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The Travellight World

Inspiração, informação e Dicas de Viagem

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Sex | 29.01.21

12 Experiências online que trazem o mundo para a nossa sala de estar

fullsizeoutput_5548Foto: PxHere

Já pensaram em aprender flamenco com uma dançarina espanhola, passear pela Londres de Harry Poter, meditar com um monge budista japonês? fazer um safari no Sri Lanka ou aprender a cozinhar tacos mexicanos? Agora pode ser o momento perfeito para isso.

Graças às experiências online, podemos conhecer mais do mundo e saciar o desejo de viajar, tudo isto sem sair do conforto da nossa casa.

Selecionei 12 experiências para partilhar aqui, mas há muitas mais, é só escolher!

1 - Meditação com um monge budista japonês

A meditação é uma ótima maneira de acalmar os nervos, reorientar e diminuir os níveis de ansiedade (e nesta altura quem é que não está a precisar disso 😅).
Nesta aula online, passamos uma hora a aprender dois tipos de meditação com um monge budista japonês.

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2 - Passear por Tóquio

E depois da meditação, que tal continuar pelo Japão e visitar Tóquio.
Esta experiência promete um tour virtual pela cidade, com paragem em mais de 10 atrações para conhecer o estilo de vida, a cultura, a história, a etiqueta à mesa e a mentalidade dos japoneses.

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3 -Aprender a preparar tacos mexicanos com uma chef profissional

Esta experiência online oferece a oportunidade de mergulhar na cultura mexicana e aprender a preparar um verdadeiro taco de rua mexicano. Ensina a fazer a tradicional salsa vermelha, o recheio dos tacos e as tortilhas. Inclui também receitas práticas que podemos facilmente seguir em casa e opções vegan. 

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4- "Quarentinis" com uma pitada de "ginspiração"

Esta experiência promete ajudar-nos a animar um pouco a quarentena transformando alguns ingredientes simples em bebidas deliciosas para desfrutar em casa.

Enquanto preparamos os cocktails podemos ainda aprender um pouco sobre a história do gin. 

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5- Descobrir a arte urbana de Buenos Aires 

Nos primeiros 45 minutos da experiência é feita uma viagem virtual a Buenos Aires, para ver os murais de 4 bairros: Palermo, La Boca, Puerto Madero e Banfield. São contadas as histórias por trás das obras de artistas argentinos e internacionais e explicados os diferentes estilos e técnicas.

Nos últimos 15 minutos da experiência, para a tornar mais interativa, cada um faz um desenho inspirado na arte que viu.

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6 - Aprender a técnica turca de ler o futuro nas borras do café

A leitura da sorte no café é uma tradição turca desde os tempos do Império Otomano. Nesta experiência podemos aprender o que significam os símbolos e as manchas deixadas pelas borras de de café que ficam no fundo da chávena.

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7- O Brasil, o Samba e a Bossa Nova

Começando pelas raízes do samba e pelas marchinhas, esta experiência leva-nos a conhecer os instrumentos e os ritmos do samba e da bossa nova e ainda faz uma visita ao Carnaval do Brasil.

Diz o guia desta experiência que quem toca um instrumento pode se juntar e acompanhar e quem for apenas amante da boa música, mas não souber tocar, basta trazer o coração aberto!

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8- Safari de leopardos no Sri Lanka

Identificar leopardos é uma técnica complicada, mas excitante e esta experiência online promete ensinar tudo sobre ela. Inclui também informações e histórias engraçadas sobre o comportamento dos leopardos e é interativa o que significa que podemos fazer ao guia, todas as perguntas que nos passarem pela cabeça, sobre a vida destes felinos.

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9- Passeio virtual pelo mundo de Harry Potter em Londres

Usando filmagens profissionais, este tour virtual, feito por especialistas em magia, guia-nos a pé por Londres e mostra-nos alguns dos locais reais de filmagem dos filmes do Harry Potter e algumas das inspirações que J.K Rowling usou para criar o universo fascinante e mágico do jovem feiticeiro.

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10- Descobrir os segredos de Veneza com um veneziano

Conhecer Veneza sem sair do sofá é o que garante o guia desta experiência que promete levar-nos desde a ponte de Rialto, até às antigas prisões de mercadores, palácios, canais e gôndolas e contar os mistérios por trás da primeira cidade construída sobre a água.

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11- Fazer Limoncello da Costa Amalfitana

Continuando em Itália, aprendam a fazer o verdadeiro limoncello amalfitano.
Nesta experiência é partilhada uma receita de família para fazer o melhor limoncello, mostrado passo a passo o processo de fabricação.

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12 - Aprender Flamenco

Eva, a anfitriã, é a fundadora da aula de dança IShowU Flamenco em Sevilha. Ao longo desta aula de uma hora (aberta para apenas três pessoas ao mesmo tempo), Eva ensina aos iniciantes noções básicas de Flamenco, a sua origem e a cultura a ele associada.

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Qui | 28.01.21

Regresso à Cidade do Leão

asia_sea_lion_core_zone_lion_the_business_park_fountain_river-783713.jpg!dFoto: PxHere

Miss, miss, please, you need to put your seat up

A voz da hospedeira tirou-me da terra dos sonhos. Endireitei a cadeira, estiquei as pernas e espreitei pela janela.

Amanhecia em Singapura. Tinham sido 12 horas e meia de voo desde Paris, mas ali estava eu, de volta à Lion City!

Cansada, mas feliz, atravessei o movimentado Aeroporto de Changi, um dos maiores (e melhores) aeroportos do mundo.

Dirigi-me à saída com a minha mala de mão. As portas abriram-se e o calor quente e húmido de Singapura atingiu-me no rosto como uma bofetada. Já esperava que estivesse quente, mas não tão quente…

Procurei um táxi e segui para o Fullerton Bay Hotel. O meu “taxi uncle” (termo pelo qual são conhecidos os taxistas em Singapura), era muito falador. No seu singlish carregado (dialeto que combina o inglês com uma mistura de palavras e frases chinesas, malaias e tamil) fez-me saber que o clima andava uma loucura, que o transito estava cada vez pior e que o seu primo acabara de abrir um restaurante de comida indiana que eu tinha mesmo de visitar.

O “tio do táxi” era simpático, mas eu, depois de tantas horas de voo, não me sentia com forças para lhe dar grande conversa. Para não ser mal educada, fui respondendo com monossílabos e sem grande entusiasmo, até chegar ao hotel. Agradeci com um sorriso o cartão do restaurante do primo, que ele me passou para a mão, prometi que lá ia, paguei e desci.

Era cedo para fazer o check-in, mas como o quarto estava disponível, pude entrar logo.
O Fullerton é um belo hotel localizado na orla marítima de Marina Bay. Tem vista para as águas cintilantes e para alguns dos pontos turísticos mais icónicos de Singapura. É uma boa base para explorar a cidade.

Já no quarto, tomei um duche rápido. Ainda olhei para a cama… o corpo pedia uma meia hora de descanso, mas fiz um esforço para não ceder à tentação. Tinha um encontro marcado no Common Man Roasters — o melhor lugar da cidade para um pequeno almoço ou brunch, e não podia deixar a preguiça vencer.

Já estavam à minha espera.

Enquanto punha a conversa em dia, pedi o menu turco: ovo orgânico em massa filo, queijo feta, pepino e tomate frescos, azeitonas e homus com pão pita, panquecas com banana caramelizada, nozes, doce de frutos silvestres e molho de caramelo salgado. Ok, agora sim! Estava com forças para o resto do dia :-)

Singapura é muitas vezes vista apenas como uma cidade moderna, superficial, sem graça, cheia de arranha-céus e infraestrutura sofisticadas. Mas passada a primeira impressão, esta cidade-estado que (depois de muitas paragens a caminho de outros destinos) eu aprendi a amar, revela-se um verdadeiro melting pot de culturas, costumes e tradições.

Hoje, para mim, Singapura já não é só um stop-over. É um destino fascinante por direito próprio.

O título de Lion City (“Singa Pura” significa “Cidade do Leão” em sânscrito) assenta-lhe bem. Afinal esta pequena cidade-estado percorreu um longo caminho para se transformar naquilo que é hoje.

Graças à sua localização estratégica, Singapura sempre foi importante, mas a modernidade que a define nasceu da política, do comércio e da visão de homens como Sir Thomas Stamford Raffles, que reconhecendo o imenso potencial desta ilha coberta de pântanos, ajudou a negociar um tratado com os governantes locais e estabeleceu Singapura como um entreposto comercial. A partir daí a cidade cresceu rapidamente, atraindo imigrantes da China, da Índia, do Arquipélago Malaio e muitos mais.
Acabou organizada em quatro zonas: O lado europeu, onde habitavam os comerciantes europeus e asiáticos ricos; Chinatown e o sudeste do rio Singapura, onde residiam os chineses; Chulia Kampong onde ficavam os indianos; e Kampong Gelam que abrigava a população muçulmana, os malaios e os árabes.

A prosperidade de Singapura sofreu um duro golpe durante a Segunda Guerra Mundial, quando foi atacada pelos japoneses e rebatizada de Syonan-to (ou “Luz da Ilha do Sul” em japonês).
No fim da guerra, em 1945, a ilha foi entregue à Administração Militar Britânica e mais tarde à Coroa Inglesa.
Em 1963, integrou a Federação da Malásia, mas a fusão correu mal e dois anos depois Singapura abandonou a Federação e transformou-se numa nação independente e soberana.

Hoje, esse passado multicultural, colonial e de guerra está preservado dentro e ao redor da cidade e pode ainda ser sentido nas ruas, observado nos edifícios ou visitado em museus, monumentos e memoriais.

Principalmente em lugares como Chinatown, Little India ou Arab Street.

fullsizeoutput_5545Foto: Travellight

Naquele dia eu estava com uma amiga que trabalhava próximo do Buddha Tooth Relic Temple em Chinatown, por isso depois do brunch, acompanhei-a até lá e depois de nos despedirmos, resolvi entrar no templo que apresenta exposições de arte e história budista. O seu curioso nome deve-se à relíquia de um dente que se diz ter pertencido a Buda. Esta relíquia está guardada numa estupa (espécie de pagode) feito de 320 kg de ouro e apenas os monges tem acesso a ela. Os visitantes, no entanto, podem ver a relíquia do dente da área de exibição pública.

O Buddha Tooth Relic Temple não é antigo, mas alguns edifícios deste bairro remontam ao tempo dos primeiros imigrantes chineses e merecem a atenção de quem se interessa por arquitetura.

fullsizeoutput_5547Foto: PxHere

Atrás do templo fica um dos melhores lugares para comer em Singapura — o Chinatown Food Center Complex. Eu, claro, tinha de passar por lá :-)

Apanhei de seguida o metro (MRT) e depois de uma curta viagem cheguei a Little India. Tal como Chinatown, Little India é uma das áreas mais coloridas da cidade. Lembrei-me do “tio do táxi” e do restaurante do primo. Tentei encontrar o espaço e passei pela espantosa fachada do Templo hindu Sri Veeramakaliamman, um dos mais antigos de Singapura.

fullsizeoutput_553bFoto: Travellight

Caminhei pela Serangoon Road, a avenida principal de Little India, e parecia que estava em Mumbai (mas mais organizado e muito mais limpo). Cores fortes, casas de tandoori, lojas de saris, uma academia de dança que ensinava os ritmos de Bollywood…
… só o restaurante do primo é que nada. Como não me apetecia perguntar onde ficava a rua (não sou daquelas pessoas que perguntam direções), decidi deixar para outro dia.

Little India fica a cerca de 20 minutos a pé de Kampong Glam, uma área importante para as comunidades árabe e malaia de Singapura. Resolvi ir até lá também.

Caminhei pela Haji Lane, uma rua estreita cheia de lojinhas, cafés e impressionante arte urbana, vi a Masjid Sultan, uma mesquita com uma enorme cúpula dourada, construída no século XIX e já na Arab Street não resisti a entrar numa loja de tapetes. Os preços, porém não eram nada convidativos, por isso não me demorei muito lá dentro…

Apanhei o MRT novamente e saí em Orchard Road. Entrei num centro comercial para escapar ao extremo calor e humidade que se faziam sentir. Vi umas montras, comi um gelado e depois resolvi regressar a Marina Bay. Queria descansar um pouco.

Sai na estação Raffles Place e no caminho para o hotel ainda parei junto da estátua do Merlion, essa estranha criatura com corpo de peixe e cabeça de leão.

Olhei a linha do horizonte, cheio de arranha-céus modernos. Sorri...

A noite prometia muita animação :-)

Ter | 26.01.21

Receita caseira de croissants franceses

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Foto: PxHere

Recheados com doce, barrados com manteiga, servidos com queijo e fiambre, ou apenas simples, os croissants são a estrela de qualquer pequeno almoço ou brunch.

É comum pensar-se que surgiram na França, mas a verdade é que a origem do croissant não é muito clara. Alguns dizem que nasceu em Viena de Áustria e teve com precursor um doce do século XIII — que tinha a forma de meia-lua e era feito com nozes — chamado 'kipferl’. 
Outros dizem que este ícone da pastelaria internacional foi criado em Viena sim, mas só em 1683, com o intuito de celebrar a derrota dos otomanos pelas forças cristãs e a sua forma representava a lua crescente.

Diz-se que foi a austríaca Maria Antonieta, que adorava kipferls que os tornou populares na França e que os batizou com o nome francês de “croissants”, pelo qual acabaram por ficar conhecidos em todo o mundo. 

Agora que voltamos ao confinamento, que tal experimentar fazer croissants em casa?

Espreitem aqui a receita.


INGREDIENTES

400 g de farinha
260 ml de leite
200 g de manteiga sem sal (à temperatura ambiente)
4 colheres (de sopa) de açúcar
1/4 colher (de chá) de sal
1 colher (de chá) de fermento

1 ovo
1 colher (de chá) de leite

PREPARAÇÃO

Dissolva no leite (morno), o açúcar e o fermento
Adicione o sal à farinha.
Misture os ingredientes húmidos e secos numa tigela grande até obter uma massa homogénea

Cubra a massa com película aderente e deixe descansar e levedar por 2 horas ou até que a massa dobre de tamanho.

Retire a massa da tigela e divida-a em 12 partes iguais.

Estenda cada pedaço de massa com um rolo de cozinha, até ter a forma de um disco com aproximadamente 16-18 cm de diâmetro e não mais de 2 mm de espessura.

Aplique uma boa camada de manteiga sobre cada um dos discos.

Coloque cada disco (com manteiga) sobre película aderente e empilhe sobre o disco anterior. Como a manteiga está muito mole nesta fase, é preciso colocar os discos no congelador por 30-35 minutos, para que a manteiga não torne difícil trabalhar a massa.

Retire os discos de massa do congelador e estenda-os até ficarem com a forma de um retângulo.
(pode retirar apenas um ou dois discos e usar os outros noutro dia. A massa aguenta muito bem no congelador)

Com a ajuda de uma faca ou de um cortador de pizza, corte-os em triângulos menores e enrole cada um na forma de um croissant.

Misture 1 ovo com 1 colher (de chá) de leite e pincele cada croissant com essa mistura.

Leve os croissants ao forno a 200º C por 10 minutos e, em seguida, reduza a temperatura para 190º C e deixe assar por mais 8-12 minutos.

Retire do forno e sirva quentinhos!


Receita adaptada do site merryboosters.com

Sex | 22.01.21

Hoje o mundo passa bem sem nós

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Chuva… vento. São 08:00 da manhã, mas parece o fim da tarde, tão pouca é a luz que entra pela janela.

Permito-me ficar na cama a preguiçar…

Olho as gotas que dançam nos vidros e oiço o batucar da chuva no telhado.

Viajo até outra manhã, já longínqua, há 3 anos atrás.

Também chovia assim, e o vento uivava, mas em Paris, naquele quarto de hotel com vista para a Torre Eiffel, o calor dos lençóis mantinha bem afastava a tempestade.

“Bon jour!”, ouvi à porta.
Saltei da cama e vesti o roupão. O room service tinha acabado de chegar com o pequeno almoço: croissants quentinhos, panquecas com nutela, morangos, café jamaicano Blue Mountain… tão aromático que só o seu cheiro aquecia o ar.

Afastei à pressa a garrafa de Château Rollan de By e os dois copos que ocupavam a mesa. Denunciavam uma noite longa… romântica... cheia de cumplicidades.

O funcionário pousou a travessa com a comida e saiu.

Liguei o iPhone à coluna. O cenário pedia música.

A voz doce de Angèle cantava (o nada doce) "Balance Ton Quoi", canção pouco apropriada para o momento, reconheço, mas naquela época eu não conseguia parar de a ouvir.

“Donc laisse-moi te chanter
D'aller te faire en, hmm-

Ouais j'passerai pas à la radio
Parce que mes mots sont pas très beaux

Les gens me disent à demi-mot
Pour une fille belle t'es pas si bête
Pour une fille drôle t'es pas si laide
Tes parents et ton frère ça aide

Oh, tu parles de moi
C'est quoi ton problème?
J'ai écrit rien qu'pour toi le plus beau des poèmes”


Peguei num croissant e enchi uma chávena com café. Fui espreitar a janela. Lá fora o mundo corria. Era um dia de semana.

Na rua uma mãe puxava o filho pela mão, claramente exasperada. O pequenito, nem por isso. Pulava as poças de água, deixava descair o chapéu de chuva para o lado e ria alto quando a mãe zangada tentava pôr o chapéu no lugar.

Um grupo de jovens (estudantes talvez?) conversava animadamente à saída do metro, completamente indiferentes às centenas de pessoas que passavam apressadas a caminho do trabalho.

Parou de chover. Tentei identificar (sem sucesso) no 7.º arrondissement o Museu d’ Orsay. Tinha estado lá no dia anterior.

É um dos meus museus favoritos em Paris. Perco (ganho) sempre uma ou duas horas a passear por lá. Gosto de visitar as exposições temporárias e de rever a fascinante história do impressionismo. Gosto de entender as diferenças e influências mútuas entre artistas como Courbet e Manet. Fico sempre sem saber se me devo chocar ou maravilhar com a beleza crua, quase pornográfica de “L'Origine du monde”.
Passo por Degas, Cézanne e Monet. Emociono-me com os pós-impressionistas como Vincent Van Gogh e Vlaminck, com as suas cores vibrantes e ondulantes e estilos "antinaturalistas”. Não há dúvida que ajudaram a pavimentar o caminho para a abstração da pintura do século XX…

Saindo do museu, gosto de caminhar pelo bairro de Saint-Germain-des-Prés e parar num dos cafés onde tantos artistas e escritores trabalharam. A livraria L'Ecume des Pages é outra paragem obrigatória. É raro sair de lá sem algo debaixo do braço.
O livro que comprara na tarde anterior, ali estava, em cima da mesinha de cabeceira, à espera de uma hora mais ociosa (mais solitária) para ser aberto.

Ainda à janela, vi um casal a beijar-se debaixo de uma árvore. Ele passou-lhe a mão pelo rosto e puxou-a para perto, como que a querer protege-la do frio. Senti-me uma intrusa a observa-los por isso desviei o olhar.

Do IPhone ecoava agora a voz de Zaz

“Éblouie par la nuit à coups de lumière mortelle
A frôler les bagnoles les yeux comme des têtes d'épingle
Je t'ai attendu 100 ans dans les rues en noir et blanc
Tu es venu en sifflant”

Volta para a cama, disse-me ele.

Sim, respondi-lhe.

Hoje o mundo passa bem sem nós.

Qui | 21.01.21

Pão de figos e frutos secos

fullsizeoutput_5539Foto: Revista Maxi Online


Quem segue este blog, sabe que adoro partilhar receitas de pão (sou muito “panzeira” 😜). Hoje não é exceção, por isso deixo-vos aqui a receita de Pão de Figos e frutos secos — mais uma variação deste alimento tradicional, que muitas vezes encontrei nas mesas espanholas.

Atenção que a receita que partilho aqui não é a do Pão de Figos que se costuma encontrar em Málaga por exemplo. Essa leva outros ingredientes e é mais uma espécie de bolo (ou sobremesa) do que um pão.


INGREDIENTES

½ chávena de amêndoas fatiadas
½ chávena de mirtilos
3 chávenas de farinha de trigo integral
1 chávena de farinha de trigo
1 chávena de figos secos, picados (a receita original usa figos em calda, mas os figos secos também funcionam bem)
½ chávena de nozes picadas
1 ½ colher (de sopa) de fermento
2 ovos
½ chávena de açúcar
1 colher (de sopa) de mel
3 colheres (de sopa) de óleo
½ chávena de leite
Essência de baunilha a gosto

PREPARAÇÃO

Numa tigela dissolva o fermento no leite com metade do açúcar. Adicione duas colheres (de sopa) de farinha de trigo, misture e cubra com plástico para fermentar.

À parte, misture o resto das farinhas com o açúcar restante, faça um buraco no centro, acrescente os ovos, a mistura de fermento e leite antes preparada, o mel, a essência de baunilha e o óleo.

Misture e amasse bem os ingredientes, coloque a massa de volta na tigela, tape e deixe descansar até dobrar de volume.

Coloque a massa numa bancada enfarinhada, estique um pouco e polvilhe com os figos picados, as amêndoas fatiadas, as nozes e os mirtilos. Amasse novamente até ficar tudo bem integrado.

Coloque a massa numa forma e leve ao forno, pré-aquecido a 180 ° C.

Deixe assar por 25 minutos ou até ficar dourado.

Retire e sirva!

 

Receita retirada com pequenas adaptações do site www.maxionline.ec

Qua | 20.01.21

Montserrat

fullsizeoutput_552eTodas as fotos, exceto se indicado de outra forma: Travellight e H. Borges

08:30 da manhã, parti da Plaza de Espanya num comboio da linha R5 com destino a Monistol. Uma hora de viagem e já estava a apanhar o funicular amarelo para Montserrat. O dia estava luminoso e o sol aquecia o meu rosto, quando finalmente vislumbrei a montanha “serrada” que muitos consideram o coração da Catalunha.

Uma sensação de assombro invadiu o meu espirito… Senti-me literalmente a pisar “chão sagrado”.

Não é algo que me aconteça com frequência.

Apesar de gostar de olhar para o céu, habitualmente tenho os pés bem assentes na terra e não sou de me impressionar muito com um espaço só porque está carregado de simbolismo… No entanto, há lugares onde a espiritualidade — aquele sentimento de pertencer a algo maior do que nós — é especialmente intenso. Não é algo palpável ou até racional, mas é real, e Montserrat foi assim para mim.

Na época não sabia muito sobre este lugar. Estava a visita-lo com o interesse e a leveza de quem visita qualquer outra atração de Barcelona, mas a sua beleza natural e aquela sensação de ser algo maior, algo especial, cativou-me imediatamente. Wilhelm von Humboldt quando ali esteve em 1800, deve ter sentido algo semelhante, assim como o seu amigo Goethe que escreveu sobre este lugar.
(Goethe, em boa verdade, nunca visitou a Península Ibérica, mas isso não o impediu de acompanhar, por correspondência, todos os passos de Humboldt).

Montserrat sempre atraiu todo tipo de pessoas… nem sempre as melhores. Um dos grandes vilões da História moderna, Heinrich Himmler, inspirado pela ópera Parsifal de Richard Wagner, também veio até aqui em 1940. Buscava o Santo Graal para dar mais poder ao regime nazi. Parece o enredo de um filme não é? Mas não, aconteceu mesmo. Ele acreditava que estas montanhas eram o mítico   Monsalvat onde o cálice sagrado estaria escondido.

montserrat_monastery_statue_stained_glass_catalonia_barcelona_famous_architecture-659075.jpg!dFoto: PxHere

Abrigado pelos enormes picos, quase esculpido nas rochas, o Mosteiro de Santa María de Montserrat é um espaço onde a devoção, a arte e a natureza se fundem (e confundem).
Ao longo dos séculos atraiu (e continua a atrair) milhões de peregrinos e turistas, ansiosos por uma oportunidade de ver e tocar a Virgem Moreneta.

A lenda coloca no ano 880 a descoberta, por alguns pastorinhos, da imagem da Virgem, que em 1881 foi declarada a padroeira da Catalunha. Devido à sua cor, ela é carinhosamente conhecida como “La Moreneta”, mas o seu tom escuro, dizem, não é original, é antes um produto da oxidação natural da madeira, do fumo das velas e dos vernizes que foram aplicados ​​ao longo do tempo à estátua.
Até 1947, apenas alguns devotos, atendendo a requisitos muito específicos, podiam aproximar-se da escultura, mas agora todos podem subir e ver de perto a Moreneta, e até tocar no globo que ela segura na mão direita.

A Santa Cova, (caverna, onde supostamente encontraram a imagem) fica a cerca de uma hora da abadia e pode também ser visitada, seguindo uma trilha bem sinalizada.

O Mosteiro de Montserrat é em grande parte uma reconstrução; foi destruído pelo exército de Napoleão no início do século XIX e apenas algumas paredes originais estão de pé.
O claustro gótico, do século XV, é o único vestígio remanescente da época do esplendor anterior à destruição francesa.
A entrada na igreja é feita por um átrio, que é dominado pelas janelas das celas onde residem os monges beneditinos. Quando a cruzamos, dá a impressão que a montanha vai engolir o edifício…

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Às 13:00 horas, de segunda a sexta-feira, durante o ano escolar, no interior da igreja, ressoa o coro de vozes de 40 ou 50 crianças da Escolanía. É um dos coros infantis mais antigos da Europa e a sua origem remonta ao século XIII.
Mas esse vínculo com a cultura não se limita apenas ao campo musical. Como diz o guia: “desde a sua génese, o mosteiro e a sua comunidade beneditina têm sido o berço e o guardião de um importante património espiritual e cultural”.

Nos séculos XIV e XV teve um scriptorium (sala onde se copiavam os livros manuscritos), em 1499 criou a sua própria oficina tipográfica e nos séculos subsequentes a sua biblioteca cresceu e diversificou os seus acervos. Muito foi perdido na guerra contra os franceses, mas hoje continua a manter cerca de 300 mil volumes, o que faz desta biblioteca uma das mais importantes de Espanha. Obras de teologia, filosofia, história, arte, literatura, gravuras, mapas e uma coleção de papiros e documentos musicais constituem este espaço, que infelizmente está reservado apenas aos monges e a pesquisadores.

A arte moderna também entrou em Monserrat, com um museu que abriga obras de Josep Maria Subirachs, Montserrat Gudiol, Caravaggio, El Greco, Luca Giordano, Dalí, Miró, Tàpies, Picasso, etc e representantes do impressionismo francês como Renoir, Monet, Sisley ou Degas. É um dos museus mais interessantes da Catalunha e possui igualmente uma coleção arqueológica admirável que inclui, desde os estudos bíblicos dos monges a coleções de arte do Egito, Mesopotâmia, Terra Santa ... e até uma múmia.

No recinto do santuário era também costume encontrar um mercado diário no qual os produtores da região ofereciam os seus produtos típicos como mel, queijos, pão de figo, licores, vinhos, etc. 

... E por falar em vinho🍷

No regresso de Montserrat, podemos visitar algumas vinícolas como a Torres , que estão localizadas no sopé da montanha,  provar os maravilhosos vinhos da região e ainda petiscar umas belas tapas!

Além dos peregrinos e turistas atraídos pelo santuário, pela história e pela arte que ele contém, este canto da montanha também é muito frequentado por caminhantes e alpinistas. Uma série de trilhas bem sinalizadas ajudam, quem quer desfrutar de Montserrat a pé, a fazer caminhadas que variam de uma hora a mais de três.

O Parque Natural da Montanha, nos seus 10 quilómetros de extensão, abriga florestas de azinheiras, carvalhos, pinheiros e arbustos baixos onde podemos observar esquilos, cabras selvagens e javalis.

A curiosa morfologia das rochas, produto de séculos de erosão hídrica e eólica, levou ao batismo de muitos dos picos com nomes engraçados como “a tromba do elefante”, “o gigante encantado”, “o agulhas”…

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Dada a sua proximidade com Barcelona, Montserrat é uma viagem que se faz bem num dia. É perfeita para quem deseja conhecer mais do que o centro da cidade.

É um lugar inesquecível e que nos convida sempre a voltar.

 

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Tchau!

Travellight

Sex | 15.01.21

8 Receitas de chocolate quente para dar a volta ao mundo

fullsizeoutput_552dFoto: PxHere

Um dia frio de inverno pede uma bebida que aqueça a alma e levante o animo. Para os mais gulosos não há maior conforto do que uma caneca de chocolate quente, por isso resolvi partilhar convosco uma viagem pelo mundo através de receitas exclusivas de chocolate quente.
Cada receita oferece uma visão desta bebida clássica à luz das tradições culturais do seu país de origem e permite às nossas papilas gustativas mergulhar numa jornada única e cheia de sabor.

Chocolate Quente Mexicano

Foi aqui que a tradição começou. Os historiadores acreditam que, já em 500 a.C, os Maias bebiam uma bebida achocolatada feita com sementes de cacau moídas, água, farinha de milho e pimenta. Esta versão mais moderna dispensa a farinha de milho, mas mantém a pimenta.

Ingredientes:

2 chávenas de leite
150 gramas de chocolate meio amargo (40% de cacau), finamente picado
1 colher (de sopa) de açúcar
1 colher (de chá) de extrato de baunilha
1 colher (de chá) de canela
¼ colher (de chá) de pimenta caiena
Chantilly (opcional)

Preparação:

Numa panela pequena, mexa os ingredientes em fogo médio até ferver.
Cozinhe, mexendo sempre, por 2-3 minutos.
Bata vigorosamente antes de servir para criar uma camada superior mais leve e suave.
Despeje em duas canecas e sirva imediatamente.

Adaptado de: Favorite Family Recipes

Chocolate Quente Colombiano

Viajando para o sul, para a Colômbia, encontramos uma receita que inclui um ingrediente, no mínimo original: queijo!
Pode parecer estranho, mas esta combinação doce e salgada é surpreendentemente satisfatória.

Ingredientes:

4 chávenas de leite magro
6 quadrados de chocolate amargo, finamente picado
5 grãos de cravinho
¼ chávena de mel
½ colher de canela
115 g de queijo mozzarella fresco (a receita original leva Quesito Colombiano, mas este não é tão fácil de encontrar)

Preparação:

Numa panela pequena, misture todos os ingredientes, menos o queijo, em fogo alto até que comece a ferver.
Reduza o fogo para médio e cozinhe por 2-3 minutos, mexendo sempre.
Corte o queijo em cubos.
Divida o queijo por quatro canecas, encha com chocolate quente e mexa até o queijo derreter.

Adaptado de: Kiku Corner


Chocolate Quente Brasileiro

Um pouco mais ao sul, no Brasil, a receita inclui um dos ingrediente favoritos do país: o leite condensado! Atenção que esta receita é mesmo só para os mais gulosos 😋

Ingredientes:

4 chávenas de leite
5 colheres (de sopa) de cacau em pó sem açúcar
1 colher (de sopa) de amido de milho
1 lata de leite condensado
1 colher (de chá) de extrato de baunilha
½ colher (de chá) de canela
Chantilly (opcional)

Preparação:

Numa panela pequena, mexa todos os ingredientes, exceto o chantilly, em fogo médio até que comece a ferver.
Cozinhe até que o cacau atinja a espessura ideal. Certifique-se de mexer com frequência e não deixe ferver.
Se achar que está muito grosso, adicione um pouco de leite para atingir a consistência desejada.
Despeje em canecas e sirva imediatamente. Enfeite com chantilly, se desejar.

Adaptado de: Olivia’s Cuisine


Chocolate Quente Filipino

Rumamos agora para as Filipinas, onde o cacau tem sido uma cultura essencial desde que as primeiras árvores foram trazidas para o país pelos espanhóis. O que torna o Tsokolate (pronuncia-se Cho-Ko-Lat-Eh) único são as pequenas tabletes de grãos de cacau puro torrado filipinas que são usadas na sua preparação.

Ingredientes:

2 chávenas de água
4 tabletes de cacau puro torrado (podem comprar on line aqui

Preparação:

Numa panela pequena, leve a água para ferver.
Adicione as 4 pequenas tabletes e misture bem.
Reduza o fogo e deixe ferver. Continue a mexer até que as tabletes estejam completamente dissolvidas.
Use uma varinha mágica para deixar a bebida mais suave e leve.
Despeje em canecas e sirva imediatamente.

Adaptado de: Kawaling Pinoy


Chocolate Quente Branco Picante da Índia

Vindo da Índia, da terra das especiarias, este chocolate quente só podia ser uma mistura decadente de sabores exóticos

Ingredientes:

1 chávena de água
½ colher (de chá) de gengibre em pó
4 cardamomos moídos
½ colher (de chá) de canela
2 anis estrelados inteiros
2 colheres (de sopa) de açúcar mascavado
1 e ½ chávena de leite
¾ de chávena de pedaços de chocolate branco

Preparação:

Numa pequena panela, junte a água, o gengibre, o cardamomo, a canela e o anis estrelado em fogo médio até que comece a ferver.
Reduza o lume e adicione o açúcar mascavado e o leite, mexendo até dissolver completamente.
Reduza um pouco mais o lume e adicione o chocolate branco. Leve à temperatura desejada, até derreter o chocolate, mas não deixe ferver.
Remova o anis estrelado, despeje em canecas e sirva imediatamente.

Adaptado de: The Schmidty Wife

 

Chocolate Quente do Gana

Continuamos a viagem e chegamos ao Gana, um dos maiores produtores de cacau do mundo. Os ganenses amam tanto o seu chocolate que comemoram o Dia Nacional do Chocolate no dia 14 de fevereiro. Parte dessa celebração inclui esta versão “adulta” do chocolate quente.

Ingredientes:

115 g de chocolate amargo
2 chávenas de leite
2 colheres (de chá) de mel
1 colher (de sopa) de açúcar mascavado
½ colher (de chá) de canela
1 colher (de chá) de extrato de baunilha
2 doses de rum
Chantilly (opcional)

Preparação:

Numa panela pequena, junte o chocolate, o leite, o mel, o açúcar mascavado e a canela em fogo médio até que o chocolate derreta completamente.
Adicione a baunilha e o rum e aqueça até a temperatura desejada, mexendo sempre.
Despeje em canecas e adicione uma boa quantidade de chantilly, se desejar.

Adaptado de: The Hungary Buddha Eats the World


Chocolate Quente Húngaro

Quem conhece a culinária húngara, sabe que a páprica é sempre um ingrediente chave. Está em tudo, desde o goulash até, é claro, ao chocolate quente! A especiaria deixa esta guloseima com um sabor original e delicioso.

Ingredientes:

4 chávenas de leite
1 colher (de chá) de páprica
½ colher (de chá) de pimenta branca finamente moída
¼ colher (de chá) de cravinho moído
200 g de chocolate meio amargo, picado

Preparação:

Numa panela pequena, junte o leite, a páprica, a pimenta branca e o cravinho moído, em fogo médio-baixo até quase ferver.
Adicione o chocolate e mexa até o chocolate derreter totalmente.
Bata para criar um pouco de espuma e despeje em canecas. Sirva imediatamente.

Adaptado de: Vanilla Garlic

 

Chocolate Quente Francês

Terminamos a nossa viagem na França, com uma receita perfeita para os amantes do chocolate amargo.

Ingredientes:

1 e ½ chávena de leite
½ chávena de natas
2 colheres (de chá) de açúcar em pó
225 g de chocolate amargo, picado
Chantilly

Preparação:

Numa panela pequena, junte o leite, as natas e o açúcar em fogo médio até começar a borbulhar.
Retire a panela do fogo e acrescente o chocolate.
Volte ao fogo e mexa até o chocolate derreter completamente.
Despeje em canecas e sirva com chantilly.

Adaptado de: Well Plated by Erin 

 

Qui | 14.01.21

2020 + 1

Terminei 2020 esperançosa, a fazer novos planos de viagem, a espreitar motores de busca para encontrar voos e hotéis, a definir itinerários... Sabia que a vacina não ia resolver tudo miraculosamente, de um dia para o outro, mas (ingenuamente) acreditei que, pelo menos, um novo confinamento total não ia acontecer…

... mas claro, aconteceu.

A Europa está a fechar tudo de novo, novos surtos continuam a surgir na Ásia, há uma nova estirpe britânica, parece que também há uma nova estirpe sul-africana e a América… é o que se sabe, nem vale a pena falar…

Ponderei neste inicio de ano não voltar ao blog, um blog que escrevo desde 2016 e onde partilho toda a minha paixão pelo mundo. Um blog, onde, com poucas exceções, publiquei todas as semanas.
De repente faltou-me a força para continuar a escrever sobre viagens, quando eu própria tenho limitado tanto as minhas deslocações.

Depois de um ano a adiar tanta coisa, a perspetiva de mais um ano igual, “tirou-me o chão”.
Como permanecer com uma atitude positiva à entrada de um Ano Novo quando não sabemos quando voltaremos a ter a liberdade despreocupada de explorar o mundo novamente?

Escrever sobre viagens, pode ser pouco importante e ler sobre isso pode até ser completamente irrelevante, principalmente quando há tantas pessoas que estão fechadas em casa, estão doentes, perderam um ente querido ou lutam com dificuldades financeiras porque perderam o seu emprego.

Bom… Tive de fazer um exame de consciência. Voltar a perceber porque comecei este blog em primeiro lugar e que lugar ele ocupa atualmente na minha vida.

Lembrei-me de um comentário que recebi num dos primeiros posts que escrevi aqui no blog. Era sobre as Cascatas do Niagara e alguém que já lá tinha estado, dizia-me que não tinha gostado e que não tinha achado grande piada aquele lugar. Eu agradeci o diferente ponto de vista, porque obviamente não somos todos iguais, mas que eu gostava de me focar mais nas coisas boas em detrimento das más e que tinha encontrado muitos pontos positivos e que me divertiram nessa visita.

Acho que foi por isso que comecei (e continuei) a escrever sobre viagens. Queria mesmo partilhar um pouco do que os meus olhos viram das maravilhas deste mundo. Fazer as pessoas querer sair de casa e explorar também. Há tanta coisa bonita por aí! Guardar para mim era como descobrir um segredo especial e depois esconde-lo no fundo de uma arca escura, para que mais ninguém o encontrasse.

Vale o que vale, mas para mim vale muito…

…Por isso afastei a tristeza e escolhi continuar a sonhar grande este ano. Este pode ainda não ser o ano para voltar em força às viagens, mas isso não me impede de continuar a pesquisar, a estabelecer objetivos e orçamentos. A procurar, como sempre fiz, o lado mais bonito da vida!

Acredito que isso também faz falta, até para ajudar a manter a sanidade mental num mundo que parece estar virado do avesso.

Por isso, neste novo confinamento, vou continuar a ler livros; ver documentários; visitar (nem que seja virtualmente) museus; relembrar lugares, sabores; procurar as receitas daqueles pratos que adorei experimentar; ouvir música e podcasts... Tudo que ajude a manter a inspiração a funcionar e…
Vou continuar a partilhar tudo aqui, com aqueles que tão gentilmente me acompanham (obrigada!! 😃) neste cantinho a que chamo “The Travellight World”.

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Foto: PxHere