A perspetiva de passar o Dia dos Mortos no México, confesso, assustava-me um pouco, não porque eu tenha medo de caveiras ou espíritos (pelo menos, não muito…), mas pensei que esta seria uma celebração um pouco mórbida e talvez até triste. Esperava uma espécie de Halloween americano, mas mais sério. Não podia estar mais errada. Descobri que o Dia dos Mortos é uma época emocionante para visitar a capital mexicana. É uma experiência fascinante e colorida. As ruas estão repletas de flores, de velas e de papéis coloridos. A música está por todo lado e algumas famílias até chegam a contratar mariachis para tocar as canções favoritas dos seus entes falecidos.
Não é uma noite triste, mas um momento em que se comemora o regresso das almas ao mundo dos vivos. Não admira portanto que em 2003, a UNESCO tenha declarado esta celebração como Património Cultural Imaterial da Humanidade. Foi pela sua tradição e cultura claro, mas, acima de tudo pela mensagem que esta noite transmite ao resto da humanidade — Ninguém desaparece, enquanto alguém ainda se lembrar dela.
Em algumas culturas pré-hispânicas as celebrações do Dia dos Mortos remontam a mais de 3.000 anos. Eram festas que tinham lugar no verão e eram dedicadas às crianças e aos familiares mortos. A Deusa Mictecacíhuatl, conhecida como a "Dama de la Muerte" (dama da morte) era uma figura central nestas festividades. Hoje, de certa forma, essa figura foi substituída pela personagem "LaCatrina", do pintor e ilustrador mexicano José Guadalupe Posada, que representa o esqueleto bem vestido de uma dama da alta sociedade mexicana.
Com a chegada dos Espanhóis e a colonização, a festa pagã foi “cristianizada” e passou a ser celebrada no dia 1 de Novembro — Dia de Todos os Santos.
Os festejos, na verdade, duram vários dias. Começam na semana anterior com um desfile de alebrijes (figuras fantásticas do folclore mexicano), que presta homenagem ao artesanato e à cultura local. No final do evento, os alebrijes ficam a decorar o Paseo de la Reforma (uma das ruas principais da cidade) até ao Dia dos Mortos e às vezes por mais umas semanas.
Desde 2016, no último sábado de Outubro, tem também lugar o desfile oficial do Dia dos Mortos. Este desfile nasceu com o filme de James Bond "Spectre", que mostrava o famoso espião a perseguir um vilão no meio de uma grande parada. Antes do filme este desfile simplesmente não existia, foi criado pela Cidade do México para atrair mais turistas. Começa junto ao monumento do Anjo da Independência e vai até à Plaza del Zócalo. Tem carros alegóricos coloridos e dançarinos com máscaras incríveis. Pode não ser autêntico, mas é um belo desfile.
No entanto, os dias clássicos da celebração são o 1 de Novembro — o Dia dos Inocentes — dedicado às crianças que já morreram e o dia 2 de Novembro, o Dia dos Mortos. Nestes dias a Plaza del Zócalo fica cheia de santuários tradicionais enfeitados com velas, fotografias e flores amarelas. À noite as pessoas vestem-se a rigor, com trajes assustadores (estilo Halloween) e ouvem música. Em Zócalo costuma haver um palco montado onde diferentes bandas mexicanas tocam um pouco de tudo.
Fui avisada que devia de mostrar respeito, sempre. Nada de fotografar sem autorização ou fazer troça de alguma decoração. As pessoas podem estar a beber e a divertir-se, mas este é essencialmente um feriado de família. As pessoas estão a comemorar a vida daqueles que amaram e que já partiram. Muitas pessoas preferem celebram o Dia dos Mortos em casa. Constroem ou compram os seus próprios santuários e homenageiam, com toda a privacidade, os seus entes queridos.
A capital mexicana, que já é habitualmente agitada e cheia de gente, fica impossível nas noites do Dia de Muertos e isso é mais assustador do que qualquer máscara de caveira. Para quem é de fora e não tem amigos na cidade, o melhor (e bem mais seguro) é ir num tour organizado. Alguns começam cedo e visitam as chinampas — canteiros flutuantes onde crescem as centenas de flores que são usadas durante esta época do ano. O tour inclui também um bom jantar, com comidas locais e, em seguida, uma visita a um cemitério onde os mexicanos estão a celebrar a vida daqueles que já cá não estão. Eles limpam os túmulos, tocam música, contam histórias dos falecidos e comem pan de muerto (pão da morte), é um pão doce fofo, temperado com chá de flor de laranjeira e anis, decorado com massa moldada em forma de ossos e depois polvilhado com açúcar. É assustador de tão bom que é! 😜
Apesar de sentir que na Cidade do México, este feriado, atualmente, tem uma forte componente comercial, acho que o essencial ainda se mantém presente e esta conexão com os antepassados e a celebração em volta do processo da morte continua a ser uma das experiências culturais mais memoráveis que vivi.
A ideia de que a memória de quem amamos permanece para sempre, não só, no coração de quem se lembra, mas também no coração de quem é lembrado, é muito bonita. Os seus conselhos, as suas gargalhadas e os seus abraços são algo intangível e sabemos que o intangível não se extingue, não desaparece, fica na memória de quem se dispõe a não esquecer. Talvez seja por isso que o amor pelos nossos pais, avós, irmãos ou amigos perdura para sempre no tempo… apesar do passar dos anos.
O doce de leite ou “dulce de leche” é um dos doces mais populares da América Latina. Desde a Costa Rica até ao Chile, todos adoram este manjar. Países como o Uruguai e a Argentina reclamam-no como seu, mas a verdade é que não há certezas sobre quem criou a receita. As pessoas comem doce de leite diretamente do pote ou com torradas, panquecas ou waffles no pequeno-almoço, mas também o usam como ingrediente principal de muitos bolos, tortas e doces típicos.
Fica aqui a receita para quem quiser experimentar 😊
INGREDIENTES 4 chávenas de leite 1 chávena e meia de açúcar 1 colher (de chá) de extrato de baunilha ¼ colher (de chá) de bicarbonato de sódio
PREPARAÇÃO Junte o leite, o açúcar e o bicarbonato de sódio numa panela grande e leve tudo a ferver, mexendo ocasionalmente com uma colher de pau. Em seguida, reduza o fogo e cozinhe em lume brando até formar um caramelo. Isso deve levar cerca de 1,5 a 2 horas. Assim que o caramelo estiver totalmente formado, acrescente a baunilha e retire do fogo.
"Pura Vida" é a expressão que mais ouves quando viajas pela Costa Rica — esse belo país emoldurado por vulcões, florestas tropicais e maravilhosas praias.
É usada muitas vezes como saudação entre os costa-riquenhos, carinhosamente apelidados de “ticos”, mas a "pura vida" simboliza também a simplicidade, a liberdade, a empatia, a saúde, a paz, a abundância, a felicidade e a boa vida. É a arte de apreciar o simples e o natural com alegria e otimismo.
Nestes dias em que a saúde pública do país, e do resto do mundo, estão na ordem do dia por causa do Covid, a expressão "pura vida" ganha para mim outra dimensão, e as lembranças que guardo de lugares como La Fortuna, ganham outro peso, outra importância.
La Fortuna de San Carlos (assim é o nome completo deste distrito) representa na perfeição o conceito de “pura vida”. É uma região rica em atrações naturais, ideal para o turismo de aventura e natureza. É um lugar que abriga tanta beleza, tanta paz, que te convida a ser feliz!
Muitas atrações como o Vulcão Arenal, a Cascata La Fortuna ou as Pontes Suspensas, podem ser visitados por conta própria, mas também estão disponíveis visitas guiadas para quem pretende saber mais sobre a área ou está interessado em praticar canoagem ou tirolesa.
Há muitas atividades que são totalmente gratuitas, como fazer caminhadas pela cidade de La Fortuna, nadar nos rios cristalinos da região ou conhecer o Lago Arenal. Alugando uma bicicleta, podemos ainda fazer um passeio pelas diferentes cidades perto de La Fortuna, como El Castillo ou La Guaria e visitar Tabacon Hot Springs — as Termas do Vulcão Arenal.
Tabacon Hot Springs é um pequeno paraíso na terra. É um sitio onde apetece mesmo gritar PURA VIDA!!!! Dezenas e dezenas de piscinas de água quente e fria, vegetação luxuriante e maravilhosas quedas de água… É maravilhoso!
A Costa Rica abriga 5 vulcões ativos por isso as fontes termais vulcânicas são uma atração popular. Embora existam piscinas de águas termais em diversas zonas do país, a maioria (e certamente as mais conhecidas) estão localizados na região de La Fortuna, em Tabacon.
Há cinco fontes diferentes em Tabacon, com temperaturas que variam entre os 25 e os 50 graus centígrados, e um rio térmico (aquecido pelo vulcão) que flui em dois canais principais por toda a área. Este rio desliza montanha abaixo criando, em alguns lugares, piscinas fluviais e em outros quedas de água.
Há também um rio de água fria que atravessa a propriedade de Tabacon e oferece piscinas frias que contrastam bem com as fontes termais.
No dia que visitei este local, o termómetro marcava 36º centígrados, mas chovia torrencialmente. Estar ali, naquele cenário de selva tropical, dentro da água quente, com a chuva fria a cair e a trovoada a ribombar em cima da minha cabeça, foi uma experiência absolutamente surreal.
A chuva batia nas águas termais e levantava vapor o que acrescentava ainda mais magia à cena… É impossível de descrever a sensação... Parecia um sonho!
Para além da diversão que proporcionam, as águas termais de Tabacon são igualmente conhecidas por trazerem benefícios para a saúde, nomeadamente: melhorar a circulação sanguínea e a oxigenação, reduzir toxinas no corpo, melhorar o metabolismo e o sistema digestivo e estimular, relaxar e melhorar o sistema nervoso central.
O resort de Tabacon inclui também um SPA e um hotel com uma vista fabulosa para o Vulcão Arenal. O SPA oferecia uma variedade de tratamentos, incluindo massagens de corpo inteiro, esfoliações e tratamentos com lama vulcânica.
A Costa Rica é por agora, só uma boa lembrança, mas no verdadeiro espírito de “pura vida”, mantenho o otimismo que me permite acreditar que em breve, o mundo vai ultrapassar esta pandemia e todos vamos poder voltar a descobrir com segurança, lugares mágicos como La Fortuna 😊
Cada vez mais a gastronomia assume um papel importante na escolha de um novo lugar para visitar. A culinária tradicional e a alta cozinha são hoje uma excelente atração e parte integral da experiência de viagem.
Comer ganhou uma dimensão tanto de entretenimento quanto de atividade cultural e muitos hotéis aperceberam-se disso tentando proporcionar aos seus hóspedes experiências únicas nesta área.
Ficam aqui 10 sugestões de hotéis em Portugal perfeitos para uma escapadinha gastronómica:
1 - The Yeatman
Foto: Booking.com
O Hotel The Yeatman, em Vila Nova de Gaia, tem um restaurante premiado com 2 Estrelas Michelin que serve sabores tradicionais portugueses confecionados com produtos locais frescos apresentados num estilo contemporâneo e acompanhados por vinhos requintados. As vistas para o Rio Douro e para o Centro Histórico do Porto garantem um cenário espetacular a uma experiência gastronómica única e inesquecível.
Um programa de provas de menus permite que os hóspedes descubram a riqueza e perfeição das ligações entre vinho e gastronomia e as contrastantes diferenças dos sabores, como se participassem numa viagem pelas diversas e distintas regiões vinícolas de Portugal. A cozinha do The Yeatman está a cargo do chef executivo Ricardo Costa.
2 - Vila Vita Parc Resort & Spa
Foto: Booking.com
No Vila Vita Parc Resort & Spa, localizado em Porches, junto a Armação de Pêra, no Algarve, a restauração é cuidadosamente pensada. Com um total de seis bares e 10 restaurantes, as refeições servidas variam entre as mais descontraídas compostas por pratos tradicionais portugueses até criações gastronómicas únicas servidas no restaurante Ocean, galardoado com duas estrelas Michelin e que tem no comando da cozinha o multi-premiado chef austríaco Hans Neuner.
Neste hotel encontra sabores de todo o mundo e uma impressionante cave de vinhos que garante o acompanhamento perfeito em qualquer refeição.
O resort organiza por vezes, eventos e jantares especiais, onde recebe nomes destacados da gastronomia mundial e oferece um pacote gourmet que inclui, entre outras coisas, um jantar com harmonização de vinhos para 2 pessoas, no restaurante Ocean, um jantar de três pratos para 2 pessoas no restaurante Adega e uma prova de vinhos para 2 pessoas na exclusiva Cave de Vinhos do hotel.
Os foodies mais exigentes não tem como ficar dececionados com uma noite neste hotel.
3 - Fortaleza do Guincho
Foto: Booking.com
O Hotel Fortaleza do Guincho, em Cascais integra o restaurante com o mesmo nome, galardoado com uma estrela Michelin, que se pauta por uma filosofia assumidamente assente nas melhores práticas da alta cozinha. Neste momento a cozinha está a cargo do chef Gil Fernandes e as propostas apresentadas revelam uma enorme inspiração no Atlântico que serve também como cenário de fundo ao restaurante.
O peixe e o marisco frescos da costa portuguesa bem como os melhores produtos nacionais, são uma constante à mesa do Guincho, homenageados e recriados em cada prato e a cada estação do ano.
4 - VILA JOYA
Foto: Booking.com
Localizado em Albufeira, o Hotel Vila Joya, alberga um restaurante 2 estrelas Michelin que é uma referência incontornável na gastronomia gourmet de Portugal. Comandado pelo chef Austríaco Dieter Koschina o restaurante do Vila Joya foi mencionado no San Pellegrino World's 50 Best Restaurants e propõe um menu fixo de marisco mediterrâneo com cozinha francesa de alta qualidade, utilizando ingredientes locais frescos dos mercados do Algarve.
5- THE LUMIARES HOTEL & SPA
Foto: Site oficial do Lumiares Hotel & SPA
O deslumbrante Lumiares Hotel, em Lisboa, despertou interesse desde que foi inaugurado em 2017, em parte pelo seu design e em parte pela qualidade dos seus restaurantes.
The Lumiares tem dois restaurantes e um bar. O Lumi Rooftop Bar & Restaurant, como o nome sugere, fica no topo do hotel e oferece vistas fantásticas da cidade. O pequeno almoço é servido aqui, mas o rooftop também está aberto para bebidas, aperitivos, almoço e jantar, com um delicioso e contemporâneo menu preparado pelo chef João Silva.
No rés-do-chão, o chef Miguel Castro e Silva mantém-se à frente do Mercado Simply Portuguese - sanduíches e saladas frescas, juntamente com pratos portugueses mais tradicionais, servidos com um toque contemporâneo.
6 - L’AND VINEYARDS
Foto: Booking.com
Localizado no concelho alentejano de Montemor-o-Novo, o restaurante L’And Vineyards ganhou no final de 2013, sob a batuta do chef Miguel Laffa, a sua primeira estrela Michelin.
O conceito do restaurante L’AND procura afirmar a nova cultura gastronómica portuguesa, refletindo a história e a cultura e integrando as experiências e ingredientes resultantes dos descobrimentos no Oriente. Com a ajuda de produtores locais, o L’And Vineyards recebe frutas cítricas, legumes, queijos, iogurtes, ervas aromáticas, carne de gado criado em campos locais e azeite tradicionalmente produzido
O hotel oferece uma experiência designada por “Combinações Improváveis” para os mais curiosos que gostam de provocar o palato e procurar ligações improváveis e harmonizações por contraste.
7 -THE CLIFF BAY
Foto: Site oficial do Hotel Cliff Bay
Integrado no Hotel The Cliff Bay, na Madeira, o restaurante Il Gallo d’Oro é uma referência na cozinha de autor e tem à sua frente o chef francês Benoît Sinthon. Premiado com 2 estrelas Michelin, apresenta uma requintada cozinha aromática de inspiração mediterrânica e ibérica.
8 - CASA DA CALÇADA RELAIS & CHATEAUX
Foto: Booking.com
O restaurante Largo do Paço é o restaurante do Hotel de Charme Casa da Calçada. Localizado em Amarante, ostenta uma estrela Michelin e é liderado por Tiago Bonito, o chef executivo responsável pela carta de autor, arrojada e criativa que cria uma experiência gastronómica de excelência onde a tradição e a transgressão misturam-se em doses iguais.
9 - POUSADA MOSTEIRO DE AMARES
Foto: Booking.com
A Pousada Mosteiro de Amares está localizado em Amares, entre a cidade de Braga e a Serra do Gerês. A Pousada resulta da restauração de um Mosteiro Cisterciense do séc. XII, num trabalho notável do Arquiteto Eduardo Souto de Moura.
O espaço do restaurante da Pousada de Santa Maria do Bouro é único: situado na antiga cozinha do Mosteiro, com a chaminé original reconstruida e dois fornos impressionantes.
Nas entradas, além do caldo verde à minhota e da canja com hortelã, encontra um carpaccio de polvo à lagareiro e uma alheira de caça sobre legumes da horta e maçã, que valem cada garfada. Nos petiscos, os rojõezinhos e as papas de sarrabulho dão um toque mais regional. O pastelão de bacalhau com cebola e salsa é outro prato local a experimentar.
Na mesa secular de granito pode também provar as incríveis sobremesas: o pudim abade de priscos, o quindão, a sopa dourada, o papo d'anjo e a mousse de chocolate. A torta de laranja de Amares, típica da região, é muito fresca e pouco doce, ideal para terminar a refeição.
Neste antigo mosteiro, há muitas coisas capazes de o levar ao céu, e as refeições neste espaço incrível são uma delas.
10- ALTIS BELÉM HOTEL & SPA
Foto: Booking.com
Em Lisboa, nas margens do rio Tejo, os hóspedes do Altis Belém Hotel podem jantar no Restaurante Feitoria, especializado em cozinha de autor.
Dirigido pelo chef João Rodrigues, o Restaurante Feitoria é galardoado com 1 estrela Micheline tem uma carta inspirada nas descobertas culinárias dos exploradores portugueses. A oferta gastronómica deste hotel inclui também sushi e ostras super frescas na Cafetaria Mensagem.
Artigo Patrocinado pelo Booking.com e originalmente publicado no SAPO Viagens
A doçaria tradicional Alentejana é riquíssima, com receitas super saborosas (e muito calóricas). As queijadas de Évora são um bom exemplo disso, com a sua massa crocante e um recheio envolvente à base de gema de ovo e queijo fresco de ovelha, são uma verdadeira perdição.
Partilho aqui a receita para quem quiser experimentar fazer em casa.
INGREDIENTES (± 20 queijadas)
Para a massa 1 pitada de sal ± 120 ml de água tépida 350 g de farinha de trigo 60 g de manteiga
Para o recheio 1 colher (sopa) de farinha de trigo 14 gemas 6 queijos frescos pequenos de ovelha 500 g de açúcar + q.b. p/ a cobertura 60 g de manteiga
PREPARAÇÃO Junte a farinha com a água e o sal, amassando bem até obter uma massa uniforme. Acrescente a manteiga, misturando até que esteja incorporada, mas sem amassar.
Estenda a massa, sobre uma superfície lisa e enfarinhada, até que fique bem fina, e corte-a em rodelas. Unte forminhas caneladas, forre-as com a massa, apare os rebordos e pique o fundo com um garfo. Reserve.
Para o recheio, comece por desfazer o queijo com a varinha mágica ou com um garfo. Junte as gemas, o açúcar, a manteiga e a farinha, batendo bem até obter uma mistura homogénea. Encha as forminhas com o recheio, coloque-as num tabuleiro e leve a cozer, em forno pré-aquecido a 180º C, cerca de 30-35 minutos, até que fiquem douradinhas.
Retire as queijadas do forno, deixe amornar um pouco e vire-as sobre uma superfície lisa polvilhada com açúcar.
Subo a colina de olhos postos no Castelo de Evoramonte. Que visão! Não sei se o meu coração bate mais forte por conta da subida ou se é porque sou uma romântica incurável e lugares assim fazem-me sonhar com lendas de amor e histórias de príncipes e princesas.
Fotos: Travellight e H. Borges
Evoramonte (ou Évora Monte) pode ser uma vila pequena em tamanho, mas é grande em História.
Tem mais de sete séculos, esta terra cujo caráter se forjou a ferro, sangue e fogo. Reconstruiu-se sempre, depois de cada queda, e hoje mantém-se forte e soberana, olhando-nos com orgulho do topo do seu castelo na Serra de Ossa.
Acerca da sua fundação pouco se sabe. Provavelmente terá sido conquistada aos Mouros em 1166, por D. Afonso Henriques, mas não existem fontes seguras que o possam confirmar. A tradição popular no entanto, tem mais respostas e diz-nos que no decorrer da Reconquista de Portugal, esta zona do Alentejo mostrava ser uma das mais difíceis para as tropas de D. Afonso Henriques quando surgiu uma personagem que depressa ganharia a dimensão de uma lenda — Geraldo Geraldes, mais conhecido por Geraldo Sem Pavor.
Conta-se que Geraldo Sem Pavor, liderava naquele tempo, um temível grupo de aventureiros, salteadores e proscritos, quando decidiu oferecer auxílio ao Rei na retoma das terras alentejanas perdidas para os sarracenos. A sua coragem e audácia, sem limites, transformaram-no numa figura mítica, que vive até hoje no imaginário do povo, não só em Evoramonte, mas também em Évora e por todo o Alentejo.
… Mas nem só de batalhas e homens valentes são feitas as lendas de Evoramonte. Há também aquelas que falam de amor, de dor e de perda. É o caso da "Lenda da Moura", uma história triste que conta a (má) sorte de dois apaixonados que viram os seus planos de casamento interrompidos pelo primeiro cerco ao castelo.
O noivo, um nobre mouro, acabou morto em combate e a jovem donzela, sua noiva foi encarcerada e morreu de desgosto. Desde essa data, diz o povo, que o fantasma da moura aparece nas noites de São João, a cantar uma triste canção de amor e a pentear os seus longos cabelos na borda de um poço, a que chamam de “poço do clérigo”.
Lendas à parte, a primeira menção oficial a Evoramonte surge no ano de 1248, quando D. Afonso III lhe concedeu a Carta de Foral, posteriormente corroborada e ampliada em 1271, com o intuito de povoar a vila. A dificuldade de fixar uma população, no entanto, manteve-se, o que levou D. Dinis a ordenar, em 1306, a fortificação da vila medieval para que os habitantes de Evoramonte se sentissem mais protegidos. Embora a muralha tenha sofrido algumas alterações ao longo dos séculos, mantêm ainda as quatro portas em arco de ogiva da época da fundação e muito do seu projeto original.
Em 1385, D. Nuno Álvares Pereira recebeu a vila por doação e cedeu-a, em 1461, ao seu neto D. Fernando, tornando-a propriedade do Ducado de Bragança. A atestá-lo estão os laços (ou nós) que abraçam o seu monumento principal e que simbolizam o lema bragantino, “Depois de Vós, Nós”.
O Castelo ou Paço Ducal de Evoramonte foi construído sob a orientação dos mestres Diogo e Francisco de Arruda e o patronato D. Jaime, Duque de Bragança. De inspiração italiana, é considerado uma das gemas da arquitetura militar portuguesa. O estilo limpo e pouco adornado remete-nos para a sua função principal, a defesa da vila, mas é impossível não ficar maravilhado com os extraordinários nós, desenhados em pedra, que se entrelaçam a meio das quatro faces do Castelo. Por dentro, o Paço, que podemos visitar, tem bonitos tetos abobadados, assentes em pilares de cantaria.
Dignas de atenção são também a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e a Igreja da Misericórdia.
A Igreja Matriz de Santa Maria, também referida como Igreja de Nossa Senhora da Conceição, localiza-se no interior da muralha, próximo da Porta do Freixo. A primeira referência conhecida a esta igreja é de 1271 e sabe-se que o templo já existia em 1359. Já a Igreja da Misericórdia está “encaixada” ao lado da muralha. Data do século XVI e é bastante simples, mas no seu interior podemos encontrar painéis de azulejo muito interessantes.
Nos arredores das muralhas encontramos ainda a Igreja de São Pedro de Fora, que fica do lado de fora da muralha (daí o “de fora”) e várias ermidas como a Ermida de São Sebastião e Ermida de Santa Margarida. Um pouco mais longe ficam as ermidas de Santo Estevão, de São Marcos e a Capela Santa Rita de Cássia.
O centro da vila é pequeno mas muito bonito. É muito agradável percorrer todas as sua ruas e recantos. Ver com atenção as casas típicas alentejanas, com os seus coloridos rodapés. Observar os pormenores, as portas, os ornamentos, o artesanato, os vasos de flor…
Durante o passeio, não passa despercebida uma placa que comemora um dos capítulos mais importantes da História de Evoramonte e de Portugal — a assinatura da Convenção que, em 26 de Maio de 1834, restabeleceu a Paz em Portugal, após vários anos de guerra civil entre liberais e absolutistas.
A Convenção de Evoramonte, que confirmou a vitória dos liberais, seguidores de D. Pedro IV, sobre os absolutistas, seguidores de D. Miguel e resultou no exílio de D. Miguel para Áustria, foi assinada na casa de Joaquim António Saramago (na altura Administrador do Conselho). A sangrenta guerra entre irmãos terminou, assim, numa modesta casa, que ainda hoje podemos encontrar, na antiga Rua Direita de Evoramonte (hoje Rua da Convenção).
Olhando de longe, dir-se-ia que a vila parou no tempo, mas Evoramonte ainda tem muito para oferecer aos seus visitantes e uma paragem por aqui, nunca desilude. Fica a sugestão!
A Lapardana é um prato muito antigo das gentes da beira-rio do Ribatejo. É uma receita deliciosa, mas que vem de tempos duros e difíceis quando a fome, muitas vezes, rondava as mesas. Era feita, tanto por camponeses que trabalhavam na lezíria, como por avieiros e outros que pescavam no rio Tejo.
A Lapardana dos avieiros era feita com peixe do rio, enguias, sável, taínha… Esta, que era confecionada com uma posta de bacalhau é, no entanto, a mais usada e hoje, aparece esporadicamente nas ementas de alguns restaurantes típicos de Salvaterra e Santarém e em eventos e festivais de cozinha ribatejana.
INGREDIENTES (por pessoa) 1 batata média 150 g de pão duro de trigo 1 folha verde de couve 0,5 dl de azeite 3 dentes de alho 1 posta de bacalhau demolhado Sal e Pimenta a gosto
PREPARAÇÃO
Coza em água e sal as batatas cortadas em rodelas e a couve cortada em pedaços.
Quando a batata estiver cozida, escorra e reserve a água de cozedura. A couve está, nesta altura, ainda mal cozida mas é assim mesmo. Demolhe bem o pão na água que reservou. Pode juntar um pouco de broa de milho, se tiver, mas não é essencial. Ponha este pão num tacho e leve ao lume com um terço do azeite, um terço dos dentes de alho, esmagados, e um pouco de pimenta, junte a couve e as batatas e deixe ferver até obter uma açorda (migas) mole.
Enquanto a açorda apura, asse o bacalhau sobre o lume (ou no grill), desfie em lascas grandes, ponha sobre a açorda e termine regando-o com azeite bem quente e os alhos restantes.
Da estrada não consegues perceber o paraíso que se esconde por trás dos muros, mas assim que as portas se abrem… Surpresa! És transportada para as cores e ambientes do Sudoeste Asiático.
A (boa) oferta hoteleira em Portugal realmente não para de me surpreender. Conforto, tranquilidade e originalidade, eis o que encontrei no Salvaterra Country House & SPA.
Fotos: Travellight e H.Borges
Podia ser no Vietname, na Tailândia ou na Indonésia, mas não é não senhor. É aqui mesmo, no Ribatejo, bem perto de Lisboa.
Logo à entrada um funcionário simpático e prestativo faz uma visita guiada pelo espaço. Ficas logo a saber aquilo que te espera: Um verdadeiro oásis tropical! Com direito a lago de peixes dourados, flores de lótus, pavilhão em estilo balinês, lareira exterior, jacuzzi, banho turco e piscina.
O jardim está muito bem cuidado e tem vários recantos privados e lugares que convidam à meditação.
A propriedade também tem uma cozinha grande, comum, que pode ser usada pelos hóspedes que preferem cozinhar e um (bem) abastecido “honest bar” (aquele tipo de bar em que te serves e apontas o que consumiste para pagar mais tarde).
São apenas quatro as suites disponíveis por isso os hospedes também são poucos e isso ajuda à sensação de completa paz.
A suite que me foi atribuída parecia uma extensão do espaço exterior. Luminosa, com grandes janelas viradas para o jardim, cama confortável, uma enorme banheira de imersão, lareira, chuveiro tropical, amenities de qualidade e pequenos detalhes como chapéus de sol, um cesto para levar as toalhas para a piscina e roupões.
Na frente das suites existe um pequeno pátio privado bem agradável, com uma mesa e quatro cadeiras, onde podemos fazer as refeições. É aqui que de manhã, na hora solicitada pelos hóspedes, é deixado um cesto com um delicioso pequeno almoço. Vem com fruta fresca, cereais, iogurte, queijo, fiambre, sumo de fruta natural, doces, pão e croissants. Para completar, no quarto tens ainda uma máquina de café e um pequeno frigorífico abastecido com pacotinhos de leite. Tudo o que precisas para começar bem o dia!
O Salvaterra Country House fica muito perto da Aldeia de Escaroupim (onde podemos fazer um maravilhoso passeio pelo rio Tejo) e a partir daqui também é fácil visitar a Falcoaria Real.
Já sabem, se procuram um lugar especial e romantico para “escapar” durante um fim de semana, experimentem este retiro tropical às portas de Lisboa. Eu gostei muito! 😀
Sigam a minha conta de Instagram e vejam as stories no destaque "Salvaterra" para descobrir mais sobre este hotel e outros recantos maravilhosos do Ribatejo.
Bem perto de Lisboa existe um lugar especial onde o Rio Tejo, a estrela grande da nossa capital, assume uma dimensão menos conhecida, mais maravilhosa, e talvez até… mágica!
Fotos: Travellight e H.Borges
Embarco rio a dentro em Escaroupim. Na lembrança levo um livro — “Avieiros”. Li-o há já muitos anos e os detalhes da história escapam-me, mas a visão das embarcações típicas, do cais em madeira e das casas palafitas, reaviva-me a memória e transporta-me docemente até ao universo de Alves Redol e aos seus “ciganos do rio”.
A história de Escaroupim é interessante. Começou em meados do século XIX quando, por barco e por terra (em carroças) grupos de pescadores avieiros partiram da Costa Brava — mais concretamente da zona de Vieira de Leiria — com destino sazonal às margens do Tejo. Tentavam encontrar neste rio a pesca a que estavam condicionados na sua terra de origem, pelas intempéries dos invernos rigorosos e pelo mar perigoso.
Aos poucos acabaram por se fixar nestes locais e não regressaram mais. Num processo de integração também deixaram de viver nos barcos e construiram nas margens do rio casas de caraterísticas palafíticas, formando pequenas aldeias como Escaroupim, com uma identidade tão especial quanto as características da sua forma de vida.
Eu observo de perto estas construções de arquitetura avieira e aproveito para as fotografar. As casas que encontramos aqui são parte integrante do Núcleo Museológico de Escaroupim e retratam as habitações originais dos pescadores, na sua forma e cores. Foram construídas em madeira e são assentes em pilares para evitar as inundações do Tejo em caso de subida do nível das águas. Tal como as suas reproduções, as casas originais também tinham uma escada de acesso e a maioria era de pequena dimensão. Eram compostas habitualmente por uma cozinha, um ou dois quartos e uma sala comum. Por cima tinham outro espaço utilizado para guardar o material de pesca.
Vistas as casas, dirijo-me para o Cais. Fico maravilhada com tanta beleza… parece uma pintura a óleo. O reflexo do céu nas águas calmas, os barquinhos tradicionais, os pássaros a sobrevoar, a brincar e a alimentarem-se ali em volta… é lindo!
Se é tão bonito de manhã, imagino como será ao pôr do sol. Não tenho dúvidas que uma pessoa pode apaixonar-se aqui 😍
Chega então a hora do embarque. Fui num dos tours da empresa Rio-A-Dentro e recomendo. Um guia com experiência, bem disposto, todas as regras de higiene cumpridas, binóculos à disposição de cada um dos grupos (dentro do barco éramos 3 grupos e oito pessoas no total) e o melhor de tudo: O Tejo!
Navegamos pela antiga estrada fluvial que em tempos remotos ligava Salvaterra de Magos a Lisboa, mas começamos por visitar canais de águas calmas que abrigam uma grande variedade de plantas e animais. Rapidamente avistamos uma águia pesqueira, depois uma garça branca e uma garça real. Fataças saúdam-nos com os seus saltos acrobáticos. Parecem ter curiosidade de saber quem atravessa o rio. Salgueiros, choupos, freixos e outros arbustos, ao longo das margens, começam a mostrar as suas cores de outono. A paisagem é bucólica e romântica... faz sonhar.
Passamos por ilhas (mouchões), bancos de areia e pequenas praias esquecidas. Vemos Ibis-negras a pousar e cavalos lusitanos a pastar livremente.
Vemos também Valada do Ribatejo, uma aldeia de casinhas brancas, com a sua igreja e a pequena marina.
Pelo caminho, encontramos sempre muitas aves. Os coloridos guarda-rios, espécie residente desta área e os abelharucos, espécie estival, não conseguimos avistar. Dizem-nos ainda que há lontras, mas que são tímidas, por isso também não as conseguimos ver (apesar de eu ter ficado com a impressão de ver uma a entrar na água…). Mas não importa, só a paisagem é de tirar a respiração!
É outra faceta do Rio Tejo, uma que não conhecia e que me fascinou.
Faltou-me provar as especialidades locais no restaurante panorâmico "O Escauroupim” (que já não tinha mesas disponíveis) e visitar o Museu Escaroupim e o Rio, que pretende ser um contributo à memória das várias comunidades ribeirinhas do Tejo e um lugar de encontro e preservação de tradições e memórias. Estava encerrado por ser segunda-feira. Terá de ficar para a próxima…
...e tenho a certeza que haverá uma próxima! 😉
“A vida é um pássaro. Um pássaro de muitas penas que se mudam ou que ficam para sempre. A vida é um pássaro que voa muito alto ou raso de mais, dizia Mestre Feliciano da Barca.
A gente traz o pássaro dentro de si, mas deixa-o fugir muitas vezes. Muitos deixam-no fugir à nascença. Esses ficam como pedras. Piores do que as pedras. São poucos os que voam com o pássaro”. Alves Redol, “Avieiros”
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