Castelo de Bram | O Castelo do Drácula (...ou talvez não)
Foto: H. Borges e Travellight
Li o romance “Drácula” de Bram Stoker no inicio da minha adolescência e recordo vivamente como a história e a sua personagem principal me fascinaram, inspiraram e alimentaram durante algum tempo os meus pesadelos.
Drácula tinha tudo: Um conde misterioso, sangue, terror, amor, morte, suspense, sensualidade e …um castelo envolto em nevoeiro.
Estando na Roménia era impossível não visitar o local que desde 1997 é publicitado como sendo “o castelo”, ainda que conscientemente eu soubesse que isto não passa de uma “mentirinha” para enganar turistas.
…O castelo é construído num elevado rochedo e inexpugnável por três lados. Para o Este, fica um grande vale, que dá para as montanhas.
― capítulo 3, "Drácula", Bram Stoker
É assim que é descrita no livro a localização do castelo de Drácula e é a partir daqui que surge a conexão com o Castelo de Bran. Este é o castelo que na Transilvânia melhor encaixa na descrição do escritor.
Há também a (ligeira) ligação ao Principe Vlad Tepes, conhecido como Dracul e "Vlad, o Empalador" que serviu de inspiração a Stoker para a personagem do Conde. Diz-se que o Príncipe terá visitado e até residido por um breve período no Castelo de Bran. Tenho sérias dúvidas que isto seja verdade…
Mas mesmo questionando a lenda, não tive problemas em apreciar o Castelo por aquilo que ele realmente é: uma magnífica e imponente fortaleza medieval.
O castelo, que beneficiava de uma localização estratégica, na pequena cidade de Bran, perto de Brasov, na fronteira da Transilvânia com a Valáquia, foi mencionado pela primeira vez no século XIV, mas é provável que já existisse no local uma construção mais antiga.
Construído entre 1377 e 1382 a fortaleza permaneceu na posse da cidade de Brasov por vários séculos, mas o seu papel militar foi perdendo relevância e em 1920, era apenas um edifício administrativo. Já parcialmente arruinada, a fortaleza foi oferecida como presente à Rainha Maria, em sinal de apreço pelos seus esforços para unificar a Roménia. A rainha que era apaixonada por arquitectura e decoração, trabalhou com Karel Liman, o arquitecto-chefe do Castelo de Peles, na restauração que transformou a fortaleza numa verdadeira residência real.
A rainha decorou uma ampla área para si, para o Rei, e para os seus filhos mais novos. No pátio interno, ela mandou construir uma casa de chá e várias outras estruturas.
Quando a Rainha morreu em 1938, o castelo foi herdado pela sua filha - a Princesa Ileana - que durante a Segunda Guerra Mundial instalou ali um hospital. Em 1947 os comunistas forçaram a Princesa a deixar o país e o espaço foi transformado num museu.
Depois da queda do regime comunista o castelo foi recuperado pelos descendentes da família Real e converteu-se em pouco tempo numa das atracções principais da Roménia.
Não é difícil perceber porquê: a associação ao mito de Drácula, a decoração, as antigas armas e armaduras e até uma escadaria secreta, por trás de uma lareira, que liga o primeiro ao terceiro andar, fazem deste castelo o cenário perfeito para um romance de vampiros 😈
I want you to believe...to believe in things that you cannot.
― Bram Stoker, Dracula
Tchau!
Travellight