Viver o momento (nas Maldivas)
Foto: Travellight
Quando cheguei à praia o sol começava a despedir-se. O céu estava pintado de tons suaves e as ondas do mar murmuravam baixinho, quase silenciosas…
Chamavam por mim, sedutoras.
Não me fiz rogada e entrei.
Molhei o corpo, depois a cabeça e finalmente mergulhei. Deixei-me estar um pouco debaixo de água, como se estivesse dentro do útero da Mãe Natureza.
O tempo ficou suspenso...
O mar tem em mim esse efeito calmante e rejuvenescedor que ajuda a clarear a mente e a criar novas perspetivas. Estar perto do oceano ou dentro do mar é uma forma de relaxar e re-conectar com a minha alma.
Poucas vezes na vida me senti tão FELIZ!
Poder estar ali, nas Maldivas, numa ilha de beleza indescritível, cercada de paz e sossego, longe de preocupações, pandemias e outros medos. Onde, de repente, os minutos precisos e exatos que normalmente contam uma hora ou um dia, parecem se transformar em algo mais onírico, mais maravilhoso, mais suave, deu um verdadeiro sentido à palavra “abençoada”.
Conhecem a expressão “estou no tempo da ilha”?
Na superfície a expressão, sugere uma abordagem mais relaxada em relação ao relógio, quando de férias, começamos a desligar do ritmo exigente do mundo exterior e do stress da vida quotidiana e abrandamos. Mas “o tempo da ilha” também pode ser algo mais significativo. Pode se referir, por exemplo, ao conceito de tempo bem gasto.
… E como é bem gasto o tempo passado nas Maldivas.
Tudo começa com uma jornada através da água. Um voo de hidroavião transporta-nos sobre ilhas e atóis que lá em baixo, brilham em tons de azul pavão e azul turquesa.
Quando pisamos o cais, o som do oceano chega aos nossos ouvidos e a brisa suave do mar faz-nos virar a cabeça para contemplar a vista da praia de areia branca e das palmeiras, que ao longe balançam indolentes.
Por um segundo, tens de perguntar se estás a sonhar, porque é difícil acreditar que um lugar tão lindo exista realmente...
Uma bebida refrescante e uma compressa fria interrompem o devaneio e, em menos de nada estamos a caminho de uma villa sobre a água.
A porta abre-se, e tu não consegues parar de sorrir enquanto vês tudo e corres animadamente, como uma criança, para o deck que fica na frente da villa.
À tua frente, estendendo-se no horizonte, só o oceano. A água é tão azul que não parece real.
Espreitas na beira do deck, e reparas num cardume de peixinhos que nadam alegres lá em baixo.
É servido um sumo natural e o resto da tarde é perdido em risos, admiração e descoberta, enquanto deslizamos da espreguiçadeira para a piscina, da piscina para o oceano e do oceano para a espreguiçadeira... repetidamente.
O tempo na ilha significa andar perdidos… mas no bom sentido.
É esquecer da vida lá fora nos longos passeios que fazemos descalços pelo areal, é sentir o calor suave do sol da manhã nos ombros e ouvir o canto dos pássaros ou o bater de asas de um morcego.
É passear de caiaque e ganhar a tarde num local recém-descoberto, perfeito para snorkel, onde és ultrapassada por um polvo que muda de cor à tua frente e vês raias e tubarões do recife e peixes incrivelmente coloridos a debicar nos corais…
O tempo na ilha leva o seu tempo…
Em almoços demorados à sombra da palmeira e jantares ainda mais demorados à luz de velas, com os pés na areia, e uma taça (ou duas) de vinho branco, acompanhada de frutos do mar frescos e cheios de sabor.
O tempo na ilha termina devagar…
A assistir ao pôr do sol numa rede à beira do mar, com os pés a balançar sobre a água ainda quente e nuvens cor de laranja que parecem pegar fogo ao céu.
Talvez termine com um passeio de barco ou com um mergulho na escuridão da meia-noite — tão assustador, como excitante.
O tempo na ilha tem tudo a ver com conexão — não apenas com os ritmos do mar e do sol ou com as maravilhas da natureza, mas também com aqueles que amas e que tens a sorte de ter perto de ti.
Quando o tempo se torna menos sobre velocidade e mais sobre o prazer do momento, as conexões aprofundam-se e as memórias tornam-se inesquecíveis.
Todos nós precisamos de um lugar onde possamos experimentar a magia de viver, e é claro que não é preciso viajar para tão longe para o fazer, mas quando essa possibilidade existe, principalmente depois de um período de tamanho isolamento como o que tivemos de passar, tudo fica mais especial, mais forte, mais extraordinário.
Não queres partir, mas sabes que a magia está exatamente aí, em viver uns dias de sonho e depois voltar à realidade.
“On Earth there is no heaven… but there are pieces of it”
Se tiverem curiosidade, espreitem as pequenas stories das Maldivas que partilhei recentemente no Instagram (estão nos destaques)
Tchau!
Travellight