários tratamentos e massagens disponiveis.
Foto: Hammam Al Ándalus Baños Árabes Palma
Para fechar o fim de semana com chave de ouro, reservei mesa para jantar no Marc Fosh, o restaurante com estrela Michelin do Hotel Convent de la Missió. O restaurante tem um pequeno pátio com jardim e um menu deliciosamente criativo.