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The Travellight World

Inspiração, informação e Dicas de Viagem

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Qui | 14.03.19

Museu da Marioneta | Uma viagem diferente

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  Fotos: H.Borges

 

Sempre tive curiosidade de visitar o Museu da Marioneta, mas só recentemente tive oportunidade de ir conhecer este local e fiquei apaixonada!

 

O Museu da Marioneta é o primeiro museu nacional inteiramente dedicado ao universo da marioneta, à sua história e interpretação e à divulgação deste tipo de teatro.

 

Percorrer as suas colecções é como fazer uma viagem pelo mundo. Começa na Ásia e, depois de uma passagem pela tradição europeia, passa pela África, pelo Brasil, pelo México e acaba em Portugal. É também uma viagem no tempo, apresentando as tradições mais antigas do teatro de máscaras e marionetas, bem como marionetas de criação contemporânea.


Logo na entrada do Museu descobrimos que foi provavelmente na Ásia que apareceram as primeiras marionetas. A Índia e a China terão sido o seu berço, mas rapidamente se expandiram por todo o continente asiático e em cada local onde se implantaram, adquiriram características próprias.

 

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Achei particularmente engraçadas as marionetas originárias de Myanmar que revelavam um fantástico sentido de humor 😁

 

Já a marioneta em África exprime os usos e costumes das tribos, está ligada ao culto dos antepassados e profundamente marcada pelo espírito religioso. Existem referências bem antigas à sua longa existência neste continente. No século XIV, por exemplo, um viajante árabe refere ter visto esta forma de arte no Mali e no século XVII existem referencias da sua existência no Congo.

 

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A tradição oral era de grande importância nestes espetáculos e ainda hoje os marionetistas africanos “mergulham” nos mitos, contos e lendas que sobrevivem no imaginário popular.

 

Um  mito originário do sul da Nigéria, revela que o teatro de marionetas nasceu no mundo dos mortos e que foi trazido para a Terra quando um homem (vivo) desceu até ao mundo subterrâneo e assistiu a um espetáculo. Quando regressou ao mundo dos vivos, ensinou aos outros essa arte e, por tê-lo feito, morreu.


Em Angola contam outra lenda: morre uma mulher; quando vai ser enterrada, o cadáver ganha vida e começa a falar. A ressuscitada regressa à aldeia, vai a casa do escultor e apodera-se de uma estatueta que impregna de substâncias mágicas. Assim preparada, a figura ganha vida e começa a produzir imagens que revelam coisas escondidas, transformando-se desta forma numa vidente.

 

Na Guiné, a marioneta começa com o aparecimento de um misterioso objeto falante encontrado na água. Uma “fazedora de potes” leva-o consigo para a aldeia para a mostrar às mulheres idosas. A aldeia reúne-se, mas o objeto deixa de falar. Mandam-se sair os homens e aí o objeto volta a falar e diz que lhe falta o marido, que ficou na água 😄

 

A marioneta tradicional está presente em todos os momentos importantes da vida social: ritos de iniciação e fertilidade, culto dos antepassados, ritos funerários, celebrações dos ciclos agrários, comemoração das chegada das chuvas. Chegam até a ser utilizadas como auxiliares de justiça. Noutros casos, a marioneta acompanha o curandeiro e participa no diagnóstico. Manipulada por um adivinho, ela prediz o futuro e aconselha o consultante sobre a estratégia a seguir. A sua ação pode ser igualmente maléfica, quando se encontra nas mãos de um feiticeiro.

 

Instrumento pedagógico por excelência, as marionetas são mostradas aos adolescentes por anciãos, como meio de transmissão da sabedoria ancestral. Desempenham igualmente um papel na sexualidade e na fertilidade

 

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Também na Europa a marioneta assume vários papeis e desempenha funções muito diversificadas.
Durante o século XVII, principalmente, este tipo de teatro expande-se e tornar-se num espetáculo de grande aceitação popular.

 

As personagens da Commedia dell’Arte, transformadas em marionetas, obtém enorme sucesso e aos poucos conquistam toda a Europa. Surge então o Pulcinella em Itália que se transforma em Polichinelo e Guignol em França, Punch e Judy em Inglaterra, Kasperl na Alemanha e Áustria, Don Cristobal em Espanha e D. Roberto em Portugal…

 

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Estas representações de marionetas de luva, essencialmente dedicadas a um público popular, conseguiam, com frequência escapar à dura censura a que eram sujeitos outras formas de entretenimento por recorrerem a diálogos improvisados, dificilmente submetidos a controle prévio.

 

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São os europeus que levam o teatro de marionetas para o Brasil e restante América latina, onde encontramos a influência da Comedia dell’Arte no personagem de Briguela, em Minas Gerais, João Minhoca em São Paulo, ou João Redondo no Rio Grande.

 

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O teatro de marionetas em Portugal não se resume aos bonequeiros populares. Com eles coexistem os primeiros teatros de marionetas de carácter mais literário e erudito, como o Teatro de Mestre Gil, o teatro da Branca Flor ou as Marionetas de São Lourenço. No século XX surgem os primeiros teatros de marionetas com carácter artístico e literário, como o de Augusto Santa Rita, Lília da Fonseca, Henrique Trindade e Henrique Delgado.

 

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Para além da coleção permanente o Museu da Marioneta tem em exibição exposições temporárias, como a atual “Magia dos Estúdios Aardman” que em parceria com a Monstra – Festival de Animação de Lisboa, apresenta até 21 de Abril de 2019 a primeira exposição em Lisboa dos britânicos Estúdios Aardman, fundados em 1976 por David Sproxton e Peter Lord e responsáveis por filmes como A Ovelha Choné, A Fuga das Galinhas, Wallace e Gromit, entre muitos outros.

 

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A exposição é super interessante e incluí cenários, bonecos e outros elementos de produção de alguns dos mais famosos filmes dos Estúdios Aardman. Quem gosta de animação vai amar ver tudo!

 

Eu adorei o museu e a exposição temporária e recomendo a todos 😃

 

Tchau!
Travellight