Esta foto comovente de Paulo Novais que numa imagem capta toda a dimensão da tragédia que neste momento assola Portugal recordou-me um poema que há tempos li e que não quis deixar de partilhar convosco como uma pequena homenagem a esses grandes heróis da vida real, os bombeiros.
Foto: Paulo Novais/Lusa
POR ENTRE LÍNGUAS DE FOGO
(Lobo Amaral)
Enfrenta o violento crepitar da labareda, Liberta-se do fumo sufocante, Agarra com determinação a agulheta, Esquece-se de si em cada instante.
Revela-se inconsciente e irresponsável, Tem família e dela se esqueceu, Defende um bem que não lhe pertence, Procura a vida e ninguém o entendeu.
O infortúnio chega sempre antes dele, É confrontado com a incompreensão, O egoísmo é rastilho incandescente, E nem por isso ele sente a solidão.
Exausto, cai por terra, O fotógrafo registou o cansaço Mas a sua vontade é de aço.
Ele não quer notoriedade, Ele rejeita protagonismo, Ele quer combater para salvar, Porque sabe dizer ALTRUÍSMO.
O seu rosto ficou negro como carvão, O suor escavou sulcos no seu rosto inteiro, Esconde as lágrimas de alguma desilusão, Porque é HOMEM e também é BOMBEIRO.
O equador é a linha imaginária que separa o hemisfério norte do hemisfério sul e atravessa o centro da Terra a uma latitude de exactamente zero graus. Na África, o equador percorre 4.020 quilómetros e atravessa sete países da África Ocidental, Central e Oriental: Gabão, República do Congo, República Democrática do Congo, Uganda, Quénia, Somália e São Tomé e Príncipe.
No passado, viajantes aventureiros, faziam a sua caminhada por África seguindo essa linha que atravessa alguns dos ambientes mais extremos da Terra - incluindo as selvas remotas do Congo, as montanhas enevoadas do Uganda e as águas profundas do maior lago de África, o Lago Victoria.
Eu adorava um dia seguir os passos desses grandes aventureiros mas África não é propriamente um dos Continentes mais fáceis de explorar 😳
Por isso, e por enquanto, dou-me bem por satisfeita de ter visitado o ilhéu das Rolas em São Tomé e Príncipe e ter visto ao vivo e a cores (e que cores 😊!) um dos mais belos marcadores equatoriais do Mundo.
O Padrão do Equador - erigido em 1936, a partir dos trabalhos geodésicos e astronómicos realizados por Gago Coutinho entre 1916 e 1918 em São Tomé - é um pequeno monumento que assinala a passagem da linha equatorial pelo Ilhéu das Rolas.
Estando no Ilhéu das Rolas é fácil de chegar até aqui, apesar de não haver (que eu visse) qualquer placa ou outra indicação. O trilho, de terra batida, começa perto da aldeia local e vai sempre a subir. Se tiverem dificuldades em encontrar o caminho basta perguntar a qualquer pessoa que esteja perto do cais ou da aldeia e eles gentilmente indicam ou acompanham-nos até lá acima.
Se forem com um dos aldeões o percurso é bem mais divertido porque no caminho de certeza que ele vai falar-te sobre o seu modo de vida e mostrar-te as várias plantas locais e as suas aplicações medicinais.
Passados uns 25 minutos chegas ao Padrão que está a precisar de algum restauro mas continua muito bonito.
No chão está um mosaico que desenha o mapa mundo e mostra a linha que separa os dois hemisférios. No centro um pequeno pedestal homenageia o oficial da Marinha, navegante e historiador Português, Gago Coutinho, responsável pela determinação exacta daquele ponto.
As vistas a partir do Padrão também são maravilhosas, conseguimos ver a ilha de São Tomé à nossa frente e em baixo grande parte do Ilhéu das Rolas.
A posição do equador está directamente relacionada ao eixo rotativo da Terra, que se move ligeiramente ao longo do ano.
Portanto, o equador não é estático - o que significa que a linha desenhada no chão em alguns marcadores equatoriais nem sempre é inteiramente precisa. Isso pode explicar porque alguns turistas, usando a moderna tecnologia do GPS, dependendo da altura do ano em que fazem a visita, “queixam-se” que o local certo é um pouco mais à direita ou um pouco mais à esquerda, ao passo que outros verificam que é exactamente ali. No entanto, este é um detalhe técnico, e estes marcadores ainda são o mais próximo que temos do “meio” da Terra. E depois, é divertido dizer aos amigos que atravessamos o Equador e ficamos com um pé em cada hemisfério 😃.
“Percorrendo de lés a lés a ilha, Gago Coutinho conseguiu fixar em mapa, a que o tempo ainda não roubou valor, a fisionomia da ilha de S. Tomé; a exactidão com que trabalhou e a existência providencial de um ilhéu permitiram-lhe trazer, nesses anos recuados, contribuição valiosa para a ciência, de grande repercussão no estrangeiro ; é quando no ilhéu das Rolas e através de cálculos minuciosos determina a passagem «exacta» do equador. “- Francisco José Vasques Tenreiro