MANHÃ DE INVERNO EM MUNIQUE
Era Domingo de manhã e a cidade de Munique estava vazia, sem carros, sem pessoas. Fazia um frio de rachar mas a neve finalmente tinha parado de cair após uma noite inteira sem dar tréguas.
Agora os raios de sol rompiam as nuvens e faziam brilhar os flocos de neve transformando a cidade numa verdadeira Winter Wonderland. Os lagos estavam gelados, os rios corriam por entre margens brancas e os palácios pareciam ainda mais encantados.
Oiço os sinos a tocar quando passo pela Frauenkirche, atravesso o Viktualienmarket e continuo até chegar a Marienplazt onde me cruzo com alguns turistas.
Tenho a certeza que estavam a pensar o mesmo que eu: que bonito é Munique no Inverno!
A Marienplazt é desde 1158 a principal praça da cidade. O seu nome advém da coluna, dedicada a Maria, a Patrona da Bavária, erguida no seu centro em 1638 para comemorar o fim da ocupação Sueca.
Na Idade Média, mercados e torneios eram realizados nesta praça mas hoje em dia a maior atracção é o Glockenspiel, um incrível relógio que retrata com estatuetas eventos históricos da cidade.
Paro num dos cafés da praça para tomar algo e aquecer um pouco as mãos.
Sentindo-me mais confortável sigo para a Odeonsplatz, e encontro o primeiro portão do Hoftgarten, um dos principais parques do centro da cidade, construído no século XVII. Por ali não há ninguém por isso resolvo continuar até chegar à Bayerische Staatskanzlei, sede do governo regional da Baviera.
Passo pelo Weiße Rose Memorial, que homenageia um grupo de estudantes não violentos da Universidade de Munique, conhecido pelos seus protestos e campanhas contra os nazis. Paro para prestar a minha homenagem.
Não é difícil encontrar vestígios da história do Terceiro Reich em Munique - os seus fantasmas ainda ensombram a cidade. No entanto, os turistas poucas vezes ouvem falar da história da Weiße Rose (Rosa Branca), um grupo de rebeldes estudantis liderados pelos irmãos Hans e Sophie Scholl, que praticaram resistência não-violenta e foram posteriormente presos e executados pelas autoridades nazis.
Continuo a andar e chego até o Englischer Garten, um dos maiores parques urbanos do mundo. Coberto de neve é um deserto branco. Os troncos de árvores e galhos desprovidos de folhas parecem-me veias e artérias de um corpo sem vida. O silêncio só é cortado pela minha respiração e pelos meus passos na neve.
Atravesso uma ponte e observo um rio e uma pequena cascata onde várias espécies de pássaros se encontram. O lugar parece subitamente ganhar vida e quando chego à Torre Chinesa já ali estão várias pessoas.
Vindo não sei de onde surge um cão a correr desgovernado que vem na minha direcção e quase me deita abaixo com a sua animação. Quando dou por mim estou toda lambuzada. Um rapaz Alemão muito atrapalhado vem pedir-me desculpas e puxa o cão para trás. Eu rio, estou feliz, também corro e brinco na neve.
Que bela recordação, que bela manhã de Inverno!
Travelight